O montanhista de Campinas Rodrigo Raineri faleceu nesta sexta-feira (5), aos 55 anos, em um acidente de parapente naquele que seria seu segundo voo no norte do Paquistão. Há três dias, Raineri postou no Instagram: “Segue mais um vídeo do meu último voo em Karimabad, primeira etapa do projeto Voando Alto!”. Karimabad fica no norte do Paquistão e, no texto, Raineri detalhava se tratar de seu recorde pessoal de altitude com parapente, a 6 mil metros. “Sigo firme rumo aos voos mais altos do planeta”, postou em sua página.
A polícia paquistanesa informou que o acidente foi causado por um rompimento do parapente, o que é questionado por quem o conhecia e entende de voos livres. “Não sabemos detalhes ainda, mas com certeza esse não foi um acidente qualquer, um parapente não se rompe simplesmente”, afirma o amigo Tomás Gridi Papp.
Rodrigo, conta o amigo Tomás Gridi Papp, era muito meticuloso com questões de segurança e utilizava no voo um equipamento de alta tecnologia, recém-adquirido. “Conheço o Rodrigo muito bem, a gente fez muitas escaladas juntos. Ele era muito cuidadoso e técnico. Esse equipamento tinha sido comprado por ele na França e enviado para o Paquistão”, conta.
Montanhistas brasileiros estão surpresos e abalados pela morte de um dos mais experientes e técnicos alpinistas do Brasil, o primeiro do país a chegar três vezes ao cume do Everest, a montanha mais alta do planeta, e que também já havia descido do Mont Blanc de parapente. Rodrigo também foi o primeiro brasileiro a guiar expedições nos sete cumes, as montanhas mais altas de cada continente.
As informações iniciais de que o parapente estourou não fazem sentido para quem o conhecia e entende de voo livre. São notícias que precisam de investigação.
“A gente não sabe os detalhes, mas não é um acidente qualquer. Falar que estourou o parapente, isso não existe. Ele estava com um equipamento novo, super top. Pelas notícias, houve uma complicação na decolagem, mas a gente não sabe ainda o que aconteceu”, analisa.
Dentre as possíveis complicações que podem ocorrer numa decolagem, explica Tomás, pode ter tido fechamento da vela muito próximo do chão, uma corrente de ar ou alguma intercorrência climática. “O voo livre desenvolveu demais hoje em dia. Ele é muito seguro com o piloto certo, equipamento certo e no lugar certo. Há uma série de julgamentos a ser feito no momento da decolagem e o Rodrigo era muito bom e experiente em tudo isso”.
Desde os tempos em que cursava a faculdade de engenharia da Unicamp, Rodrigo Raineri flertava com o montanhismo, escaladas em rocha e gelo e as altas montanhas. Ao lado de Tomás e de Vitor Negretti, que faleceu em 2006 quando descia do cume do Everest, eles fundaram o grupo excursionista Gaia e também criaram uma parede de escalada na Faculdade de Educação Física da Unicamp, que deu origem ao GEEU (Grupo de Escalada Esportiva da Unicamp).
Traslado
Amigos e familiares de Raineri se concentram agora em tentar trazer o corpo do montanhista para o Brasil. O líder do Podemos na Câmara dos Deputados, Romero Rodrigues (PB), pediu providências ao Ministério das Relações Exteriores.
“Em atenção à família Ranieri, venho solicitar a vossa excelência [ministro Mauro Vieira] que determine o envolvimento da Embaixada do Brasil em Islamabad nos procedimentos de traslado do corpo e todos os demais trâmites administrativos necessários para garantir o atendimento das necessidades dessa família com a maior brevidade possível”, destacou o deputado do Podemos
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