Campinas foi escolhida para iniciar a implantação do Programa SuperAção SP, estratégia estadual voltada à superação da pobreza e fortalecimento da proteção social. A primeira reunião para alinhar metas, modelo de governança e cronograma ocorreu nesta segunda-feira, 29 de setembro, com a presença do prefeito Dário Saadi e da secretária estadual de Desenvolvimento Social, Andrezza Rosalém.
O Hora Campinas revelou na edição deste domingo (28), com exclusividade, a escolha de Campinas para abrir o programa. Na metrópole sede da RMC, 50 agentes acompanharão 4.355 famílias em situação de vulnerabilidade social.
Durante o encontro desta segunda-feira, o prefeito destacou a importância da ação conjunta com o Governo do Estado. “Campinas está pronta para essa parceria. Ser a primeira cidade a implementar o programa reforça nosso compromisso com a inclusão social e o atendimento às famílias em situação de vulnerabilidade”, afirmou Dário.
A secretária Andrezza Rosalém explicou que o SuperAção SP combina proteção social com inclusão produtiva, por meio de acompanhamento familiar por até dois anos.
“É uma estratégia de enfrentamento à pobreza que une renda, qualificação e acesso a direitos, com foco direto nas famílias que mais precisam”, destacou.

Como funciona o programa
O SuperAção SP combina proteção social, qualificação e inclusão produtiva em uma jornada de até dois anos, seguida de monitoramento por mais seis meses. Podem participar famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico), com registro atualizado nos últimos 24 meses e renda per capita inferior a meio salário mínimo (R$ 759 em 2025), sem considerar outros auxílios sociais.
A busca ativa será feita pelos agentes do programa, para que as famílias não precisem se deslocar até as unidades de assistência.
O programa é dividido em duas trilhas. A Trilha de Proteção Social é voltada a famílias em situação de maior vulnerabilidade, como aquelas sem adultos em idade ativa, dependentes de cuidados ou em situação de rua. Elas são atendidas por meio dos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) do município e serviços como o Paif (Proteção e Atendimento Integral à Família) e o SCFV (Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos). Essas famílias podem receber o Auxílio de Proteção Social, pago mensalmente por até 24 meses, no valor de R$ 150,33 por pessoa.
Já a Trilha de Superação da Pobreza é voltada a famílias com potencial de inclusão no mercado de trabalho.
O atendimento começa com duas visitas domiciliares para diagnóstico das vulnerabilidades e potencialidades de cada núcleo familiar. A partir desse levantamento, é elaborado o Plano de Desenvolvimento Familiar (PDF), que estabelece metas de curto, médio e longo prazo voltadas à capacitação, formação e inclusão no mundo do trabalho. Cada agente acompanhará até 20 famílias, com visitas semanais nos dois primeiros meses e, depois, quinzenais ou mensais, conforme a evolução de cada caso.
A modalidade também inclui incentivos financeiros para cada etapa cumprida: R$ 200 ao fim do primeiro mês de atendimento, R$ 1.200 em duas parcelas para viabilizar a participação em cursos presenciais, R$ 600 para membros da família que completarem um curso previsto no seu plano de desenvolvimento e um bônus final de até um salário mínimo paulista para quem concluir os três módulos — Proteger, Desenvolver e Incluir – proposto pelo programa como solução para as famílias alcançarem a autonomia.
Formação e parcerias
O módulo de desenvolvimento inclui trilhas de formação técnica e apoio ao empreendedorismo. Os cursos serão definidos a partir do perfil de cada família para garantir aderência às demandas do mercado de trabalho. “Se a família quiser atuar na área de mecânica ou gastronomia, haverá cursos técnicos voltados a essas áreas. Também vamos preparar para o emprego formal, ajudando na elaboração de currículo, intermediação de mão de obra e conexão com vagas. Para quem optar pelo empreendedorismo, haverá apoio para desenvolver plano de negócios, precificação e captação de recursos”, diz Rosalém.
O programa já tem parcerias com Sebrae, Fiesp, a plataforma Trampolim — que reúne vagas de emprego e cursos — e secretarias estaduais de Cultura e Desenvolvimento Econômico.
Está prevista ainda articulação com o empresariado local, associações comerciais e cooperativas para criar pontes entre a formação das famílias e as vagas disponíveis. “Se a gente quer ter inclusão produtiva, a gente precisa dialogar com quem gera emprego”, reforça a secretária.
Origem do programa
Rosalém explicou que o SuperAção SP foi construído a partir de estudos sobre programas nacionais e internacionais, como o Puente–Chile Solidário e o Bolsa Família, do Governo Federal. Ela ressaltou que o projeto também se baseia nos conceitos do economista Ricardo Paes de Barros — um dos idealizadores do Bolsa Família no primeiro governo Lula, que também participou de iniciativas nas gestões Michel Temer e Jair Bolsonaro — e que defende, no estudo Diretrizes para o desenho de uma política para a superação da pobreza (citado pela secretária como uma das inspirações do programa), que a superação da pobreza só é efetiva quando acompanhada de geração de renda autônoma.
“Não que a transferência de renda não seja importante e necessária, mas temos que dar um passo para além dela e olhar essas famílias de uma forma mais integral”, ponderou.
Para Rosalém, o que diferencia o SuperAção de outras iniciativas é justamente essa abordagem integrada. “Antes de promover a inclusão produtiva, precisamos garantir proteção social. A família precisa ter acesso a benefícios, educação, saúde, habitação e outros direitos básicos. Só assim ela estará pronta para avançar para capacitação e geração de renda.”
Segundo a secretária, esse foi o ponto de partida para a criação do programa paulista. Ela diz que a equipe analisou mais de 29 experiências no Brasil e no Exterior, trouxe especialistas do Chile e dialogou com o J-PAL, uma das principais instituições de avaliação de impacto do mundo, para construir uma política pública conectada à economia paulista.











