A eleição realizada neste domingo (30), conduzida pelo Conselho Deliberativo, oficializou o ex-juiz Luiz Antônio Alves Torrano como novo presidente da Ponte Preta. A partir desta segunda-feira (1º), ele assumiu oficialmente o comando do clube, sucedendo Marco Antônio Eberlin na Diretoria Executiva. Indicado pela chapa “77”, única inscrita no pleito, Torrano foi eleito com 189 votos favoráveis, além de cinco votos em branco e um nulo.
Torrano inicia a gestão em meio a um cenário delicado, marcado por atrasos salariais e cobranças judiciais que há meses afetam o elenco campeão da Série C. Ele promete enfrentar cada problema por meio de metas diárias e pede confiança ao torcedor para o sucesso da Ponte Preta.
Com o calendário de 2026 se aproximando, o clube busca definir os próximos passos para a formação do elenco, priorizando a permanência da base que garantiu o acesso e o título nacional.
Apesar da troca no comando, Eberlin permanecerá na estrutura alvinegra. Eleito primeiro vice-presidente, continuará responsável pelo departamento de futebol, tanto profissional quanto de base, conforme confirmou o próprio Torrano em sua primeira entrevista como presidente.
“Ele será diretor de futebol profissional e amador. Ele que vai gerenciar, enquanto eu fico mais no administrativo. E ele tem que prestar contas ao diretor executivo, a mim, obviamente”, afirmou. Eberlin já havia exercido a função entre 1997 e 2006.
A cerimônia também confirmou Nenê Tognolo como segundo vice-presidente; Tagino Alves dos Santos como presidente do Conselho Fiscal; e José Armando Abdalla Júnior como presidente do Conselho Deliberativo. Também foram nomeados José Henrique Specie (Diretor Jurídico), Dr. Cláudio Cabrini Simões (Diretor Médico) e Dr. Hamilton Caviolla Filho (Diretor Financeiro).

Desafios financeiros
Torrano assume em um cenário de fortes dificuldades financeiras. Os atrasos salariais afetam jogadores campeões da Série C desde a metade do ano, e dois atletas — Wanderson e Everton Brito — já tiveram rescisões concedidas pela Justiça após o término da temporada.
O caso mais recente é o do volante Lucas Cândido, cujo vínculo terminou no fim de outubro. Ele acionou o clube cobrando R$ 709.166,26 referentes a FGTS, verbas rescisórias, danos morais e multas.
Diante desse cenário, Torrano afirmou que o trabalho será estruturado a partir de metas diárias. “Trabalharemos com mini-metas. Não vou dizer o que farei em 100 dias, mas o que vou fazer amanhã cedo. Amanhã venho para responder alguns ofícios, inclusive do Judiciário. Todo dia é um problema, então todo dia teremos uma nova meta”, declarou.
Além dos salários atrasados, a Ponte enfrenta bloqueios judiciais, pendências com a Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) — que resultaram no transfer ban — e atrasos no PEPT (Plano Especial de Pagamento Trabalhista), acordo firmado em 2023 para a quitação de ações trabalhistas por meio de mensalidades.
Com 36 anos de magistratura, Torrano afirmou que, antes de tomar decisões, quer compreender a origem de cada problema: “O imbróglio sempre tem uma causa. Eu preciso saber qual é a causa para resolver o imbróglio. Não dá pra dizer como. Se o problema é financeiro, é um. Deve ou não deve. se o problema é trabalhista, é outro. Cada imbróglio tem uma solução”.
Ainda em sua primeira entrevista como presidente, Torrano deixou um recado direto à torcida pontepretana: “Confie em mim, que a Ponte vai ser um sucesso, assim como tem sido com o Marco Eberlin”.
Próximos passos
Com a nova composição da diretoria, a expectativa é que, nas próximas semanas, o clube avance em soluções para os atrasos salariais e na formulação do elenco. Diante das limitações orçamentárias, a prioridade é manter a base campeã da Série C, aproveitar jogadores da base e buscar nomes de baixo custo para o Paulistão, a Série B e a Copa do Brasil.
Na última semana, o goleiro Diogo Silva — um dos símbolos do título nacional — chegou a um acordo sobre valores pendentes com a diretoria e deve assinar novo contrato até o fim de 2027. O anúncio deve ser feito nas próximas semanas.











