Professores e alunos da Escola Estadual Monsenhor Nora, em Mogi Mirim, passaram por um susto na manhã desta quarta-feira (31). Um estudante da unidade, armado de tesoura, causou pânico na unidade. Ele chegou a manter uma aluna como refém. O caso mobilizou a Guarda Civil Municipal (GCM), Polícia Militar (PM) e o Corpo de Bombeiros. O agressor foi detido e não houve feridos. Segundo os policiais, o acionamento do botão do pânico evitou “um mal maior”.
É o primeiro caso de maior repercussão na região de Campinas desde que ameaças e ataques passaram, no mês passado, a preocupar a comunidade escolar de forma generalizada. Desde então, as forças de segurança e as unidades escolares, mobilizados por autoridades e educadores, adotaram diversas medidas de vigilância e acentuaram ou inauguraram projetos para incentivar a cultura de paz nestes ambientes.
O caso em Mogi Mirim
O adolescente, matriculado no 9º ano do Ensino Fundamental, entrou na escola com uma tesoura e dominou duas meninas, segundo informações da GCM. Ele conduziu ambas para um banheiro e, após liberar uma delas, fez a outra de refém. Acionada, a Guarda Municipal e a PM chegaram no local e entraram em negociação com o agressor, que exigiu um colete à prova de balas. Ao se aproximarem, os agentes dominaram e apreenderam o adolescente. A EE Monsenhor Nora fica no Centro de Mogi Mirim.
A menina feita de refém passou por avaliação médica dentro da unidade e não foi constatado ferimentos. Mesmo assim, ela passou por consulta em uma unidade de saúde. Já o estudante detido foi encaminhado à Central de Polícia Judiciária (CPJ).
Em vídeo publicado nas redes sociais depois do episódio, integrantes da GCM procuraram acalmar os pais dos alunos. “Queremos tranquilizar a população e os pais, principalmente. Tivemos uma ocorrência numa escola estadual, mas a situação está controlada. O caso foi apresentado na Polícia Civil e está tudo em paz. Graças ao aplicativo do botão do pânico, conseguimos evitar um mal maior”, disse um dos agentes.
De acordo com informações obtidas na escola, o garoto detido foi transferido recentemente para a unidade e já havia se envolvido em um caso de furto de um pingente no local.
Onda de violência nas escolas
No último dia 19, em Mogi Mirim, a Secretaria de Saúde, em parceria com a Seduc (Secretaria de Educação), realizou uma roda de conversa com diretores e coordenadores das escolas da rede municipal de ensino justamente para debater o tema da violência no contexto do ambiente escolar e os tipos que assolam a sociedade atual.
Um levantamento do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral (Gepem) coordenado por profissionais da Unicamp, aponta que nos últimos 21 anos aconteceram 26 ataques a escolas no Brasil, cujos agentes foram alunos ou ex-alunos.
A onda de violência nas unidades de ensino nos últimos meses chegou a alertar e mobilizar as autoridades que, em abril, anunciaram várias medidas para combater o problema. Reforço no policiamento dentro das escolas, instalação de câmeras de segurança e a criação de um canal de comunicação direto com autoridades policiais foram as principais ações adotadas em vários municípios da Região Metropolitana de Campinas (RMC).
O Estado também se manifestou e anunciou ampliação da presença de policiais no ambiente escolar e dos sistemas de monitoramento por câmera, treinamento para servidores da educação e criação de um comitê intersetorial para monitoramento dos colégios. O investimento previsto pelo governo do Estado foi de R$ 240 milhões.