Uma das principais referências no trabalho de memória política no país, o Núcleo de Preservação da Memória Política – NM, em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), por meio da Biblioteca de Obras Raras “Fausto Castilho” – BORA e pelo Laboratório de Arqueologia Pública Paulo Duarte (Nepam/Unicamp), apresentam a exposição Ausências Brasil, do fotógrafo argentino Gustavo Germano — uma obra de profundo impacto visual e simbólico sobre os desaparecimentos forçados durante a ditadura militar (1964 – 1985) no Brasil.
A exposição “Ausências Brasil ficará aberta ao público desta sexta-feira (7) até 10 de janeiro de 2026.
Visando lançar um olhar sensível sobre o tema da perseguição política e os desaparecidos do período da ditadura militar (1964-1985), os visitantes conhecerão rostos, histórias e poderão refletir sobre as possibilidades das vidas ceifadas pela brutalidade do sistema repressor. Neste sentido, as ausências nas obras do fotógrafo argentino Gustavo Germano revelam muitas presenças. A presença da dor e da saudade, a presença da injustiça e seus paradoxos, a presença da própria pessoa desaparecida.
O projeto da Exposição Ausências iniciou-se na Argentina, motivado pelo desaparecimento de seu irmão, Eduardo Raúl Germano, que foi detido e desaparecido pela ditadura argentina em 17 de dezembro de 1976, e cujos restos mortais foram identificados somente em 2014 pela Equipe Argentina de Antropologia Forense. O projeto se expandiu para outros países latinos, a maioria alvos da Operação Condor – campanha de repressão e terrorismo de Estado orquestrada pelas ditaduras no Cone Sul, com o apoio dos Estados Unidos. Em 2012, nasceu o projeto “Ausências Brasil”, que conta com 12 histórias de pessoas brasileiras desaparecidas durante a ditadura militar, cobrindo locais do Ceará ao Rio Grande do Sul.
Além das fotografias, haverá uma série de atividades educativo-culturais, como visitas mediadas, rodas de conversa com ex-presos políticos relacionado ao tema, fomentando debates sobre os impactos da violência de Estado, tanto no passado quanto no presente. Com o objetivo de formar cidadãos mais conscientes e críticos, a exposição reflete sobre os abusos de poder, as perseguições e os desaparecimentos forçados ocorridos durante a ditadura militar no Brasil (1964–1985) e suas repercussões na atualidade.
Um dos objetivos do projeto, segundo a museóloga do NM Kátia Felipini Neves, é refletir sobre a democracia e rechaçar a ditadura. “Cada vez que a gente apresenta essa exposição, é uma forma de reparar essas famílias”, diz.
A escolha da Unicamp como sede da exposição reforça o papel da universidade pública como espaço de resistência, de reflexão crítica e de formação cidadã. A Biblioteca de Obras Raras, por sua vez, é um local simbólico e de profundo valor cultural e acadêmico, voltado à preservação da memória intelectual e documental.
“Ao acolher Ausências Brasil, a Universidade Estadual de Campinas reafirma seu compromisso com a memória histórica, conectando passado e presente em um exercício de consciência coletiva”, afirma. A realização da exposição conta ainda com o apoio e a parceria do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (NEPAM), que faz parte dos Centros e Núcleos da Universidade (COCEN), do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), da Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) e do Departamento de História da Unicamp — instituições que reafirmam a importância da abordagem interdisciplinar e do engajamento acadêmico na defesa dos direitos humanos.
O Núcleo Memória é uma instituição dedicada à preservação da memória política e à promoção dos direitos humanos e conta com uma vasta agenda de ações, como as visitas mensais ao antigo DOI-Codi/SP, os Sábados Resistentes no Memorial da Resistência de São Paulo e cursos voltados para o campo da memória política.
Agenda da Exposição
07 de novembro – sexta-feira
9h às 11h – Visita educativa mediada
13h – Abertura Oficial, com a presença de Maurice Politi e Katia Felipini do NM, Antonio Donato (PT), Danielle Thiago Ferreira – Coordenadora BORA, Aline de Carvalho – Coordenadora do NAP/Nepam e Cristina Meneguello – Coordenadora da Olimpíada Nacional em História do Brasil – Departamento de História – IFCH
14h – Roda de Conversa com ex-presos políticos: Maurice Politi e Manoel Cyrilo
13 de novembro (quinta-feira)
14h – Formação de Educadores e Roda de Conversa com ex-presos políticos
Serviço:
Exposição Ausência Brasil na Unicamp – Biblioteca de Obras Raras “Fausto Castilho” – BORA
De: 7 de novembro a 10 de janeiro de 2026.
Onde: R. Sérgio Buarque de Holanda, 441 – Cidade Universitária, Campinas.
Entrada: Gratuita
Horário de Visitação: De segunda à sexta das 9h às 17h. Sábados e Domingo fechados.
Visitas educativas: a exposição contará com educadores para mediação das visitas tanto para grupos pequenos como para grupos escolares. A exposição conta com recursos de audiodescrição para deficientes visuais.
IMPORTANTE: A biblioteca entrará em recesso de fim de ano de 22 de dezembro de 2025 a 04 de janeiro de 2026.











