O secretário de saúde de Campinas, Lair Zambon, colocou um ponto final nesta sexta-feira (16) à polêmica provocada por um grupo de vereadores, médicos e empresários, que quer a adoção na cidade, do chamado “Tratamento Precoce” – um procedimento defendido pelo presidente Jair Bolsonaro no combate à Covid-19, mas que é rechaçado por grande parte da comunidade científica mundial. “A secretaria de saúde de Campinas não vai usar o tratamento precoce para Covid”, disse ele, durante entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (16).
Zambon citou um artigo que teria sido publicado quinta-feira (15) pela prestigiosa revista científica Nature, que, de acordo com o secretário, coloca uma pá de cal sobre o uso de cloroquina ou hidroxicloroquina no tratamento da Covid.
“Esse tipo de discussão já nem existe mais no mundo”, acrescentou o secretário Lair Zambon.
De acordo com ele, a revista reuniu 180 trabalhos publicados em 2020 sobre tratamento da Covid e selecionou 28 – que incluíram 10 mil pacientes com Covid. “O resultado foi o seguinte. O medicamento não apenas não funciona, como é apontado como responsável por um pequeno aumento no número de mortes”, afirmou o secretário. “Portanto. Não existe controvérsia alguma. A secretaria não vai usar o tratamento precoce para Covid”, decretou.
História
Na semana passada, um grupo de vereadores, médicos e empresários foi até o gabinete do prefeito Dário Saadi (Republicanos) para pedir que o tratamento precoce ou “acolhimento precoce”, como o grupo passou a chamar – fosse implantado na rede municipal. O prefeito chegou a receber o grupo, mas adiantou que essa questão não estava em análise pela secretaria de Saúde. Os vereadores pediram então, um encontro entre os médicos defensores do sistema e os técnicos da secretaria. Dário disse que iria analisar a possibilidade de uma agenda. A resposta veio nesta sexta (16), na coletiva do secretário.
O projeto
O vereador Marcelo Silva (PSD) – um dos líderes do movimento – é autor de um projeto que prevê a implantação do sistema. O segundo parágrafo do projeto diz o seguinte. “Todo paciente deve ser informado, obrigatoriamente, sobre o tratamento precoce, preservando a relação médico-paciente, para que possa optar pelo tipo de tratamento a ser adotado”. Diz ainda, que o SUS deve fornecer os medicamentos – entre eles hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, zinco, entre outros.
“Meu projeto dá a opção de o médico propor sem nenhum tipo de constrangimento. Se ele tem a convição de que aquilo funciona ele propõe. Se não, ele não propõe”, diz o vereador Marcelo Silva.
Diz a proposta que a utilização da medicação estará condicionada a avaliação e prescrição médicas e deverá ser ministrada a partir do momento da identificação dos primeiros sintomas, ou sinais leves da doença.
“O meu projeto quer dar a opção do médico poder propor e o paciente ter a opção de aceitar ou não”, disse Marcelo Silva. “Diferente da diretriz de hoje. Porque, o que existe hoje, é que você tem um não da secretaria de saúde”, continua.