O Datafolha indicou que 34% dos eleitores não iriam votar se não fosse obrigatório; a abstenção nas últimas eleições foi próxima a 22%. Ou seja, uma fração pequena de eleitores, cerca de 10%, realmente votou por obrigação, o que é um dado positivo. Acima da média nacional, a abstenção em Campinas foi de quase 31%. Quase um terço dos munícipes campineiros aptos a votar não compareceram às urnas no início de outubro.
Por princípio, sou contra a obrigatoriedade do voto, mas há uma alerta quando vemos que são os mais vulneráveis e, portanto, mais dependentes de boas políticas públicas, os que abririam mão do voto.
Por outro lado, seria mais pertinente avaliar a possibilidade de votar em mais de um candidato às Câmaras e Assembleias, tal como acontece com o Senado, uma vez que nem sempre há apenas um candidato que melhor nos represente. Minha sugestão é poder votar em até três candidatos a vereador e em até três deputados.
Sim, a abstenção é um fator a mais nessa composição. Com a possibilidade de voto em mais de um candidato, esse eleitor que se abstém continuará delegando a outrem a decisão de quem ocupará o legislativo.
Em Campinas, por exemplo, 530.566 foi o total de votos válidos para vereador. Desses, 213.706 foram votos nominais nos eleitos, que, somados aos 27.127 votos nas legendas dos partidos que conseguiram assentos na Câmara, temos um total de 240.833 votos realmente representados na próxima composição da Câmara Municipal, que corresponde a 45,4% do total de votos válidos.
Ou seja, menos da metade dos eleitores que não invalidaram seus votos (brancos e nulos) estará representada no legislativo municipal. Esses percentuais variam pouco de cidade para cidade e de eleição para eleição.
Será um contraste a ser acompanhado, pois o prefeito foi reeleito em primeiro turno com cerca de 70% dos votos, e a Câmara, com apenas 45%, dando condição para uma margem de insatisfação grande.
A questão da minha proposta a ser avaliada é se o aumento de possibilidades de voto influencia nesses índices, ainda que não altere a composição dos eleitos.
Adilson Roberto Gonçalves, pesquisador da Unesp, membro da Academia de Letras de Lorena, da Academia Campineira de Letras e Artes, da Academia Campinense de Letras e do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas.











