Fundada em 17 de janeiro 1954, a Casa da Criança Paralítica de Campinas inicia 2024 com as obras da nova Oficina Ortopédica, concretizando a segunda etapa da Oficina Locomover. Prevista para inaugurar no segundo semestre, a Oficina Ortopédica irá confeccionar órteses e próteses para pessoas com deficiência física que necessitam de dispositivos para apoiar ou substituir um ou mais membros do corpo, permitindo melhoria da funcionalidade e participação ativa na sociedade.
Atualmente, a Locomover faz a adaptação e conserto de cadeiras de rodas e, em cinco anos de funcionamento, realizou serviços em 2 mil cadeiras de rodas aproximadamente. O projeto, iniciado em 2018 com apoio da Fundação FEAC, ao ser concretizado, transformará a Locomover na primeira oficina ortopédica de Campinas e região.
“Temos um pool de financiadores, sendo a Fundação FEAC um dos principais. Os demais parceiros do projeto são a Secretaria Municipal de Saúde de Campinas; emendas parlamentares; emendas impositivas municipais; o Juizado Especial Criminal (Jecrim); o Ministério Público do Trabalho (MPT) e Edward Gostling Foundation, da Inglaterra. Serão beneficiadas pessoas com deficiência física e/ou mobilidade reduzida que necessitam de órteses e próteses, residentes em Campinas, independentemente da faixa etária e da região de moradia”, diz gerente técnica da CCP, Sílvia Bertazzoli.
“As órteses e próteses desempenham um papel crucial na promoção da funcionalidade, mobilidade e qualidade de vida de pessoas com deficiências físicas. Das crianças e adolescentes que realizam reabilitação na CCP, por exemplo, 80% fazem uso de órteses”, explica Silvia.
Novo Bazar
Outra novidade recente foi a abertura da segunda unidade do Bazar do Sonho, que representa uma maneira de ampliar a receita da Casa por meio de um negócio de impacto social, baseado na economia circular.
Localizada numa área em constante crescimento e com diversos tipos de uso e ocupação, como condomínios residenciais, casas, comércios e serviços – na Avenida Baden Powell, 1126, Jardim Nova Europa – a unidade ocupa um container instalado em uma praça, com autorização da autarquia municipal SETEC (Serviços Técnicos Gerais), sempre de segunda à sexta, das 8h às 17h e aos sábados, domingos e feriados, das 8h às 12h.
A primeira unidade do Bazar, em operação desde 2004, funciona em um espaço ao lado da sede da instituição, na Rua Pedro Domingos Vitali, 160, no Parque Itália.
Hoje, o Bazar do Sonho representa 19% da receita total da CCP. Com a segunda unidade, a expectativa é que essa participação passe para 25% em um ano.
Pilates
Uma inovação que somente a Casa da Criança Paralítica possui em Campinas são as aulas de Pilates para otimizar e melhorar a processo de reabilitação de crianças e jovens com deficiência. Durante os exercícios do Pilates, o paciente melhora o condicionamento físico e a flexibilidade, entre outros benefícios, colaborando para sua reabilitação.
A concentração que o método exige auxilia ainda na interação do corpo com a mente. “Inovação e competência são as principais palavras para definir o trabalho desenvolvido pela Casa quando se trata do processo de reabilitação de pacientes. O método Pilates é mais uma especialidade que ajuda centenas de crianças e jovens a terem uma qualidade de vida ainda maior”, diz Silvia Bertazzoli.

Atendimento gratuito
A Casa da Criança Paralítica oferece atendimento multidisciplinar gratuito a crianças, adolescentes e jovens com deficiência física, nas áreas de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, médica, odontologia, psicologia, nutrição, serviço social e pedagogia, além de orientação psicológica e jurídica à família.
Em sua sede, são atendidos mais de 378 pacientes por mês, a maioria de baixa renda. Ao longo desses 70 anos de atividades, cerca de 18 mil pessoas já passaram pela instituição.
“A CCP é referência para milhares de crianças e suas famílias, que vivenciam a necessária atenção profissional para inclusão social. Pacientes que tiveram a vida transformada porque não ficaram relegados ao desamparo vivenciado por tantas pessoas com deficiência no Brasil”, observa Norberto Mattei, presidente da instituição.
Segundo ele, o propósito da CCP ao longo de sua história foi apostar na profissionalização da instituição. “Sem essa profissionalização do quadro técnico e de apoio, uma instituição desaparece. Mas buscamos sempre atender às novas formas de deficiência da criança e do adolescente com uma equipe de pessoas atualizadas e comprometidas, que nos ajudam a vencer os obstáculos do dia a dia.
História
O dia 17 de janeiro de 1954 marcou a fundação da Sociedade Campineira de Recuperação da Criança Paralítica, idealizada pelo médico Ernani Fonseca e um grupo de campineiros interessados em montar uma clínica especializada no tratamento de vítimas da paralisia infantil (poliomielite), doença que havia atingido, com graves complicações, mais de 500 mil crianças em todo o Brasil.

O serviço funcionava em um pequeno imóvel localizado na Rua Luzitana, no Centro de Campinas. Sete anos depois, em 1961, a vacina que erradicou a poliomielite começou a ser usada em campanhas públicas e, a partir daí, a gotinha milagrosa erradicou a doença sem deixar novas vítimas. Com isso, a clínica passou a atender crianças com limitações físicas diversas, seja por causas genéticas ou por acidentes.
Hoje, a Casa da Criança Paralítica conta com um quadro de 66 colaboradores e 42 voluntários, que se dedicam em prol da causa da pessoa com deficiência, tendo sempre como metas principais a inovação e a competência.
Entre os projetos atuais destacados pelo presidente estão o projeto Reabilitação, Estimulação, Desenvolvimento e Inclusão (REDI), que tem por objetivo oferecer atendimento multidisciplinar e orientação em domicílio às pessoas com deficiência física.
“Neste projeto, os profissionais das áreas de fisioterapia, terapia ocupacional e serviço social vão até as áreas carentes de determinada região, descobrem as crianças e jovens não atendidas pela estrutura do município e realizam ações para sua inclusão. Outro projeto iniciado que nos orgulha é o Conexões, que desenvolve ‘planos de vida’ para jovens e adolescentes de 15 a 29 anos atendidos pela instituição para que possam ingressar no mercado de trabalho com qualificação profissional, por meio do aprendizado da tecnologia”, conclui o presidente.
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