Talvez já tenhamos ouvido, ou mesmo pronunciados frases do tipo: “eu não vou com a cara de Fulano” ou “o meu santo não bate com o dele”. Isso pode acontecer porque essa pessoa fez algo de ruim para nós. Muitas vezes, porém, será uma antipatia natural, sem motivo nem culpa alguma. Pior ainda é quando surgem esses sentimentos em relação à nossa esposa, ao nosso marido ou companheiro(a).
A empatia é algo fundamental nos relacionamentos humanos.
O dicionário nos traz da psicologia o seguinte significado para ela: “Identificação de um sujeito com outro; quando alguém, através de suas próprias especulações ou sensações, se coloca no lugar de outra pessoa, tentando entendê-la”.
É um grande equívoco, no qual incorremos com frequência, pensar que empatia e antipatia são sentimentos em relação aos quais não temos nada a fazer.
Certa vez, um amigo me contou que não gostava de uma colega de trabalho. “Não vou com a cara dela”, dizia, mas sem motivo algum, sem que ela nunca tivesse feito nada contra ele. Isso durou até o dia em que soube que aquela colega, na sua infância, foi vítima de muitos abusos, que sofreu muito com o padrasto. Apesar disso, com muito esforço e dedicação, um verdadeiro exemplo de superação, acabou por chegar na posição atual. Quando soube disso – contava esse meu amigo – aquele sentimento ruim se transformou inicialmente em compaixão e, logo em seguida, em admiração.
Esse sentimento ruim de repulsa pode surgir em relação ao nosso cônjuge ou mesmo entre pais/mães e filhos/filhas. Nesse caso, a paz, a harmonia e a felicidade na nossa família dependem de um esforço da nossa parte para superar isso.
Uma dica que recebi há tempos é elaborar uma lista com as qualidades do cônjuge. Podemos anotar ali as coisas que ele (ou ela) faz de bom e que ajuda a melhorar a vida do casal e da família. Podemos também nos esforçar para memorizar essa lista e depois refletir sobre como a nossa vida e a vida da nossa família seria mais difícil sem essas qualidades.
Não há problema se não conseguirmos anotar todas as qualidades boas num primeiro momento. Há pessoas muito pessimistas que terão sérias dificuldades para fazer isso. Será o caso, então, de iniciarmos com um ou dois itens. Depois podemos ir acrescentando, conforme forem caindo “as escamas” que temos diante dos olhos e que nos impedem de contemplar o que há de bom em quem convive ao nosso lado.
Acontece que os pensamentos ruins e negativos são como que essas ervas daninhas que, quando as arrancamos, acabam por encontrar outro caminho por onde se infiltrar, de modo que temos de voltar a arrancá-las novamente. Ou seja, somente com perseverança as vencemos. De igual modo, quando percebermos que estamos mergulhando novamente naquele lamaçal de más recordações e considerações sobre o outro, podemos voltar a ler essa lista.
Se fizermos disso um hábito, teremos utilizado a inteligência para alcançar empatia.
E é fundamental reconhecer, comunicando ao outro o que reconhecemos de bom nele. Mas devemos ser sinceros. Não é para mentir, inventando uma qualidade que não existe ou que não se veja sinceramente no outro. Mas se analisarmos objetivamente as atitudes do nosso cônjuge, certamente encontraremos bons hábitos e atitudes, verdadeiramente merecedoras de elogios.
No começo, pode ser que seu parceiro receba isso com algum cinismo. Ele pode estar condicionado a só esperar atitudes críticas de você. Mas, se persistir, ele acabara percebendo a mudança. Mais cedo ou mais tarde você também começará a receber elogios.
“Atraem mais moscas com uma gota de mel que com um barril de vinagre”, dizia São Francisco de Sales. Igualmente, conseguiremos muito mais das pessoas que convivem conosco com um pequeno elogio do que com mil reclamações azedas e lamurientas.
Fábio Henrique Prado de Toledo, casado com a Andréa Toledo, pai de 11 filhos e avô de 2 netas. Moderador em cursos de orientação familiar do Instituto Brasileiro da Família – IBF. Especialista em Matrimônio e Educação Familiar pela Universitat Internacional de Catalunya – UIC, é Juiz de Direito em Campinas. Site: www.familiaeeducação.com.br. E-mail: fabiohptoledo@gmail.com