Apesar do clima tenso, a Câmara Municipal de Campinas não votou o pedido de abertura de Comissão Processante contra o vereador Otto Alejandro (PL) durante a sessão ordinária na noite desta segunda-feira (17).
O parlamentar é alvo de quebra de decoro parlamentar por agredir supostamente a namorada. Sem a presença mínima de vereadores em plenário, a votação ficou adiada para quarta-feira (19).
Quando a análise do pedido seria aberta, apenas 15 vereadores estavam em plenário — número abaixo dos 17 necessários para iniciar a deliberação.
A sessão foi marcada por fortes manifestações de apoiadores do vereador Otto Alejandro.
Com bandeiras estampando o nome do parlamentar, o grupo fez barulho durante as falas de vereadores favoráveis à abertura da comissão processante.
O pedido de abertura da CP se baseia na denúncia da namorada do vereador, pelos crimes de violência doméstica, ameaça, injúria e dano, conforme boletim registrado na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Campinas.
As vereadoras Paolla Miguel (PT) e Fernanda Souto (PSOL) abriram suas falas lembrando casos recentes de feminicídio que abalaram Campinas e a região.
Paolla Miguel destacou ainda o aumento de feminicídios em Campinas, citando vítimas como Sandra Regina Mercadante, primeira mulher assassinada em 2024 na cidade.
O vereador Wagner Romão (PT) argumentou que a comissão processante permitiria ao colega “provar sua inocência”, mas defendeu que a Casa tem responsabilidade de apurar com rigor: “O que não pode prevalecer nessa Casa é o silenciamento das mulheres. Otto deve dar exemplo por ser presidente da Comissão de Justiça e Legalidade.” Romão também citou que já existe um requerimento na Corregedoria, de junho deste ano, referente ao episódio em que Otto teria arremessado pedras contra um ônibus.
Fogo do PL
A fala da vereadora Débora Palermo (PL), colega de legenda de Otto Alejandro, foi o mais contundente pelos ataques diretos ao correligionário.
Palermo classificou o colega como “agressor de mulheres” e afirmou sentir “vergonha de ter nos quadros do PL um vereador com essa postura.” Ela pediu publicamente que o partido tome providências.
A vereadora relembrou episódios em que Otto teria se envolvido em agressões, como em festa e no trânsito. Ela disse ser testemunha de ameaças feitas por ele em plenário.
Palermo concluiu pedindo que os vereadores aprovem a abertura da comissão: “Otto precisa se explicar perante esta Casa e responder pelo seu histórico.”
Vereador nega agressões e destaca que denunciante retirou a denúncia
Em tribuna, Otto Alejandro afirmou que não cometeu agressão física nem verbal, e mostrou um documento que afirma se tratar da retirada da denúncia e o pedido cancelamento da medida protetiva, feita pela própria vítima. Segundo ele, documentos anexados ao processo comprovam que houve concordância do Ministério Público e decisão de arquivamento por parte do juiz responsável.
“Seguirei trabalhando por Campinas de cabeça erguida, com serenidade e com tranquilidade de quem sabe que a verdade sempre prevalece”. Ele pediu apoio dos parlamentares para que o pedido de abertura de comissão processante seja arquivado, reforçando que está confiante na decisão da Justiça.
O vereador afirmou que há documentos nos autos que comprovam o pedido de cancelamento da medida protetiva pela própria denunciante. Ele afirmou que o pedido, feito no dia 12, teve a concordância do Ministério Público e resultou na decisão de arquivamento assinada pelo juiz.
“Vocês acreditam que se eu tivesse cometido qualquer tipo de agressão verbal ou presencial, sairia a decisão do juiz e da promotora?”, pontuou.
Otto também disse que, no dia 14, a denunciante apresentou um pedido de retratação e arquivamento do boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher, informação que, segundo ele, já está anexada ao processo.
Ele reiterou que respeitará o sigilo e não divulgará documentos em redes sociais, deixando que “no momento certo, a própria Justiça vai publicar”.











