Um terremoto ocorrido na Argentina e sentido por moradores de Campinas, Itatiba e Indaiatuba, na noite de terça-feira (10), causou surpresa e medo na população dessas cidades da Região Metropolitana de Campinas. Porém, geólogo da Unicamp afirma que é normal que os tremores de terra sejam sentidos mesmo em longas distâncias. Várias cidades de Grande São Paulo também sentiram reflexos do tremor.
A Defesa Civil de Campinas foi acionada e fez uma vistoria em um edifício no bairro São Bernardo, após notificação de tremor por volta das 21h. De acordo com a assessoria, não foi constatado nenhum dano estrutural no local.
Já o Corpo de Bombeiros registrou chamadas das cidades de Itatiba, Indaiatuba e Campinas relatando que moradores de prédios perceberam tremores de terra.
Segundo Alvaro Crósta, Professor Titular do Instituto de Geociências da Unicamp, não é incomum que sejam percebidos abalos sísmicos ocorridos em outros países.
“A zona da cordilheira andina é bastante sísmica. Quando o tremor é muito forte há a propagação pela placa tectônica. E nós estamos na mesma placa tectônica. O tremor chega em longas distâncias, mas de uma forma mais atenuada”, explica o professor.
A Cordilheira dos Andes é uma formação geológica em forma de uma extensa região de cadeias montanhosas que passa por Peru, Chile, Argentina, Colômbia, Bolívia, Equador e Venezuela.
De acordo com o especialista, o que causa os terremotos é a movimentação das placas tectônicas.
“Nesse caso a movimentação da placa da América do Sul e a placa de Nazca, que fica no Oceano Pacífico. As duas têm superfícies de atrito, muito lenta, mas que causam esses tremores”, explica.
“Quem geralmente sente mais esses tremores distantes são as pessoas que moram em prédios e nos andares mais altos. O prédio funciona como um pêndulo. A parte de baixo está presa ao solo, mas a parte de cima pode oscilar quando há um tremor desse”, diz.
Entenda
Um tremor de magnitude 6,8 na escala Richter registrado no extremo Noroeste da Argentina, na província de Jujuy, foi sentido na região. O impacto foi sentido por volta das 20h30 desta terça-feira. A unidade do Corpo dos Bombeiros de Itatiba recebeu vários chamados e foi até o local verificar.
Um dos núcleos que relatou o tremor em solo regional foi o dos moradores de um edifício em Itatiba, onde mora inclusive o próprio prefeito da cidade, Thomás Capeletto de Oliveira. Seu prédio chegou a ser evacuado. Depois de análise técnica, os moradores voltaram para os seus apartamentos.
Em sua rede social, o prefeito publicou o seguinte post: “Boa noite pessoal. Em um fato pouco comum, vários moradores de prédios de nossa cidade relataram sentir tremores de terra após forte terremoto ter atingido o Norte da Argentina. O terremoto, de forte intensidade, foi registrado a uma profundidade de 176 quilômetros na região de Jujuy, por volta das 20h, em área próxima à fronteira com o Chile e a Bolívia.
Alguns prédios chegaram a ser evacuados pelos moradores e os bombeiros foram acionados. Após revistarem o local, os prédios foram liberados para retorno dos moradores. Nossas equipes da Defesa Civil estão de prontidão. Não há relatos de prejuízos materiais. Seguimos trabalhando”, escreveu Oliveira.
O terremoto ocorreu nesta terça-feira, com epicentro a 176km a oeste da cidade de San Salvador de Jujuy, capital da província com o mesmo nome, na fronteira com o Chile e a Bolívia, indicou o Instituto Nacional de Prevenção Sísmica (Inpres) argentino.
Relatos de outros moradores
Após o post do prefeito de Itatiba, vários moradores da cidade reforçaram as suas sensações. Eles foram às redes sociais para confirmar os tremores.
“Graças a Deus não foi nada demais. Sou moradora do Normandie, no 8º andar. E não foi o único prédio que sentiu esse tremor… Há casas no Centro que também sentiram. Os bombeiros estiveram lá e não foi constatado nada em estrutura. Acreditamos que tenha sido reflexo do terremoto!”, postou uma moradora.
“Eu senti também, achei que estava com uma tontura, vertigem. Moro no 5º andar do Monte Bianco, no São Antônio. Sensação muito ruim”, relatou outra moradora.