Um estudo sobre o movimento Art Déco na arquitetura urbana de Campinas, que produziu representantes icônicos sobretudo no Centro da cidade, foi o pilar do tombamento da Galeria Trabulsi. A informação é do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc). O Hora Campinas mostrou na semana passada a decisão do Condepacc em reportagem especial.
O tombamento do edifício vertical em estilo Art Déco, construído em 1948 e finalizado em 1953, foi sacramentado em reunião ordinária do Condepacc no dia 14 de novembro, sob ata número 543. A decisão do colegiado foi tornada pública no último dia 18 no Diário Oficial do Município. O processo é assinado pela presidente do Condepacc e secretária municipal de Turismo, Alexandra Caprioli.
O estudo prévio foi conduzido pelo professor da PUC-Campinas Caio de Souza Ferreira.
O arquiteto, urbanista e conselheiro do Condepacc fez sua tese de mestrado analisando o movimento Art Déco em Campinas. O conjunto arquitetônico desse estilo é representado por aproximadamente 20 construções na cidade, entre elas, o Edifício Santana, considerado o primeiro arranha-céu campineiro. O prédio fica na esquina das ruas Barão de Jaguara e César Bierrenbach e abrigou por décadas o Hotel Opala. Agora, desapropriado, vai sedir um centro de especialidades médicas da Prefeitura de Campinas.
“O movimento estilista Art Déco passou de um certo modo muito rápido na cidade. Outras localidades tiveram uma marcação mais acentuada neste contexto. O primeiro prédio alto construído com 6 pavimentos e térreo neste estilo foi o Edifício Santana, na Rua Barão de Jaguara, em 1936. Nas décadas de 1940 e 1950, Campinas inicia um processo de verticalização muito rápido, onde se insere esta tipologia”, explica o Condepacc.
“Com esse estudo, o professor Caio Ferreira, que na época estava alinhado com as diretrizes acadêmicas do também professor Ricardo Badaró, fez os levantamentos desta época das construções acima de seis pavimentos. No ano de 2010, solicitou a abertura de um Processo de Tombamento contando com 15 edifícios neste contexto do Art Déco, frisando o início da verticalização em Campinas”, continua o Conselho.
“A Galeria Trabulsi, que contém quatro pavimentos mais térreo, não tem como base de estudo a verticalização, porém contém sim o estilo Art Déco”, menciona o Condepacc.

De acordo com o órgão, o principal motivo do tombamento “é a fluidez que a Galeria produz, o passar e passear das pessoas pela cidade, um conceito europeu, comum à época em Paris, Milão, Roma, das passagens entre os espaços citadinos”.
A Barão de Jaguara era, até a metade da década de 1970, a rua elegante de Campinas.
Historiadores e pesquisadores lembram que as lojas mais refinadas se localizavam neste arruamento – e a Galeria Trabulsi se inseriu perfeitamente neste sentido, pois se tornara um ponto de referência no comércio local, com as diversas lojas e produtos diferenciados disponíveis para quem a visitasse.
“O edifício é ímpar, pois no mesmo espaço há um prédio exclusivamente residencial, acesso pela Rua Dr Quirino, e o prédio comercial, acesso pela Galeria. Não se comunicam, são estruturas separadas porém na mesma construção”, ressalta o Condepacc.
“Neste contexto social e econômico, com estrutura diferenciada, foi o único exemplar construído que ainda permanece em atividade com as características originais”, finaliza o Condepacc.











