Ainda as alterações no trânsito do pedaço, ao redor do Balão da Norte-Sul (Bela Vista). Agora cedo, carro ligado, acionei o portão, comecei a sair, pronto para fazer a curva à esquerda na Nossa Senhora de Fátima, descer para o retorno pela Leonardo da Vinci e dou de cara com um agente da Emdec. Verdes refletivos brilhando, mão para o alto, a uns dois metros da guia, sinal indiscutível de “pó pará que tá impedido” (vi depois que tinha um rebuliço logo abaixo e um caminhão de sinalização dando ré para entrar no frango frito da esquina).
O cara olhou pra cima, olhou pra baixo, baixou a mão e saiu de lado para que eu pudesse terminar a curva, já na pista recém-sinalizada. Por um instante tive um momento Bortoletto saindo do box da Sauber para o Q1 do I GP do Taquaral! Pena que a pista na esquina estava embolada por uns cones, uma autêntica bandeira amarela numa manhã de sábado!
A feira da Leonardo da Vinci, ao contrário do que andaram pensando nos últimos dias alguns fiscais informais já em desespero, permanece no mesmo lugar, das bancas de bugigangas ao pastel e ao suco de laranja. Claro que tem gente de cabelo em pé, porque nunca viu tanto movimento em frente de casa.
Há os que devem ter descoberto um novo passatempo, a observação do trânsito, direto da varanda das casas mais antigas.
Tem comerciante vendo seu ponto valorizar com mais passantes, leia-se mais consumidores por metro quadrado. Há os que estudam mudar urgentemente a orientação da placa principal do seu negócio, já que não tem mais gente pra ver do lado que antes era privilegiado. A coisa mais maluca é o motorista que para, olha, olha de novo, e tenta entender o que aconteceu, apesar dos cavaletes e picolés e agentes.
Todo mundo sabe que até ratinho de laboratório chega uma hora que para de enfiar a cara na parede do labirinto e acha o caminho da recompensa. Isso lembra dois personagens dos desenhos animados Animaniacs, Pink e o Cérebro, ratinhos de laboratório geneticamente modificados.
O último passava o tempo imaginando planos infalíveis para dominar o mundo. O outro, bem, só passava o tempo e não é difícil imaginar um diálogo entre os dois.
Arnaldo Bocatto, jornalista, está aposentado e mora em Campinas











