No último debate dos candidatos ao Governo do Estado, na noite desta quinta-feira (27), antes das eleições do segundo turno, os ataques prevaleceram, em uma repetição do que aconteceu durante toda a campanha. Atrás nas pesquisas, Fernando Haddad (PT) teve uma postura mais ofensiva do que Tarcísio de Freitas (Republicanos), que, em alguns momentos, também usou a estratégia do adversário, embora tenha se mantido mais na defensiva a maior parte do tempo. Propostas foram debatidas à nível da superficialidade durante as duas horas em que os candidatos estiveram frente a frente. Os eleitores decidem neste domingo quem será o novo governador de São Paulo. Nesta sexta-feira, às 21h30, o debate será entre os candidatos à presidência da República Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva.
Primeiro bloco
No primeiro bloco, de tema livre, Haddad começou resumindo suas propostas referentes ao ICMS, salário mínimo, saúde, educação e transporte, voltando a citar o trem intercidades, que ligará Campinas a São Paulo. Perguntado pelo adversário a respeito de frequência escolar e vacinação, Tarcísio preferiu se colocar na posição de vítima das fake news em temas ligados à privatização, salário mínimo, décimo terceiro salário, auxílio emergencial e modelo de segurança pública. A partir de então começaram os ataques.
Haddad, por exemplo, citou mais de uma vez o caos em Manaus por falta de oxigênio nos hospitais na ocasião da pandemia do coronavírus. “Vocês atrasaram a remessa de oxigênio para Manaus. Foi um descaso com a população.” Agronegócio, merenda, frequência escolar e vacinação também foram temas debatidos pelos candidatos no primeiro bloco, sempre numa busca maior de desconstruir o adversário do que apresentar propostas.
Segundo bloco
No segundo bloco, o debate girou em torno de temas específicos, como “famílias em situação de rua” e “falta de médicos”. Nesse bloco, Tarcísio saiu da defensiva, enquanto Haddad manteve sua posição ofensiva. A exemplo do que acontece desde o início da campanha, o candidato petista voltou a fazer referência ao desconhecimento do seu adversário sobre São Paulo. E Tarcísio chegou a devolver na mesma moeda: “Pelo que estou ouvindo, você também parece não conhecer o Estado”.
Terceiro bloco
No terceiro bloco, o tema voltou a ser livre e os ataques seguiram. O trem intercidades, uma das bandeiras de campanha de Haddad, foi citado por Tarcísio. “Vou fazer”, garantiu o candidato do Republicanos. Campinas também foi citada na questão da saúde. “Você disse, Haddad, que vai fazer três Hospitais Dia em Campinas. Mas precisamos pensar em um hospital no Circuito das Águas. A população dessa região precisa se deslocar para Campinas para ter atendimento.” O candidato petista respondeu com ataques. “Você nunca colocou um centavo em São Paulo”, referindo-se à época em que Tarcísio era ministro da infraestrutura do governo de Jair Bolsonaro.
Tarcísio também levantou no debate as obras “inacabadas” do PT. “Vocês não fizeram metrô em Belo Horizonte, mas fizeram em Caracas”, atacou. Haddad, por sua vez, questionou a especialização do adversário. “Me surpreendo que você seja engenheiro.” E continuou: “Você já teve compaixão por alguém? Tem raízes aqui? Você vai perder as eleições e vai embora.”
Quarto bloco
Apesar do quarto bloco ter sido baseado em temas específicos, o destaque ficou para o episódio envolvendo o tiroteio na favela paulistana Paraisópolis que interrompeu um evento da campanha de Tarcísio. Um suspeito morreu na ocasião. Um repórter cinematográfico, que conseguiu filmar a ocorrência, foi o pivô da discussão. A imprensa divulgou que o repórter foi pressionado pelos integrantes da campanha de Tarcísio a destruir a gravação. E Haddad explorou o episódio. “Não se pode destruir provas”, acusou. Já o candidato do Republicanos acusou o adversário de fazer sensacionalismo com o fato. “O que fizemos foi proteger o repórter e todos que estavam lá”, garantiu.
Nas considerações finais, Tarcísio insistiu na comparação. “Domingo, você vai ter a oportunidade de escolher entre a esperança e o medo, a prosperidade e o atraso”. Já Haddad lembrou que seu adversário “virou as costas para São Paulo” quando foi ministro da infraestrutura.











