A Câmara Municipal de Campinas aprovou, na sessão ordinária desta quarta-feira (19), a abertura de uma Comissão Processante (CP) para investigar as condutas do vereador Otto Alejandro (PL) por possível quebra de decoro parlamentar. Ele é acusado de agredir a ex-namorada e está envolvido em outros episódios polêmicos
A decisão ocorreu horas depois da divulgação de um novo vídeo em que o vereador aparece discutindo e dirigindo agressões verbais a uma mulher na recepção de um prédio. As imagens mostram o vereador proferindo agressões.
Diante da repercussão, vereadores do próprio partido de Otto, o PL, partidos aliados à sigla e ao governo municipal, além de uma ofensiva de vereadores de oposição, foram em unanimidade favoráveis à abertura de investigação contra Otto Alejandro.
O parlamentar não esteve na sessão. Otto, Carmo Luiz e Marcelo Silva foram os vereadores ausentes na sessão. Os demais 29 foram favoráveis à investigação.
A comissão que irá conduzir a CP sofreu mudanças ao final do sorteio dos nomes. Guilherme Teixeira (PL), antes escolhido presidente, passou o posto para Fernanda Souto (PSOL). O relator será Eduardo Magoga (Podemos) . A comissão tem até 90 dias para concluir os trabalhos, podendo resultar em absolvição ou cassação do mandato.
O Hora Campinas tentou contato com a assessoria de Otto Alejandro, mas não obteve retorno até a conclusão da matéria.

Declarações dos vereadores
A vereadora Guida Calixto (PT) afirmou que o conjunto de novos vídeos e relatos reforçou a necessidade de apuração:
“Depois de segunda-feira começou a vir à tona várias denúncias, vários vídeos, vários fatos com comprovação robustas (…). Violência contra a mulher é prática penal. Nós não podemos naturalizar violência contra a mulher.”
O vereador Bene Lima (PRD) declarou apoio à abertura da CP: “Eu voto favorável pra abrir a CP, sim. Eu não passo pano pra ninguém.”
O vereador Gustavo Petta (PCdoB) disse que os episódios envolvendo o parlamentar são conhecidos e vêm sendo relatados em diferentes espaços:
“A cidade conhece esses episódios. O país conhece esses episódios. Eles estão nos boletins de ocorrência, nas redes sociais, nas conversas do dia a dia e na imprensa.”
A vereadora Débora Palermo (PL), colega de partido de Otto, informou que a legenda não pretende manter o vereador em seus quadros:
“O PL não quer mais nos seus quadros o vereador Otto Alejandro. A Casa não se furtará se os fatos forem confirmados.”
O caso
O pedido de Comissão Processante foi protocolado na última sexta-feira (14) por Adriano Vieira Novo. Ele relata que o vereador foi denunciado pela namorada em 10 de novembro pelos crimes de violência doméstica, ameaça, injúria e dano, conforme boletim registrado na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Campinas.
De acordo com o registro policial, o episódio teria ocorrido em 7 de novembro, em um apartamento na Rua José de Alencar, no Centro.
A vítima afirma manter relacionamento com o parlamentar há cerca de um ano e meio e relatou agressões e ameaças, supostamente motivadas pelo consumo de álcool. Ela também denunciou danos ao imóvel e afirmou que o vereador levou a televisão da residência.
O autor do pedido ainda menciona um segundo episódio, de 13 de julho, no qual o vereador teria danificado o vidro traseiro de um ônibus de viagem. Adriano Vieira Novo é identificado nas redes sociais como agente de viagens e teria disputado cargo de vereador em Indaiatuba.
Otto Alejandro nega todas as acusações e afirma ser alvo de “perseguição política”.
Com a análise jurídica concluída, a votação desta segunda-feira definirá se a denúncia seguirá para apuração formal por meio de Comissão Processante ou se será arquivada.











