Os sonhos não envelhecem. E é isso que me move: o sonho teimoso de construir um mundo melhor, mas não um sonho ingênuo, é um sonho acordado, inquieto, que exige ação concreta e urgente.
A realização da COP-30 em Belém, no coração da Amazônia, é mais do que um evento global: é um marco histórico e uma oportunidade singular de mostrar ao mundo o nosso Brasil.
Nosso País possui uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta, vastos recursos naturais preservados e um setor produtivo que tem dado exemplos concretos de compromisso ambiental e social.
Em diferentes regiões do País, vemos iniciativas inspiradoras que aliam produtividade à preservação ambiental, com uso de energia limpa, proteção da biodiversidade, rastreabilidade e apoio a pequenos produtores. Essas boas práticas muitas vezes nascem de gente que coloca a mão na terra, que conhece o valor de uma árvore, de uma nascente preservada, de um solo vivo. São pessoas que provam, todos os dias, que é possível produzir com responsabilidade, respeitando os ciclos da natureza e cuidando das comunidades ao redor.
Um bom exemplo que estamos praticando é o compromisso firmado da Daterra Coffee, que pretende plantar 3 milhões de árvores no Brasil até 2030, como contribuição à meta global de reflorestamento. Segundo o Fórum Econômico Mundial é preciso plantar 1 trilhão de árvores na próxima década para combater as mudanças climáticas, mas precisamos ir além.
A COP-30 também deve ser espaço para ampliarmos o debate sobre a educação de qualidade como pilar da sustentabilidade. Não há transformação ambiental duradoura sem consciência coletiva, e ela começa com acesso ao conhecimento. Formar cidadãos capazes de entender os desafios climáticos, propor soluções e atuar localmente é parte essencial de qualquer agenda ambiental. Investir em educação ambiental, desde a infância até a formação técnica e universitária, é garantir que as futuras gerações tenham, não apenas ferramentas, mas também consciência para proteger o planeta.
Levar para a COP-30 a pauta da moradia digna e acessível, como parte integrante da sustentabilidade é essencial. Sustentabilidade não se faz apenas com florestas preservadas, mas também com cidades bem planejadas, habitação de qualidade e financiamento verde que fomente empreendimentos com responsabilidade ambiental e social, desde a escolha do terreno até o uso final do imóvel.
Espero responsabilidade dos líderes. Não há mais espaço para indecisões. Os desastres ambientais estão se intensificando. Mesmo que parte disso seja cíclica, sabemos que as emissões de gases de efeito estufa têm papel direto no aquecimento do planeta. A COP-30 precisa ser um divisor de águas. É tempo de decisões concretas, de agir com coragem e visão de futuro.
Vemos cidades com climas cada vez mais extremos, rios que secam por intervenções mal planejadas, impactos que poderiam ser evitados com gestão correta. Não se trata de evitar a intervenção humana, mas de realizá-la com competência, técnica e respeito aos ciclos naturais.
Que a COP-30 fique marcada como o momento em que deixamos de lado a retórica e assumimos, juntos, o compromisso de um planeta mais justo, equilibrado e habitável. Que os exemplos brasileiros inspirem o mundo. Que o sonho coletivo, inquieto e determinado, nos leve a agir antes que seja tarde.
E se em algum momento o desânimo bater, que a música de Lo Borges nos lembre: “E lá se vai mais um dia”. Porque a caminhada é longa, mas nunca solitária. E vale a pena, pois precisamos pensar em como vamos deixar o mundo para os nossos filhos, netos e os netos dos nossos netos.
Luis Norberto Pascoal é empresário e presidente da Fundação Educar











