O manejo reprodutivo de capivaras do Parque Ecológico, em Campinas, terá início neste mês de setembro. A área verde tem cerca de 30 capivaras e será o quarto parque da cidade a receber os serviços. A esterilização dos animais tem objetivo de reduzir o risco de transmissão da febre maculosa por meio da redução de nascimentos de filhotes.
A ação é promovida pela Prefeitura de Campinas por meio da Secretaria Municipal do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade. Até agora, 147 animais já passaram por manejo e esterilização.
O processo inicia com a ceva (alimentação controlada em locais e horários específicos), passando pela captura do grupo e realização das cirurgias. Uma equipe de quatro veterinários é responsável pelos procedimentos.
Segundo o assessor técnico da Pasta, Rodrigo Pires, que coordena o serviço, além do controle populacional, o manejo é importante para ajudar a proteger os próprios animais. “O manejo reduz as brigas por territórios e possíveis ferimentos decorrentes disso”, destaca.
Desde que o programa começou, em outubro de 2024, já foram contemplados pela ação a Lagoa do Taquaral, Lago do Café e Parque das Águas. Conforme a secretaria, do total de procedimentos, houve óbitos em apenas oito casos, sendo dois no Parque das Águas, último local contemplado.
“Todas as medidas possíveis são tomadas para preservar o bem-estar dos animais e garantir que eles passem pelo mínimo de estresse possível, mas as capivaras são animais de vida livre e não é possível saber o histórico de saúde delas até que se inicie o procedimento”, garante Pires.
Entre as medidas adotadas pela secretaria estão, por exemplo, a instalação de câmeras e dispositivos de captura automática, que limitam a interação dos profissionais com os animais ao estritamente necessário. O recinto é fechado automaticamente quando as capivaras entram no espaço, e os profissionais podem monitorar previamente o comportamento dos animais. O sistema já foi utilizado no Parque das Águas e deve ser implementado também no Parque Ecológico. Todo o processo é autorizado pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
Febre maculosa
A febre maculosa é uma doença grave, com alta letalidade. Ela é causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, transmitida para as pessoas por meio da picada do carrapato-estrela, presente no ambiente e encontrado em diversos animais, inclusive nas capivaras.
O período de incubação, desde a picada do carrapato até a manifestação dos sintomas, é de dois a 14 dias.
Campinas registrou desde janeiro deste ano quatro casos de febre maculosa. Três são de residentes em Campinas.
2023 (ano todo) – 20 casos (16 com transmissão em Campinas) e sete óbitos de residentes.
2024 (ano todo) – oito casos (todos com transmissão em Campinas) e um óbito de residente.
2025 (desde janeiro) – quatro casos (dois com transmissão em Campinas) e três óbitos de residentes.
Nessa semana a Secretaria de Saúde reforçou o alerta para a população sobre cuidados no período de sazonalidade ligada à febre maculosa. Além disso, foram enviadas mensagens com orientações para que profissionais de saúde, principalmente médicos, estejam atentos ao diagnóstico da doença.
O período de sazonalidade da febre maculosa começou em maio e vai até novembro. Neste intervalo há predomínio das fases jovens do carrapato-estrela no ambiente, conhecidas como “micuim” (larvas) e “vermelhinho” (ninfas), o que aumenta o risco de transmissão e ocorrência da doença. Isso porque o carrapato é menos seletivo quanto ao hospedeiro nas fases jovens de vida e pode parasitar qualquer animal, inclusive o ser humano que frequenta áreas com vegetação, especialmente onde há cavalos, capivaras e outros animais silvestres (saiba mais aqui).
LEIA TAMBÉM:
Campinas tem registro de mais dois óbitos por febre maculosa
Saúde de Campinas reforça alerta sobre sazonalidade ligada à febre maculosa











