Tem boliviano no futebol de Campinas, mas também tem campineiro no futebol da Bolívia. Enquanto o zagueiro Luis Haquin começa a escrever sua história na Ponte Preta, o técnico e ex-jogador alvinegro Thiago Leitão escreveu um capítulo histórico na terra natal do atual defensor da Macaca.
No último domingo (5), o jovem treinador de 45 anos se sagrou campeão boliviano com o pequeno San Antonio Bulo Bulo, da cidade de Entre Ríos, a cerca de 650 km da capital La Paz.
“Estamos felizes porque é algo inédito, um título que vai ficar para a história. Estamos classificados para a Libertadores e agora temos tranquilidade para trabalhar o segundo semestre. Também vamos tentar brigar pelo título do segundo torneio porque queremos continuar crescendo como instituição”, sonha Leitão.
Fundado em 1962, porém vivendo apenas sua primeira participação na elite nacional, o clube conquistou o título do Torneio Apertura, chamado de Copa Paceña, ao empatar em 1 a 1 com o Universitario de Vinto, no estádio Dr. Carlos Villegas, em Entre Rios. No primeiro jogo, a equipe comandada por Leitão havia vencido por 2 a 1, fora de casa, em Cochabamba.
De quebra, o San Antonio Bulo Bulo se classificou de forma inédita para a Copa Libertadores da América, tornando-se o primeiro clube da América do Sul a garantir vaga na edição de 2025 da competição mais importante do continente.

De Campinas para a Bolívia
Nascido no dia 12 de junho de 1978, em Campinas, Thiago Leitão passou por todas categorias de base da Ponte Preta entre os anos de 1996 e 2001. Em 1998, por exemplo, ele fez parte do elenco vice-campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior – a Macaca perdeu nos pênaltis para o Internacional, no Morumbi. O jogador, que atuava como meia, chegou a fazer parte da equipe principal da Macaca numa época de ouro do clube, com Luís Fabiano, Mineiro, Roberto, Fabinho, Fábio Luciano e Washington.
Apesar de ter jogado poucas partidas entre os profissionais, Thiago Leitão chegou a balançar as redes pela equipe principal da Ponte Preta, ao marcar um dos gols da goleada por 4 a 0 sobre o Dom Pedro II (atual Real Brasília), do Distrito Federal, em duelo disputado no dia 20 de abril de 2000, no estádio Moisés Lucarelli, pelo jogo da volta da primeira fase da Copa do Brasil.
Na ocasião, sob o comando do técnico Estevam Soares, a Ponte Preta entrou em campo com a seguinte escalação: Adriano; Zé Carlos, Rodrigo, Alex e André Silva; Roberto, Mineiro, Dionísio e Claudinho; Luís Fabiano e Macedo. Thiago Leitão saiu do banco de reservas, entrando no lugar de Roberto, para anotar o terceiro gol da elástica vitória construída toda no segundo tempo. Os outros tentos foram anotados por Dionísio, Macedo e Claudinho.
Sem espaço na Ponte diante de tantos bons jogadores, Thiago Leitão acabou negociado com o Inter de Santa Maria, do Rio Grande do Sul, e depois defendeu o Ceará, até começar sua aventura no futebol boliviano, onde jogou a maior parte da carreira e agora vem fazendo sucesso como treinador. Dentro dos gramados, ele vestiu as camisas de Jorge Wilstermann, Oriente Petrolero, Bolívar, The Strongest e Sport Boys, nesta ordem, entre 2003 e 2014.
Após pendurar as chuteiras, Thiago Leitão virou assistente técnico do Jorge Wilstermann, em 2018, antes de iniciar a carreira de treinador no Aurora, em 2019. Ele também dirigiu San José, Atlético Palmaflor e Blooming, até assumir o comando do San Antonio Bulo Bulo, em 2023. Além de conduzir a equipe ao inédito acesso à primeira divisão boliviana, o treinador campineiro agora alcançou uma histórica façanha.
Para conquistar o surpreendente título boliviano e se classificar de forma inédita para a Libertadores, o San Antonio Bulo Bulo precisou eliminar o Bolívar nas quartas de final do Torneio Apertura, num confronto que teve contornos de Dérbi Campineiro, já que o atacante Bruno Sávio, ex-Guarani, atualmente defende a tradicional equipe de La Paz. O Bolívar, inclusive, é uma das melhores equipes da atual edição da Libertadores, liderando de forma isolada do Grupo E, com 10 pontos, à frente do Flamengo.
