A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) retomou nesta segunda-feira (14) as aulas presenciais para todos os cerca de 20 mil alunos de graduação, incluindo os 3.559 ingressantes. A universidade investiu em tecnologia e novo rearranjo físico para manter o distanciamento físico entre os estudantes. Um comitê também vai avaliar diariamente o perfil epidemiológico da comunidade acadêmica para agir em casos de confirmação da Covid-19.
A coordenadora geral da Unicamp, professora Maria Luiza Moretti, afirmou que a retomada vem sendo planejada há quase um ano. “A universidade vem se preparando para o retorno há quase um ano, quando assumimos a gestão, com vacina, protocolo de testagem, medidas preventivas, e contamos com a ajuda dos diversos profissionais da universidade. A retomada vem com a ajuda da ciência. Todo o planejamento foi feito com base na ciência e avaliação da situação epidemiológica”, disse.
De acordo com a coordenadora, foi criada uma força-tarefa que visitou todas as unidades e todas as salas de aulas de todos os campi (Campinas, Limeira e Piracicaba) para verificar as condições que precisavam ser melhoradas para receber os alunos.
Segundo Ivan Toro, pró-reitor de Graduação, o levantamento estabeleceu quantos alunos caberiam em cada sala de aula, respeitando o distanciamento de 1 metro entre todos. “Perto de 10% das 3.865 disciplinas precisaram sofrer alteração, com mudança de sala para salas maiores, e também com o uso de salas gêmeas, onde os alunos de uma mesma disciplina ficam divididos por sala. O professor fica em uma sala, com parte da turma e aula é transmitida via tecnologia para a outra sala. Na semana seguinte o professor fica na outra sala. A universidade investiu em equipamentos educacionais perto de R$ 4 milhões”, destacou.
Cerca de R$ 101 milhões foram reservados para investimentos na permanência estudantil, além de aumento no número de concessão de bolsas e no valor delas.
Seguindo determinações do governo estadual, o uso de máscaras em ambientes abertos passa a ser facultativo aos estudantes.
“O que exigimos dentro dos campi é a vacinação obrigatória para todos. Nos ambientes internos vamos manter as máscaras. Se o governo liberar as máscaras também nos ambientes fechados, nós vamos avaliar nossa comunidade local antes de liberar em ambientes fechados também”, ressaltou Maria Luiza Moretti.
Pesquisas serão implantadas pelo Plano de Vigilância e Circulação Viral dentro dos campi para verificar a circulação viral na comunidade interna.
“Em caso de um positivo entre os estudantes haverá o afastamento da pessoa, atendimento médico e testagem das pessoas que tiveram contato de forma desprotegida com essa pessoa por mais de 15 minutos. Mas só ela será afastada porque todos os alunos estarão de máscara e com distanciamento e vacinados, então estarão protegidos, reforça a coordenadora geral.
A universidade ainda fará a distribuição gratuita de máscaras e álcool gel para todos os estudantes.
Os estudantes ouvidos pelo Hora Campinas, em sua maioria, são favoráveis à volta às aulas presenciais.
Amanda Ricciotti Vasconcelos, de 19 anos, estudante de física biomédica, é uma delas. “Eu acho que é uma coisa que pode ser muito positiva, principalmente porque tava difícil aprender com EAD, eu particularmente, estava tendo bastante dificuldade. Mas eu acho que a gente ainda tem que tomar muito cuidado. Porque se a gente não tomar cuidado e ficar agindo como se a pandemia tivesse simplesmente acabado, a gente pode piorar muito”, avalia.
Fernanda Fraga Nascimento, de 19 anos, que está no Curso 51, que é a porta de entrada para Engenharia Física; Física; Física Médica; Física Biomédica; Matemática; Matemática Aplicada e Computacional, concorda com a colega.
“Eu acho muito importante voltar às aulas porque para mim a Educação tem que ser uma prioridade, mas tem que ser uma volta segura, com todos os protocolos sendo cumpridos, e monitoramento dos casos de Covid. A volta é muito importante até porque eu estudei um ano on-line na pandemia e não é a mesma coisa de estudar presencialmente”, afirma.
A estudante Beatriz Julião, de 18 anos, que também está no Curso 51, tem a mesma opinião.
“É muito importante voltar às aulas presencialmente. Eu entendo a preocupação da pandemia, eu também me preocupo, estou tomando meus cuidados, mas para o aprendizado faz muita diferença. Estou achando muito bom voltar às aulas e eu acho que é uma prioridade. Uma das primeiras coisas que deveria voltar seria o ensino, voltar à faculdade. A aula presencial é muito importante para aprendizado do aluno e para o desenvolvimento”, diz.
Sabrina Zani, aluno do curso de Matemática, prefere o ensino à distância. “Eu estou bastante ansiosa e com medo porque EAD era muito mais fácil, e agora tem todas as distrações de muita gente nova, então vai ser uma complicação”, aposta.
“É uma alegria caminhar pelo campus e ver os alunos nos espaços. Nós queremos os alunos nos campi. O desenvolvimento dos jovens depende de várias razões, entre elas a Educação. Na universidade vão ter a oportunidade de se encontrar, de trocar ideias, crescer como pessoas, crescer cognitivamente, na personalidade. Temos essa responsabilidade importantíssima”, finaliza Maria Luiza Moretti, coordenadora geral da Unicamp.