A jornada de um jornalista tem breves, e especiais, momentos de reflexão íntima e de prosa livre. Zeza Amaral era o meu “terapeuta” nos tempos de redação do Correio Popular. Mais do que um excelente ouvinte, era excepcional com as palavras.
Para cada fato da vida, Zeza tinha uma parábola pessoal que mostrava o quão a vida lhe era rara. Vivi, ao seu lado, viagens no tempo. Ganhei conhecimento a cada história contada por ele. E eram muitas as histórias que ele tinha para contar.
Zeza aproveitou cada segundo de aprendizado que sua passagem por aqui lhe permitiu experimentar. Ele foi muitos “Zezas”.
Nunca hesitou em mudar de rumo porque sempre soube que tudo é etéreo. Me falava de suas incursões políticas, de algumas rotas desgovernadas, da música que o acompanhava, da poesia de suas crônicas, dos filhos e de Beth.
Para cada personagem ou figura de Campinas, Zeza tinha um delicioso “causo” para narrar. Desconheço alguém que tenha visto a cidade com olhos tão maravilhados. Até os cantos obscuros de Campinas tinham lá sua beleza sob o olhar do meu amigo.
“Oi linda Laine” era o jeito como me cumprimentava quando nos cruzávamos pelos corredores do jornal. Para ele tudo era lindo!
Por sugestão da companheira e musa Beth, prontamente atendida pelos amigos próximos Clayton Roma, Adriano Rosa e Fábio Homem de Mello, o roteiro de Zeza Amaral estava sendo recontado. As crônicas que escreveu foram resgatadas em vídeos deliciosos exibidos em suas páginas nas redes sociais. Um novo disco estava sendo preparado.
Gestos que tinham como finalidade reunir as passagens que fizeram dele um campineiro que preferiu ver o melhor da cidade – e da vida. Não deu tempo de finalizar o disco, nem deu tempo de se despedir.
Zeza se foi à francesa, bem ao seu jeito, sem fazer alarde, discreto, saudoso, poético e sereno.
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A jornalista Laine Turati, amiga, confidente e editora-executiva do Hora Campinas, jamais esquecerá Zeza Amaral











