Mulheres da figueira era um termo pejorativo usado para se referir àquelas que no passado foram queimadas na fogueira por serem curandeiras, ou contrárias aos papéis designados a elas pela sociedade da época, como por exemplo ser unicamente mães, esposas e filhas. Para contar essa história, o espetáculo “Mulheres da Figueira” recorre a técnicas circenses da dança com fogo, bambolês e outras pirotecnias.
A apresentação é idealizada e executada pela dançarina e bambolista Lais Rodriguez e as artistas convidadas, Cuba Mercurio e Guta Fanneli. Estão programadas quatro apresentações no mês de abril, nos dias 4 e 5, e, 12 e 13 de abril, na Estação Cultura, em Campinas.
O projeto foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo de fomento à cultura, provenientes de recursos repassados pelo Governo Federal, junto a Prefeitura de Campinas por meio da Secretaria de Cultura e Turismo de Campinas e resgata a história da caça às bruxas, um período de “guerra” contra as mulheres que visava degradá-las, demonizá-las e principalmente destruir o seu poder pessoal e social.
Composto por uma equipe unicamente feminina, o espetáculo procura abraçar todos os arquétipos do feminino fazendo também uma crítica a tais papéis limitantes.
“Fazemos um paralelo dos tempos passados para os atuais, do quanto nós mulheres avançamos. O quão livre somos atualmente para escolher quem queremos ser, podendo nos expressar, nem sempre sem sermos julgadas, mas com espaço para escolher e inclusive se quisermos, seguir esses papéis antes designados, mas dessa vez por nossas próprias escolhas”, contextualiza Lais Rodriguez.
O espetáculo tem como referência a história dessas mulheres ancestrais que foram sacrificadas, julgadas e maltratadas, inclusive o termo “mulheres da figueira” também se referia a mulheres inférteis ou que não desejassem ter filhos, o que era e ainda é algo mal visto aos olhos da sociedade.
“Uma mulher sem filhos é como uma figueira sem frutos”, frase que faz referência a parábola onde Jesus teria amaldiçoado uma figueira por não dar frutos. A parábola mal interpretada deu origem a essa perseguição às mulheres que não cediam aos valores do cristianismo de serem apenas esposas e mães e conservavam seus valores pagãos e sabedorias medicinais ancestrais. Elas eram então queimadas nas fogueiras feitas com madeiras da figueira, que se acreditava na época que era a única capaz de acordo com os cristãos de neutralizar os poderes dessas mulheres chamadas de bruxas.
Algumas histórias afro descendentes falam da figura da pomba gira da figueira, que também aparece com outros nomes relacionados a figueira, como espíritos dessas mulheres da antiguidade que detinham conhecimento ancestral sobre as ervas, adoravam a natureza e o poder da energia de seus elementos e propriedades curativas, e que foram mortas na fogueira ou obrigadas a se converterem.
Serviço:
Espetáculo Mulheres da Figueira
Local: Estação Cultura, Praça Mal. Floriano Peixoto – Centro, Campinas
Ingresso: gratuito
Datas:
04/04 e 05/04, às 20h – Junto com a 𝖥𝖾𝗂𝗋𝖺 L𝗂𝗏𝗋𝖾 𝖽𝖾 A𝗋𝗍𝖾, B𝗋𝖾𝖼𝗁𝗈́ & T𝖺𝗍𝗍𝗈𝗈
12/04 e 13/04, às 19h25 – Na programação da Feira Mística que estará ocorrendo no mesmo local











