Não aprendemos com erros passados, e esse passado é bem próximo. Há um tipo de sindicância em curso no município de Campinas para avaliar se os cortes de árvores realizados até aqui foram realmente necessários, haja vista a polêmica quanto à subtração desenfreada de espécimes.
Há pouca informação e muita desinformação quanto ao estrangulamento da cobertura arbórea, à inadequação das espécies escolhidas para ficar em área urbana, à poda desenfreada e sem o devido estudo, à falta de alternativas à fiação aérea, ao desconhecimento da população em relação aos benefícios das árvores quanto à oxigenação, alívio climático e à proteção aos ventos e a chuva.
Sim, aquilo que aparentemente foi a causa da queda de uma árvore é por ela protegido. Tivéssemos mais árvores, seriam menores os números de quedas, pois uma protege a outra.
A impermeabilização do solo apenas aumenta, tanto pelos poucos espaços verdes no meio já urbanizado que deixam de existir, quanto pelo avanço da malha urbana na área rural, antes solo nu ou com cobertura vegetal.
Novamente os especuladores imobiliários comemoram os avanços de polos de desenvolvimento e projetos semelhantes, mas são os que não residirão nos locais futuramente alagados, congestionados e quentes.
De imediato, lamentamos os transtornos ao trânsito e à fiação elétrica com a queda de árvores, torcemos para que não haja novas mortes com mais um vendaval que se aproxima e continuamos a concretar tudo como solução. Nem tudo é alvenaria, pois até a poesia concreta é sensível à condição humana.
Adilson Roberto Gonçalves é pesquisador da Unesp, membro da Academia de Letras de Lorena, da Academia Campineira de Letras e Artes, da Academia Campinense de Letras e do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas.











