Durante muito tempo, a imagem do médico esteve ligada a uma figura quase “romântica”: o profissional que atende em seu próprio consultório, com a plaquinha na porta, agenda cheia e uma lista fiel de pacientes. Essa imagem ainda é forte, mas o mercado mudou. A saúde mudou. E, principalmente, o comportamento das pessoas mudaram.
Hoje, o médico que se mantém relevante é aquele que entende que vocação e gestão caminham lado a lado. Não basta ser tecnicamente bom. É preciso entender de negócios, de experiência do paciente, de posicionamento, e, sim, de marketing.
Quando fundamos a Clínica da Cidade, há mais de 20 anos, minha formação em comunicação e marketing me mostrou um caminho que, na época, ainda era incomum no setor da saúde: olhar para o paciente como um cliente que busca confiança, conveniência e valor. E essa visão continua atual.
Os números confirmam essa transformação. Cada vez mais brasileiros estão fora dos planos de saúde tradicionais, segundo a ANS, mais de 70% da população depende exclusivamente do SUS ou busca alternativas privadas mais acessíveis. É nesse cenário que consultas e exames com preços justos têm ganhado protagonismo, atraindo uma parcela crescente de pessoas que antes deixavam de se cuidar por falta de acesso.
Esse movimento tem um efeito direto também sobre os médicos. Muitos profissionais estão deixando o modelo tradicional de consultório fixo, com altos custos e pouca previsibilidade, para fazer parte de redes que oferecem estrutura, visibilidade e fluxo constante de pacientes. É uma nova lógica de trabalho, mais eficiente e conectada com as demandas reais do público.
Na Clínica da Cidade, percebemos isso na prática. Nosso papel nunca foi apenas oferecer espaço físico ou agendamento, mas construir uma marca de confiança, tanto para o paciente quanto para o médico. E isso só foi possível com uma estratégia de comunicação muito bem estruturada. Criamos uma identidade visual moderna, campanhas educativas, relacionamento constante nas redes e uma experiência padronizada que fizesse o paciente querer voltar.
Esse cuidado de marca tem impacto direto no médico. Porque quando ele se associa a uma marca sólida, ele também se fortalece. Ele se sente parte de algo maior, e entende que o marketing não é um vilão , é uma ferramenta de conexão.
Acredito que a medicina do futuro será cada vez mais colaborativa e integrada. Médicos precisarão se ver não só como especialistas em diagnóstico, mas como empreendedores da própria carreira, com visão estratégica e sensibilidade para o que o paciente valoriza.
E o paciente, por sua vez, seguirá buscando algo simples, mas essencial: cuidado de qualidade, com preço justo e sem barreiras. É isso que está redesenhando o setor da saúde no Brasil , e é nesse ponto de equilíbrio entre propósito e gestão que mora o verdadeiro futuro da medicina.
Rafael Teixeira é CEO e fundador do Grupo Clínica da Cidade











