O Dia Mundial do Brincar, celebrado nesta quarta-feira (28), é um convite para reforçar a importância das brincadeiras livres e espontâneas. Neste ano, a Aliança pela Infância escolheu como tema ‘Proteger o Encantamento da Infância’, destacando o valor do tempo e dos espaços para brincar, essenciais para o desenvolvimento integral das crianças. Brincar é a linguagem natural da infância: é brincando que as crianças experimentam o mundo, desenvolvem sua criatividade, constroem vínculos e se conectam consigo mesmas e com os outros.
A antropóloga Regina Márcia Moura Tavares, autora do livro “Brinquedos e Brincadeiras”, reflete sobre a questão.
“Somos homo sapiens, uma espécie que necessita desenvolver várias habilidades para sobreviver no espaço onde vive. Essas habilidades são desenvolvidas basicamente no brincar na infância. Nós temos de brincar bastante, muitas horas por dia, espontânea e livremente, porque nós vamos exercitar aquilo que é fundamental para a nossa sobrevivência: a criatividade. É inventando, transformando, acrescentando coisas que nós fazemos nas brincadeiras de infância, que nós estamos desenvolvendo essa criatividade, além de desenvolver vários aspectos do nosso físico, do nosso intelecto, do nosso consciente, do nosso subconsciente, da nossa capacidade de relacionamento com outros seres iguais a nós”, afirma.
A professora também destaca a importância da família no processo e comenta a respeito do envolvimento das crianças com as telas. “No celular, a criança vai só estar olhando e achando engraçado, se divertindo, só que ela não vai estar exercitando nenhuma das suas habilidades, nem motoras, nem psicoemocionais, nem relacionais. Não estará se socializando, estará se limitando a um quadradinho único que é ela mesma diante de uma tela. A família precisa criar condições para que essa criança cresça em qualidade, dar a ela a oportunidade de brincar, ou no quintal da sua casa, ou na frente na calçada com as crianças da vizinhança, ou insistir para que o poder público crie espaços onde essa criança possa ir em segurança e brincar livremente com todos os seus iguais.”
Para a antropóloga, a convivência humana precisa ser valorizada desde a infância. “Nós desenvolvemos muito na contemporaneidade a técnica, temos progressos técnicos infinitos, temos progressos médicos, hoje vivemos muito mais do que há 50 anos, mas estamos nos prejudicando pela falta de comunicação. Isso, para o adulto, já não é bom. Para a criança é ainda muito mais prejudicial, pois não permite a ela o desenvolvimento normal. Então nós precisamos trabalhar no nível das políticas públicas para que isso não aconteça.”
Fonte: Pastoral da Criança da CNBB











