“Amigos do futebol”, preparem-se, pois está chegando a hora! Estreia oficialmente nesta sexta-feira (13), em Campinas, o filme “A Última Transmissão”, dirigido pela cineasta Helen Quintans, que rodará salas de cinema da região nas próximas semanas. Indaiatuba e Hortolândia são algumas outras cidades com sessões agendadas entre maio e junho.
Contemplado pelo Proac 30/2020, o curta-metragem possui 15 minutos de duração e reproduz de forma semi-ficcional o último dia de vida do folclórico cronista esportivo Brasil de Oliveira, que marcou a história do jornalismo e do rádio no Interior paulista.
A sessão de estreia do filme “A Última Transmissão” acontece na noite desta sexta-feira (13), às 20h30, no Cineplex do Shopping Prado, em Campinas.
O filme conta com a participação especial de grandes figuras da imprensa esportiva de Campinas, como Carlos Batista, José Arnaldo, Alberto César e Fernando César, que conheceram de perto e trabalharam com Brasil de Oliveira.

Gravado no ano passado, totalmente ambientado na Campinas dos anos 90, o filme “A Última Transmissão” se passa em locais icônicos da cidade, como o Largo das Andorinhas, o bar Giovannetti, o Edifício Itaguaçu, a Igreja do Carmo e a Catedral Metropolitana.
“Com o apoio da Emdec e da Secretaria de Cultura, pudemos fazer uma cena incrível, apagando os elementos contemporâneos na pós-produção e restaurando a igreja como era na época”, revela a diretora Helen Quintans.
Segundo Helen Quintans, a escolha dos locais de gravação reflete a relação íntima de Brasil de Oliveira com Campinas: “Seria impossível falar do Brasa sem falar de Campinas. Ele vivia a cidade muito intensamente e criou uma relação afetiva com ela, para além do futebol”, destaca a diretora.
“A Última Transmissão” explora aspectos da vida pública e privada de Brasil de Oliveira, de maneira delicada e respeitosa. É, de certa forma, uma homenagem tanto ao personagem quanto à cidade e ao futebol do Interior.

“Brasil de Oliveira foi o último jornalista ‘analógico’, dono de um conhecimento extremo sobre futebol e de um jeito folclórico de se comunicar. Em sua vida privada, ele foi uma pessoa extremamente solitária, sobretudo por sua orientação sexual e por viver em ambientes ‘machos’, como o futebol e o rádio AM”, descreve Quintans.
Conhecido como Brasil de Oliveira, ou simplesmente “Brasa”, o jornalista Rodrigo Lagoa (São Paulo, 1950 – Campinas, 1996) foi um ícone da imprensa esportiva de Campinas e do estado de São Paulo, sobretudo por sua capacidade de reconhecer futuros craques e sua imensa agenda de contatos, conforme detalha a diretora Helen Quintans.
Durante a carreira, Brasil de Oliveira trabalhou na Rádio Educadora (atual Bandeirantes) e na Rádio Central, em Campinas. Já na capital paulista, escreveu para os jornais “O Estado de S. Paulo” e “Jornal da Tarde”.
Vítima de um ataque cardíaco, ele faleceu precocemente em Campinas, aos 46 anos, no dia 10 de setembro de 1996, exatamente na data em que até 1999 se comemorava o Dia da Imprensa no Brasil.

O olhar de uma mulher sobre um ambiente de homens
O filme “A Última Transmissão” representa o primeiro trabalho da jovem cineasta Helen Quintans na linha de frente da produção de um curta de ficção, mas ela já carregava experiência como diretora de fotografia, de arte e figurinista, funções que também desempenhou no filme de Brasil de Oliveira, além de já ter dirigido um documentário na carreira, “O Entalhe do Sertão”, em 2016.
“Meus trabalhos como diretora de arte, figurinista e diretora de fotografia têm em comum o fato de envolver toda a parte estética de um filme, e essa era minha zona de conforto. Apesar de já ter tido a experiência na direção de um documentário, dirigir um curta de ficção foi desafiador e enriquecedor”, comenta Helen.
“O filme fala sobre o último dia de um personagem real e precisei construir uma narrativa que fosse capaz de apresentá-lo a quem não o conhecia e honrá-lo para quem o acompanhou em vida. Foi um aprendizado diário, com erros e acertos. Vendo o material finalizado, sinto que o saldo foi positivo”, avalia Helen Quintans.
“A presença das mulheres no audiovisual, em posições de liderança, ainda é muito tímida e sinto que estamos caminhando para que esse cenário mude e deixe de ser uma questão. O caminho é longo, mas chegaremos lá. Quanto a esse projeto, que me inseriu num universo predominantemente composto por homens, houve uma certa resistência de alguns e me senti subestimada por outros, mas de maneira geral consegui furar a bolha e ter excelentes colaborações de figuras importantes que fizeram parte da vida do Brasa”, reflete Helen.

O roteiro de “A Última Transmissão” foi escrito pelo reconhecido e premiado cineasta Flávio Carnielli, um dos produtores e também responsável pelo processo de montagem do filme sobre Brasil de Oliveira. “Flávio era fã do jornalista e a ideia de ter uma mulher na direção surgiu da vontade de ter um olhar menos apaixonado e mais delicado. Não aparece nenhuma mulher no filme todo, justamente para frisar essa coisa masculina da cultura do futebol e como era a relação do Brasil de Oliveira, um homem gay, com esse ambiente”, pontua Quintans.
Intérprete perfeito para o “Brasa”
Dos bastidores para as telas, o ator Wander Moliani foi escolhido para dar vida ao protagonista da história. E o processo de transformação no personagem impressionou. “Fomos muito felizes na escalação de ator para o papel do Brasil de Oliveira. Conseguimos unir semelhança com boa atuação. O Wander entrou de cabeça no projeto, pesquisando e estudando a fundo a vida do jornalista e seu jeito característico de falar”, relata Helen Quintans.
“Wander sofreu uma transformação física para virar o Brasa, que envolveu a colocação de um aplique e cabeça raspada todos os dias antes de gravar, além da maquiagem para deixá-lo o mais parecido possível com o personagem real. A caracterização chegou a emocionar algumas pessoas que conheceram o Brasil por causa da semelhança”, conta Helen.

“Trabalhamos juntos na construção desse personagem. Foi um trabalho em equipe do Wander, do Flávio, que foi o responsável pela preparação de todo o elenco, e meu”, finaliza Helen Quintans.
“A Última Transmissão” possui cinco sessões agendadas em Campinas e região até o início de junho. Todas as exibições são gratuitas e haverá bate-papo com a diretora após o término do filme.
Confira abaixo a programação completa:
13 de maio (sexta-feira), às 20h30, no Cineplex do Shopping Prado, em Campinas.
19 de maio (quinta-feira), às 20h, no Teatro Estrada, em Indaiatuba.
27 de maio (sexta-feira), às 14h, no CEU José Paganotti, em Araras.
28 de maio (sábado), às 19h, na Casa de Vidro do Lago do Café, em Campinas.
3 de Junho (sexta-feira), às 19h, na Escola de Artes Augusto Boal, em Hortolândia.
Veja a ficha técnica do filme “A Última Transmissão”:
Título: “A Última Transmissão – O Adeus de Brasil de Oliveira”.
Gênero: Drama (digital 4k, cor).
Ano: 2022.
Duração: 15 min.
Sinopse: Amigos do futebol! Acompanhem o último dia da vida de Brasil de Oliveira, folclórico jornalista da cidade de Campinas. Conheçam a trajetória, os vícios, as paixões e os amores de quem “respirava futebol 24 horas por dia”! No dia 10 de setembro de 1996, o Dia da Imprensa, o Brasa fez sua última transmissão.
Direção: Helen Quintans
Roteiro, edição e colorização: Flávio Carnielli
Elenco: Wander Moliani (Brasil de Oliveira), Caio Magalhães (Ivo), Wagner Kampynas (Miguel), Nando Almeida (Victor), Gustavo Fraccaro (J.Mathias), Sebastião Polaco (Beto Zimmermenn) e Pedro Pauleey (Elias Cardoso).
Participação Especial: Carlos Batista e Fernando César.
Vozes: Alberto César Iralah e José Arnaldo.
Assistente de Direção: Duda Wilhelm.
Assistente de Produção: Renato Magalhães.
Imagens Aéreas: Sylvio Zanetti.
Direção de Fotografia, Arte e Figurinos: Helen Quintans.
Câmera: Elnio Junior.
Caracterização: Jaqueline Ramirez.
Som e música original: Guga Lourenço.
Maquiagem: Júlia Nogueira.
Arte Gráfica: Beto De Vuono.
Produção: Flávio Carnielli e Hamilton Rosa Jr.
Produção Executiva: Reginaldo Menegazzo.