As medidas sanitárias adotadas contra a pandemia do coronavírus, e também a melhora dos números da vacinação contribuíram para a queda vertiginosa do número de casos de sarampo no estado de São Paulo. Houve redução de 99,5% no total de registros nos primeiros meses deste ano na comparação com o mesmo período de 2020. São Paulo registrou somente cinco casos – dois deles na Região Metropolitana de Campinas.
Os cinco registros de sarampo em 2021, até o dia 10 deste, mês foram nos municípios de São Bernardo do Campo, Campinas, Americana, Altinópolis e na Capital. Até a metade do ano passado, Campinas havia confirmado 17 ocorrências da doença, número bem inferior às 173 anunciadas em todo o ano de 2019.
Houve um registro em Campinas no primeiros meses de 2021, contra 17 no mesmo período de 2020
Todos os casos de sarampo do estado em 2021 foram em crianças, sendo dois casos na faixa de 6 a 11 meses, quando a aplicação da vacina tríplice viral deve ocorrer. Os outros três ocorreram na faixa de 1 a 9 anos, que também pode receber as doses caso não tenham sido contempladas quando bebês. Nenhum deles tinha esquema vacinal completo e havia histórico de comorbidades.
Em 2020, até 10 de agosto, foram 772 casos e um óbito. No decorrer de todo o ano, houve 883 casos, com presença em todas as regiões do estado. Desse total, 354 casos tinham sido em crianças menores de 9 anos (40%), e o único óbito registrado foi também nesta faixa etária.
O balanço do ano passado demonstra ainda os resultados importantes da intensificação da vacinação deste público, que resultaram na queda na prevalência da doença entre o público de 1 a 29 anos. Este grupo totalizou 338 casos (38% dos registrados em 2020), contra 80% em 2019, quando a circulação chegou ao pico em SP.
Naquele ano, houve um total de 17.976 casos e 18 vítimas fatais, e as pessoas de até 29 anos respondiam por 80% dos infectados e 61% dos óbitos. Campanhas de imunização foram realizadas com foco na população ainda não adequadamente imunizada com essa faixa etária, e resultaram em 4,7 milhões doses aplicadas. O mesmo ocorreu em 2020, com 2 milhões de aplicações nesse público. Em 2019, Campinas aplicou quase 100 mil doses de vacina contra o sarampo.
Infecção
A infecção pelo sarampo ocorre por meio de gotículas de saliva com partículas do vírus dispersas em aerossol, que favorecem a transmissibilidade – cada infectado pode transmitir para até 18 pessoas. Deste modo, o uso de máscaras de proteção facial, obrigatórias no Estado de São Paulo, o isolamento social e o incentivo à higienização das mãos e ambientes contribuíram para a redução também do sarampo, analisa a médica de Divisão de Imunização, Helena Sato. A vacina contra a doença está disponível no Brasil desde a década de 1960.
Nos últimos anos, os índices de cobertura vacinal em crianças com até 12 meses, período recomendado para fechamento correto do ciclo vacinal, têm ficado abaixo do necessário – a cobertura foi de 85% em 2020, e de 91% em 2019.
“A meta da cobertura vacinal contra o sarampo é de 95%. Assim como ocorre com outras doenças, somente a conclusão do esquema vacinal é capaz de garantir a devida proteção. Por este motivo, pais ou responsáveis devem continuar levando as crianças aos postos de vacinação para proteção contra as doenças prevenidas pelas vacinas, e aqueles que não tomaram todas as doses necessárias na faixa etária adequada, também precisam se vacinar” esclarece Sato.
A vacina tríplice viral (primeira dose) previne contra sarampo, caxumba e rubéola. Já a tetra viral é aplicada na sequência (funcionando como uma segunda dose), e também previne a varicela. Ambas fazem parte do calendário de rotina, ou seja, estão disponíveis nos postos de vacinação durante o ano todo.