A pesquisa de Sondagem Industrial de agosto, divulgada pelo Ciesp-Campinas na última semana, mostrou indicadores de estabilidade entre as empresas da região em relação a agosto, primeiro mês em vigor da tarifa de 50% imposta pelo governo de Donald Trump a produtos brasileiros. O levantamento apontou produção estável para 64% das indústrias associadas, além de estabilidade no faturamento (64%), inadimplência (91%) e endividamento (91%).
Entre os associados, a perspectiva de risco de demissões também caiu, de 17% em julho para 9% em agosto. No total, as empresas empregam 97.954 colaboradores.
Apesar da estabilidade inicial, o cenário externo é de alerta.
O vice-diretor do Ciesp-Campinas, Valmir Caldana, destacou que as tarifas impostas pelos Estados Unidos inviabilizam as exportações brasileiras para o país, exigindo que as empresas busquem alternativas para outros compradores.
“Essa é a dinâmica das empresas atualmente. Diversificar o mercado e encontrar compradores que paguem igual ou melhor. Se encontrar compradores, dificilmente voltará para o mercado dos Estados Unidos”, acrescentou Caldana.
O balanço mostrou que, em julho, os Estados Unidos ainda eram o principal destino das exportações da indústria regional.
No período, empresas do país norte-americano compraram mais de US$ 57 milhões (17,88%) em produtos da RMC. Em seguida vieram Argentina (US$ 50,42 milhões – 15,78%) e México (US$ 17,92 milhões – 5,61%).

Para o diretor de Comércio Exterior da entidade, Anselmo Riso, a linha de crédito de R$ 30 bilhões do Fundo Garantidor de Exportações (FGE), parte do plano “Brasil Soberano” — lançado para mitigar os impactos da elevação unilateral das tarifas dos EUA — traz um alívio imediato, mas é uma solução de curto prazo.
Riso explicou que o grande desafio está na abertura de novos mercados internacionais, o que é sempre um processo demorado, envolvendo negociações, exigências regulatórias e até adaptação de produtos.
“Embora o financiamento temporário seja muito bem-vindo para dar um fôlego imediato ao caixa das empresas, ele não substitui a necessidade de uma estratégia de médio e longo prazo. As empresas vão precisar diversificar destinos, investir em inovação, buscar acordos comerciais mais robustos, para reduzir as dependências de mercados que hoje se mostram estáveis. Em resumo, o pacote ajuda, mas não resolve”, pontua.
“O verdadeiro caminho é fortalecer a competitividade e ampliar a presença global do Brasil para que choques externos como este tenham um impacto cada vez menor no futuro”, finalizou o diretor de Comércio Exterior do Ciesp-Campinas.
Questionadas sobre mercados com maior potencial para absorver exportações que deixarem de ir aos EUA, 58% das empresas citaram “outros destinos das Américas”, 17% “Ásia”, 17% “Europa” e 8% “Oriente Médio”. No caso das importações, 46% indicaram a Ásia como principal substituta dos EUA, 37% Europa, 13% outros destinos das Américas e 4% Oriente Médio.
O Ciesp-Campinas reúne 590 empresas associadas em 19 municípios, com faturamento conjunto de R$ 53 bilhões anuais.
Balança comercial regional
Em julho de 2025 o valor exportado foi de US$ 319,5 milhões – 16,02 % maior que em julho de 2024. O acumulado no ano (período de janeiro a julho) foi de US$ 2,039 bilhões – 2,65% maior que no mesmo período anterior.
Já as importações no mesmo mês foram de US$ 1,449 bilhão – 31,7% maior do que em julho do ano passado. O acumulado no ano é de US$ 8,186 bilhões – 18,38% maior que no mesmo período de 2024.
O déficit em julho de 2025 foi de US$ 1,130 bilhão – 36,06% maior que o registrado em julho de 2024. O déficit acumulado no ano é de US$ 6,144 bilhões – 24,72% maior que no mesmo período de 2024.
A corrente de comércio exterior regional (soma das exportações e importações) em julho de 2025 foi de US$ 1,769 bilhão – 28,07% maior que em julho de 2024. A corrente acumulada em 2025 é de US$ 10,223 bilhões – 14,87% maior que no mesmo período de 2024.
Os principais municípios exportadores foram Campinas (30,26%), Paulínia (27,43%), Sumaré (9,10%), Mogi Guaçu (8,57%) e Valinhos (4,80%).
Já os municípios que mais importaram foram: Paulínia (46,95%), Campinas (19,65%), Hortolândia (8,09%), Sumaré (7,82%), Jaguariúna (6,60%) e Valinhos (5,92%). O percentual do município refere-se a sua participação em relação ao total da Regional no Balanço Mensal.
Os três principais destinos das exportações acumuladas no ano de 2025 foram: Estados Unidos (US$ 395,68 milhões – 19,40%), Argentina (US$ 289,03 milhões –14,17%) e México (US$ 108,78 milhões – 5,33%).
Já as importações acumuladas no ano foram: China (US$ 2,264 bilhões – 27,67%), Estados Unidos (US$ 1,369 bilhão – 16,73%) e Índia (US$ 596,66 milhões – 7,29%).











