Em outubro de 2023, nesta coluna, eu e uma amiga Katia Magrini que mora em Roma há cerca de 40 anos escrevemos: “Uma Noite Inesquecível (Una Notte da non dimenticare) – Quando a gentileza gerou gentileza e amizade”. Isto ocorreu quando do nascimento de minha terceira neta, parto normal, demorado, mas sem grandes ou sérias intercorrências.
Passados menos de dois anos, estou aqui novamente para relatar o nascimento de meu quarto neto, em Roma novamente, o primeiro menino. Por uma homenagem emocionante de minha filha e genro, ele tem o meu nome “Carmino”. Até aí, estaria tudo dentro do contexto familiar. Entretanto, o nascimento do “Carmino Neto” veio repleto de apreensões extremas tanto com o bebê como com minha filha. Desta vez, eu estava no Brasil acompanhando a dramática evolução em caráter de urgência de um parto prematuro (34 semanas) e com um quadro grave, possivelmente Síndrome Hellp ou complicações infecciosas de uma ruptura do saco amniótico, que exigiu uma cesariana de urgência e com complicações hemorrágicas pós-operatórias.
Não cabe aqui colocar detalhes do que ocorreu, mas o fato é que eu peguei o primeiro voo que pude de São Paulo para Roma e vim acompanhar uma internação prolongada de mais de duas semanas e todas as complicações clínicas e cirúrgicas de minha filha. Apesar da prematuridade, o bebê evolui muito bem sob constante vigilância no berçário. Até eu, não como pai, mas como hematologista, participei de muitas discussões e decisões difíceis tomadas ao logo da permanência hospitalar de minha filha e neto.
Gostaria aqui de registrar meus agradecimentos a dois queridos colegas e amigos, os professores da Unicamp Erick de Paula e Maria Laura Costa. Nos momentos mais críticos e onde eu tive muitas dúvidas, eles me ajudaram e me socorreram com opiniões fundamentais. No final, tudo deu certo, e tivemos uma evolução favorável e, neste momento que estou escrevendo este texto, ainda estou na Itália tentando dar algum suporte a minha família que mora aqui.
Interessante ainda, é que no final e sendo o mundo muito pequeno, encontrei amigos hematologistas que trabalham no Hospital e reencontrei colegas que não via há muitos anos. O Hospital e a equipe médica que trabalhou maravilhosamente e que eu, confesso, não conheço a todos são do Hospital Sant’Eugenio de Roma.
Nós devemos a vida de nossa filha e nosso neto a eles. Não há preço para isto. Me lembrei do Prof. Bussamara Nemi, a quem colaborei por duas vezes em seus “Tratados de Obstetrícia”, que dizia que o parto é “linha tênue entre a vida e morte”. Agora, mais do que nunca, entendo o sentido desta frase. As decisões para o parto seguro e que garanta a saúde da mãe e do filho, no momento correto, são elementos fundamentais da obstetrícia.
O Hospital Sant’Eugenio é um Hospital público, gratuito, que funciona extraordinariamente bem. Todas as intervenções de tratamento e de monitoramento foram sempre ágeis e acessíveis a nós, independentemente de sermos médicos ou não. Importante lembrar que, durante um bom tempo de internação, eles não sabiam que tanto eu como minha filha éramos médicos. Não tivemos qualquer problema durante nossa permanência hospitalar, e mais do que isto, fizemos amigos de quem nos lembraremos para sempre.
Este relato, um mês após o parto, é um agradecimento sincero e eterno ao Hospital e todos os seus colaboradores. É mais uma dívida impagável que temos com a Itália e sua Saúde Pública. Evviva l’Italia.
Un altro debito impagabile con la Sanità Pubblica d’Italia – A cura del Carmino de Souza
Nell’ottobre 2023, in questa rubrica, io e un’amica Katia Magrini che vive a Roma da circa 40 anni abbiamo scritto: “Una Notte da non dimenticare – Quando la gentilezza generava gentilezza e amicizia”. Questo è accaduto quando è nata la mia terza nipotina, un parto normale, lungo, ma senza complicazioni importanti o gravi.
A meno di due anni di distanza, sono di nuovo qui per annunciare la nascita del mio quarto nipote, di nuovo a Roma, il primo maschio. Per un tributo emozionante da parte di mia figlia e mio genero, lui ha il mio nome “Carmino”. Fino ad allora, tutto sarebbe stato all’interno del contesto familiare. Tuttavia, la nascita di “Carmino Neto” è stata piena di estremo apprensione sia per il bambino che per mia figlia. Questa volta mi trovavo ancora in Brasile a seguito della drammatica evoluzione di un parto prematuro (34 settimane) e con una grave condizione, forse la sindrome Hellp oppure complicazioni infettive dovute alla rottura del sacco amniotico, che ha richiesto un taglio cesareo d’urgenza e con complicanze emorragiche postoperatorie.
Non è il caso di mettere qui i dettagli di quello che è successo, ma il fatto è che ho preso il primo volo che potevo da San Paolo a Roma e sono venuto a seguire un ricovero prolungato di più di due settimane e tutte le complicazioni cliniche e chirurgiche di mia figlia. Nonostante la prematurità, il bambino si evolve molto bene sotto costante sorveglianza nella nursery. Anche io, non come padre, ma come ematologo, ho partecipato a discussioni e decisioni difficili prese durante la degenza in ospedale di mia figlia e mio nipote.
Desidero registrare qui i miei ringraziamenti a due cari colleghi e amici, i professori di UNICAMP, Erick de Paula e Maria Laura Costa. Nei momenti più critici e dove avevo molti dubbi, mi hanno aiutato e mi hanno aiutato con opinioni fondamentali. Alla fine tutto ha funzionato, e abbiamo avuto un’evoluzione favorevole e, in questo momento in cui sto scrivendo questo testo, sono ancora in Italia cercando di dare un po’ di sostegno alla mia famiglia che vive qui.
È interessante notare che, alla fine, ed essendo il mondo molto piccolo, ho trovato amici ematologi che lavorano all’ospedale e ho incontrato colleghi che non vedevo da molti anni. L’Ospedale e l’équipe medica che ha funzionato a meraviglia e che io, lo confesso, non conosco affatto sono dell’Ospedale Sant’Eugenio di Roma.
Dobbiamo loro la vita di nostra figlia e di nostro nipote. Non c’è prezzo per questo. Mi sono ricordato del Prof. Bussamara Nemi, con cui ho collaborato due volte nei suoi “Trattati di Ostetricia”, il quale diceva che il parto è “una linea sottile tra la vita e la morte”. Ora, più che mai, capisco il significato di questa frase. Le decisioni per un parto sicuro che garantisca la salute della madre e del bambino, al momento giusto, sono elementi fondamentali dell’ostetricia.
L’Ospedale Sant’Eugenio è un ospedale pubblico, gratuito, che funziona straordinariamente bene. Tutti gli interventi di trattamento e monitoraggio sono sempre stati agili e accessibili per noi, indipendentemente dal fatto che fossimo medici o meno. È importante ricordare che, durante un lungo periodo di ricovero, non sapevano che sia io che mia figlia eravamo medici. Non abbiamo avuto problemi durante la nostra degenza in ospedale e, soprattutto, abbiamo fatto amicizia che ricorderemo per sempre.
Questa relazione, a un mese dal parto, è un sincero ed eterno ringraziamento all’Ospedale e a tutti i suoi dipendenti. È un altro debito impagabile che abbiamo con l’Italia e la sua Sanità Pubblica. Evviva l’Italia.
Carmino Antônio De Souza é professor titular de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular do DCM da FCM Unicamp. Foi secretário de saúde do estado de São Paulo na década de 1990 (1993-1994), da cidade de Campinas entre 2013 e 2020 e Secretário-executivo da secretaria extraordinária de ciência, pesquisa e desenvolvimento em saúde do governo do estado de São Paulo em 2022. Atual presidente do Conselho de Curadores da Fundação Butantan, membro do Conselho Superior e Vice-Presidente da FAPESP. Pesquisador Responsável pelo CEPID – CancerThera desde 2023.











