Tenho estudado sobre psicanálise, pois penso que ela possa agregar nas relações humanas e principalmente na minha relação e entendimento comigo mesmo. Andei dando uma olhada em Freud e sua teoria do recalque e repressão dos desejos, andei olhando Jung e sua psicanálise através das palavras e me deparei com Lacan, grande nome na área. Hoje separei uma frase deste grande pensador para que possamos explorar juntos através da arte da provocação, grande instrumento da filosofia; peço que me acompanhe nessa empreitada.
A frase provocativa por si só de Lacan é: “- Doenças são palavras não ditas!”. Pois bem, vale ressaltar que a psicanálise surge com Freud, um grande neurologista, cientista.
Só aqui com essa informação já temos ideia de onde Lacan quer chegar: doenças psicossomáticas!
Você conhece alguém que “do nada” começa a sentir incômodos corporais? Conhece quem “do nada” seja diagnosticada por problemas físicos, doenças, que podem até levar a risco de vida?!
Bem-vindo às chamadas doenças psicossomáticas, elas iniciam na mente, quiçá no inconsciente onde são reprimidos os desejos como queria Freud e lá, gota com gota, paulatinamente, dia após dia, situação após situação, o copo enche, o balde transborda e assim depois de meses ou até anos negligenciando detalhes de situações que acometem seu emocional, “do nada” as doenças físicas aparecem.
Eu sou fruto disso, fiz dezenas de exames neurológicos e nada fora encontrado, contudo psiquiatras disseram que há um grande volume de estresse não digerido ao longo dos últimos anos.
Nada é do nada! Você concorda com Lacan? Guardar para si emoções ao invés de dizê-las pode acarretar em doenças? Talvez não seja o que dizer, mas sim o como dizer… Engolir sapos, como diria minha saudosa vó, podem fazer mal? E de sapo em sapo, “do nada” a doença aparece, a gastrite, a úlcera, as dores de cabeça, insônia, câncer.
Como então processar tudo isso? Ouvir, falar, guardar, expor.
Ruminar, talvez aqui esteja uma grande chave: ruminar, prática de bovinos quando mastigam e mastigam e mastigam antes de, de fato engolir.
O que merece ser engolido? O que merece ser dito? De que modo? Em que tonalidade? Expondo a pessoa em questão? Humilhando?
Perceba que a provocação de Lacan é profunda, exige calma, exige ruminação do assunto em questão para resolvê-lo da melhor maneira possível para si como para os envolvidos, lhe privando de indigestões diárias, imperceptíveis que acarretarão em doenças futuras advindas “do nada”. Pense com carinho!
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL)