Um caso de agressão chocou o bairro rural Gargantilha no último domingo (21), em Campinas. O engenheiro florestal José Hamilton Aguirre Junior, de 47 anos, conhecido como um defensor ambiental naquela região, foi brutalmente atacado pelos vizinhos.
O fato ocorreu por volta das 21h, quando mãe e filho invadiram a chácara de José Hamilton após uma discussão entre o engenheiro e a família. O rapaz, chamado Lucas, iniciou as agressões com socos e chutes enquanto a mãe, Lidiany, segurava José para que ele não pudesse reagir.
“Caí no chão e ele (Lucas) ficou pisoteando minha cabeça, enquanto me espancava. Eu tentava levantar e ele me esmurrava ainda mais, impiedosamente. Pegou minha cabeça e começou a batê-la contra a parede. Estava munido de faca, que por Deus, não usou”, relatou José Hamilton. “Ele veio para me matar”, disse.
Diante dos gritos da vítima pedindo por socorro, vizinhos da mesma Rua Waldemar Morelli e da redondeza correram até a chácara de José e conseguiram arrebentar o cadeado. Mãe e filho voltaram para o terreno deles no momento em que perceberam a chegada de quatro pessoas na residência.
José sofreu ferimentos graves na cabeça e escoriações em diversas partes do corpo. Ele recebeu os primeiros socorros do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e foi encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Anchieta.

“Fiquei em observação por causa dos vários traumas na cabeça e por apresentar ânsia. Me medicaram, tirei raio-X do corpo todo e, graças a Deus, não tive nenhuma fratura”, relatou a vítima.

De acordo com testemunhas, a Polícia Militar (PM) chegou no local por volta de duas horas após o fato. Os agressores prestaram depoimento e a ocorrência foi registrada como lesão corporal no 4º Distrito Policial (DP). Eles responderão em liberdade.
Desavenças
As agressões físicas a José Hamilton no domingo foram um desfecho violento de quase dois anos de intensas discussões verbais entre os vizinhos.
Essa desavença teria começado quando Luis Roberto Felipe, 57, marido de Lidiany, fez uma intervenção no terreno e, sem a feitura de um muro de arrimo, parte da estrutura da residência de José Hamilton começou a apresentar rachaduras.
“Chamei a Defesa Civil de Campinas, realizei avaliações técnicas com engenheiros civis e geotecnistas. Parte de minha casa foi interditada e na próxima segunda-feira será demolida”, relatou o engenheiro, que move uma ação por reparação de danos contra a família vizinha.

De acordo com documentos da Defesa Civil apresentados à reportagem, os técnicos municipais notificaram Luis Roberto e descreveram no documento que houve movimentação no solo, causando dano na estrutura da área da churrasqueira e piscina de José Hamilton. Desde então, as agressões verbais passaram a ser constante entre eles.
A reportagem teve acesso a um vídeo que mostra Luis Roberto jogando vegetação na casa de José Hamilton, que do seu quintal grita para o vizinho parar com aquilo.

“Não deveria ter acontecido”
Procurado, Luis confirmou ao Hora Campinas que recebeu uma ordem da Defesa Civil para fazer o muro e que está providenciando o reparo. Ele nega que os danos estruturais à casa do vizinho tenha sido em decorrência da sua intervenção no terreno.
Sobre as agressões cometidas pelo seu enteado Lucas e esposa Lidiany, Luis concorda que “foi um fato que não deveria ter acontecido”. “Ele (José) ofendeu a mãe do meu enteado. Ele (Lucas) ficou nervoso e acabou acontecendo. Minha esposa só tentou separar e segurar o filho. Nossa briga já vem de longe”, afirmou.
Brigas constantes
As brigas vêm de alguns anos, mas não somente com José Hamilton, segundo relatos de outros moradores do bairro rural. Desde quando Luis Roberto, a esposa e o enteado chegaram para viver naquele terreno, muitas brigas já aconteceram por causa de som alto e outras desavenças.
Em novembro de 2023, segundo a moradora Adriana Ferreira, houve uma ameaça de agressão por parte de Lucas ao seu pai, de 74 anos. O senhor teria pedido para baixar o volume do som na madrugada e o rapaz o ameaçou.
“Chega, não dá mais para ter uma convivência. Muitas pessoas do bairro estão muito preocupadas com as atitudes dessa família”.
Uma outra moradora, que preferiu não se identificar, contou que constantemente há brigas entre os próprios membros da família. Ela diz que muitas vezes mãe e filho rolam no chão entre tapas.
“Essa família já saiu de outros lugares porque causaram problemas. Nós moramos num lugar bom, com pessoas boas, e se eles não se adaptam a esse tipo de convivência, então precisam procurar outro lugar”, relatou.
Quanto a José Hamilton Aguirre, os vizinhos o consideram uma pessoa prestativa, tranquila e que ajuda muito no bairro. Ele vive há 12 anos no Gargantilha (com cerca de 5 mil pessoas) e tem desenvolvido um projeto ambiental de reflorestamento e proteção de nascentes.
O engenheiro florestal, que trabalha entre Campinas e São Paulo, é mestre em Agronomia, Arborização Urbana e Paisagismo e constantemente está envolvido em discussões ambientais na Câmara de Campinas e em outras entidades da organização civil.