Alívio. Foi dessa forma que reagiu parte dos moradores do Jardim Chapadão, em Campinas, que conviveram com barulhos e bloqueios no entorno de suas casas e estabelecimentos comerciais desde o segundo turno das eleições presidenciais. O acampamento golpista montado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas urnas em 30 de outubro, foi desfeito totalmente.
Não há mais barracas ou tendas no entorno da Escola de Cadetes.
O único resquício da mobilização é um banheiro químico que segue (talvez esquecido) na Avenida Coronel Amâncio Bueno, diante da Padaria Trapiche, local tradicional da região. Esse trecho desemboca na entrada da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx). O Chapadão se transformou nestes dois meses de acampamento numa das principais células golpistas do País. A mobilização reunia bolsonaristas descontentes com o resultado das eleições. Eles não reconhecem a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defendem “intervenção federal”. O grupo bradava, ainda, que Lula não subiria a rampa do Palácio do Planalto.

A desmobilização do acampamento em Campinas seguiu movimento similar ao ocorrido no resto do País, nas portas dos quartéis, após os ataques de vândalos que invadiram e destruíram os prédios do Supremo Tribunal Federal (STF), principal alvo da ira dos terroristas, e do Palácio do Planalto, de onde foram furtados objetos e até armas das equipes de segurança. O prédio do Congresso Nacional também foi tomado sob a complacência de forças de segurança do Distrito Federal (DF).
O desfecho do acampamento no Chapadão encerra um período de 70 dias de transtornos e tensão.
Intimidações
Foi nas imediações da Escola de Cadetes que equipes da imprensa e vizinhos testemunharam e registraram uma série de ataques verbais e físicos de uma minoria violenta. Ali ocorreram perseguições e hostilizações a profissionais de jornalismo e a pessoas que não compartilham das mesmas ideias dos golpistas. Uma dessas intimidações ocorreu na segunda-feira, em vídeo registrado pelo Hora Campinas.
Mas os relatos são inúmeros. Jornalistas do Hora Campinas e de outros veículos também foram expulsos ou intimidados quando exerciam a atividade profissional, registrando o acampamento. Eles eram intimidados e ameaçados.
A sensação de alívio também é decorrente da aparente calma que existe no lugar nesta terça-feira (10). O entorno da Escola de Cadetes é um espaço bastante utilizado pelas famílias para caminhadas. Com o acampamento, houve um recrudescimento dessa circulação, não só pelos bloqueios, mas também pelo receio de intimidações.
Uma vizinha contou ao Hora que certo dia foi caminhar de camiseta vermelha e, quando se deu conta, voltou correndo para casa para trocar. Ela não é petista.
A desmobilização acontece após semanas de desaprovação de parte dos moradores, indignados com a omissão das autoridades públicas de Campinas. Em uma ocasião, a Emdec, com apoio da GM, tentou desmontar os bloqueios. Mas os golpistas deram um jeito de manter parte das restrições.
Agora, quem circula pelo entorno da Escola de Cadetes tem a sensação de aparente normalidade. Apenas uma viatura da Polícia Militar (PM) está estacionada próxima à entrada da unidade militar.

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