Em 2009, um dos mais conceituados profissionais que atuam no meio do esporte, o fotógrafo Rogério Capela foi escalado para cobrir o Dérbi 184 pelo jornal Correio Popular, de Campinas, onde trabalhou entre 2005 e 2012. Deslocado ao estádio Moisés Lucarelli naquele dia 20 de junho de 2009, Capela conseguiu capturar cada instante do lance do gol da vitória do Guarani, desde o domínio de bola do meia Caíque até o momento exato em que a bola saiu do pé dele, antes de morrer no fundo das redes, logo no primeiro minuto de jogo, em duelo válido pelo primeiro turno da Série B.
“O que eu lembro daquele dia é que o Guarani não tinha um time assim tão melhor que o da Ponte no papel, mas o Caíque foi muito feliz de acertar um chute quase do meio-campo. Eu vinha clicando desde o começo do lance, quando ele dominou a bola. Ele meteu o gol e correu para onde estava a torcida do Guarani na arquibancada, ao fundo. No fim do jogo, o Caíque pegou o celular de um torcedor e ligou para a mãe dele para avisar que tinha feito o gol da vitória”, contou Rogério Capela, em contato com a reportagem do Hora Campinas, na última terça-feira (14), logo após retornar do Japão, onde cobriu as Paralimpíadas de Tóquio, entre agosto e setembro.


“Foi um daqueles Dérbis clássicos que aconteceu de tudo, ou seja, um jogo pegado com estádio cheio. Eu lembro até que saiu uma briga no intervalo envolvendo torcedores dos dois times e a polícia”, recorda Capela, que também fotografou o Dérbi 185, com nova vitória bugrina por 2 a 1, no dia 26 de setembro de 2009, no Brinco de Ouro, pelo segundo turno da Série B.

Aquela foi a última vez que o Guarani conquistou duas vitórias sobre a Ponte Preta dentro da mesma competição, algo que pode se repetir nesta sexta-feira (17), quando as as duas equipes se enfrentam no Majestoso, às 21h30, pela Série B. No primeiro turno, o Bugre venceu por 1 a 0, no dia 19 de junho, no Brinco de Ouro.
Dérbi de 2009 quase virou documentário
Outro profissional bastante prestigiado no ramo esportivo, o fotógrafo e diretor de produção Pedro Montes também estava presente a trabalho no Majestoso, no dia 20 de junho de 2009, com o objetivo de produzir um documentário independente sobre o Dérbi entre Ponte Preta e Guarani.
“Eu era sócio da produtora Guru Filmes, que hoje funciona em Campinas, mas na época ficava em São Paulo. Foi uma experiência única sentir a energia do Dérbi perto das quatro linhas e ter a sensação de ficar entre os jogadores e a torcida. É algo que vou levar para a vida toda. A produção acabou não saindo do forno, mas a gravação ainda existe, deve estar no meio de outras 600 fitinhas MiniDV que tenho. Seria muito legal assistir de novo, mas preciso desenterrar e digitalizar”, disse Pedro Montes, em contato com a reportagem do Hora Campinas, na última quinta-feira (16).
Apesar de ser são-paulino e morar na capital paulista, Pedro Montes guarda uma relação particular especial com o Dérbi Campineiro. “Eu cresci em Campinas cercado por muitos amigos bugrinos e pontepretanos, então vivi o clima de Dérbi a minha vida inteira, seja na escola ouvindo amigos falarem sobre o assunto, seja indo ao Brinco de Ouro ou Moisés Lucarelli. Eu tive a chance de assistir a vários Dérbis ao vivo, mas o de 2009 foi o único que consegui cobrir no campo”, destaca Pedro Montes.

“Eu sou fissurado por futebol desde pequeno e tive a sorte na vida de trabalhar com essa minha primeira paixão. Cobri eventos como Copa do Mundo, Eurocopa, Copa América, Libertadores, Copa Ouro e Jogos Olímpicos, além de clássicos como Fla-Flu e Ba-Vi, mas é difícil bater o clima de um Dérbi entre Guarani e Ponte Preta”, aponta Montes. “O futebol tem a velha máxima de que ‘clássico é clássico’, e o Dérbi é uma dessas grandes rivalidades mundiais. É simplesmente espetacular”, define.

“Por ter vivido esse clima desde moleque, para mim não existe nada igual ao Dérbi em questão de rivalidade. Está entre os grandes clássicos brasileiros e pode ser comparado a alguns clássicos internacionais como Fenerbahçe e Galatasaray, na Turquia, que envolve questões de briga e confusão de torcida, diminuindo o brilho do espetáculo, mas sempre entregando um jogo bom e emocionante, independentemente da qualidade e posição dos times na tabela”, conclui Pedro Montes.
