Você já se pegou admirando alguém que fala bem em público e pensando: “Eu nunca vou conseguir ser assim”? Pois eu já. Durante muito tempo, meu lugar era no fundo da sala, olhos atentos, coração acelerado só de imaginar estar no lugar da pessoa que conduzia a fala. Observava com quase um olhar de quem tenta decifrar um enigma. Lembro nitidamente de um seminário na faculdade: a palestrante falava com elegância, fluidez, parecia que cada palavra tinha sido escolhida com carinho. E eu, ali, quieta, pensava: “Um dia, eu vou falar desse jeito.” Mas veja só… a vida ensina, e muitas vezes, nos mostra que o jeito certo é mesmo o nosso.
Naquela época, eu acreditava que comunicar bem significava copiar um modelo. Como se existisse um “jeito certo” de falar com autoridade — aquele tom firme, vocabulário sofisticado, postura impecável. E talvez seja assim com você também.
Talvez você admire líderes, palestrantes, gestores, e ache que precisa ser igual a eles para ser ouvido, para ser respeitado. A gente cai nessa armadilha de tentar caber em moldes que não foram feitos para a gente. E, quando isso acontece, a voz até sai, mas não convence — nem aos outros, nem a nós mesmos.
A virada aconteceu quando eu topei o desafio de dar aula como professora convidada em uma universidade. Era minha primeira vez à frente de uma turma. As mãos tremiam, a voz oscilava… Mas algo curioso aconteceu: as alunas prestavam atenção. Me escutavam com real interesse. E isso me tocou profundamente. Porque, naquele momento, eu não falava com a segurança de uma oradora experiente. Eu falava como eu. Com o meu jeito de construir conexão, de tornar o conteúdo leve, próximo.
Percebi que o que cativava não era uma performance copiada. Era a minha autenticidade em ação. Foi ali que entendi: a comunicação mais potente é a que nasce de dentro, não a que se veste de fora.
Existe um mito que precisa cair: o do comunicador padrão. Aquela ideia de que só quem é extrovertido, seguro e cheio de presença de palco pode ser um bom orador. Não é verdade. Comunicação não é sobre volume de fala, é sobre intenção. Não é sobre dominar o palco, é sobre alcançar o outro. Vi líderes brilhantes calarem ideias transformadoras por acharem que seu jeito mais introspectivo não servia. E vi esses mesmos líderes florescerem quando começaram a reconhecer valor no próprio estilo. Quando pararam de se comparar e começaram a se apropriar de quem são.
Então, aqui vai meu convite pra você: olhe pra sua própria forma de se comunicar. Onde está sua força? O que te faz único?
Em vez de tentar parecer com alguém, busque se parecer mais com você. É esse o começo de toda boa oratória: autenticidade. Na próxima semana, a gente vai continuar essa conversa falando sobre presença e atenção — ingredientes poderosos para uma comunicação viva. Até lá, fica uma pergunta: como você tem respeitado seu jeito único de se expressar? Porque, acredite, é nele que mora sua verdadeira potência.
Cecília Lima é fonoaudióloga, especialista em Oratória e Comunicação para Líderes. Há 20 anos, dedica-se a guiar líderes a colocarem suas ideias com confiança, clareza e assertividade, conquistando a influência que precisam para crescerem na carreira e na vida. Conheça:@cecilialimaoratoria











