O último levantamento do Banco Central, apurado em setembro de 2021, mostra que as dívidas das famílias brasileiras atingiram o patamar de 49,4% de suas rendas anuais. Este é o nível mais alto da série histórica, iniciada em 2005. Para reduzir o comprometimento da renda com empréstimos e financiamentos e aumentar a capacidade de investir, as famílias precisam aprender a montar um planejamento financeiro que as ajude a passar pelo ano de 2022 da melhor forma possível.
Ter esse planejamento é também um importante incentivo para as famílias tirarem metas e sonhos do papel. Nestes primeiros meses do ano, marcado por despesas típicas do período, ter uma reserva financeira de emergência se torna ainda mais essencial.
Por isso, planejar bem o orçamento, saber quanto se gasta e quais despesas podem ser cortadas ou reduzidas, bem como qual a parcela da renda disponível, são exercícios fundamentais para iniciar a acumulação de recursos. Um bom planejamento financeiro passa principalmente pelo cálculo do peso das dívidas no orçamento.
Para facilitar esse planejamento em 2022, as famílias podem seguir cinco dicas básicas, listadas a seguir:
Orçamento anual: é preciso fazer o levantamento dos possíveis ganhos e despesas no ano, e ver qual a estimativa de dinheiro comprometido e de potencial de reserva. Com um orçamento anual, pode-se ter um controle maior dos gastos e evitar cair em “pegadinhas” que podem surgir ao se ficar restrito a um olhar de curto prazo (o famoso “depois eu pago”).
Reestruturação do fluxo de caixa/dívidas: é necessário avaliar entre as dívidas contraídas se há margem para negociação; esse pode ser um meio para aumentar o poder de investimento no ano. Outro ponto importante é avaliar se os gastos com itens do cotidiano podem ser diminuídos, por exemplo: transporte, luz, gás, água (diminuir o consumo é bom para o bolso e para o meio ambiente), checar se o pacote de TV por assinatura, internet e celular é o mais adequado, enfim, colocar tudo na ponta do lápis para analisar possíveis economias.
Criar metas: traçar metas de conquistas de curto, médio e longo prazos é importante para manter a fidelidade aos próprios investimentos e assim fomentar a disciplina. É essencial ver o que é possível atingir em um curto espaço de tempo, sem deixar de contemplar o futuro, pois o tempo é um grande aliado para quem tem um olhar de longo prazo.
Reserva financeira de emergência: todos sabem que é preciso guardar recursos para o futuro, para a aposentadoria e outros objetivos. Mas esse planejamento de nada adianta se não houver uma reserva financeira para as emergências. Assim, em qualquer susto, não se retira o foco do longo prazo para o dinheiro que é não para amanhã. Além disso, é fundamental realizar sonhos, então, uma reserva de curto prazo para objetivos como viagens, um curso, compra de um eletrodoméstico, troca do carro, são essenciais no uso do dinheiro para o que tanto se espera.
Para o futuro: é relevante pesquisar instituições sólidas e confiáveis e avaliar a contratação de uma previdência privada. Ela pode ser um caminho benéfico, já que conta com vantagens tributárias, incentiva a disciplina (pelos aportes mensais) e oferece a oportunidade de diversificar o investimento de acordo com o perfil do investidor, momento de vida e objetivo. E, na previdência, no momento de usar o dinheiro, o titular conta com diferentes opções, aderentes à forma que deseja realizar os próprios sonhos.
Além dessas cinco dicas, é importante que as famílias aproveitem iniciativas pontuais oferecidas pelo mercado, como campanhas de instituições financeiras para renegociar dívidas, contratar financiamentos ou acessar ofertas especiais de crédito nas modalidades pessoal, consignado e com garantias.
Seguindo as boas orientações disponibilizadas por especialistas, as chances de sucesso do planejamento financeiro são sempre maiores.
Vinícius Libório é diretor da Rede SP Interior I do Santander











