A cerimônia da faixa presidencial, que historicamente ocorre envolvendo o ex-presidente e o presidente eleito, desta vez quebrou todos os protocolos e entrará para a história da República. Com Jair Bolsonaro nos EUA e, ainda que tivesse no País, já tinha demonstrado que não passaria a faixa, o cerimonial da posse, coordenado pela mulher de Lula, Janja, organizou um ato de grande simbolismo.
Subiu a rampa junto com Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin um grupo de pessoas que representa a diversidade brasileira, em todas as suas nuances. Integrava esse grupo multicultural um cacique indígena, uma mulher negra, uma criança, uma pessoa com deficiência física e um idoso, entre outros.
Eran eles o cacique Raoni Metuktire, de 90 anos, líder do povo Kayapó; o menino Francisco Carlos do Nascimento e Silva, o professor Murilo de Quadros Jesus, a vigilante Jucimara Fausto dos Santos, o influenciador da inclusão Ivan Vitor Dantas Pereira, o metalúrgico Weslley Viesba Rodrigues Rocha e a catadora de reciclagens Aline Sousa, que entregou a faixa.
Cadela
A cadela vira-lata Resistência também subiu a rampa. Ela morava no acampamento de militantes do Partidos dos Trabalhadores em frente à Polícia Federal, em Curitiba, e foi adotada por Janja quando o presidente estava preso na cidade, em 2018.
Essa pluralidade que é a marca da população levou para o País a mensagem de que, subia com Lula e Alckmin, tambémo povo.
Emoção
A cerimônia foi marcada por muita emoção. Lula e Janja estavam bastante tocados. O representante dos povos originários era Raoni, um dos mais conhecidos defensores da causa indígena no mundo. A criança era um menino negro, do bairro de Itaquera, em São Paulo, torcedor do Corinthians, time de coração do presidente.
As mensagens transmitidas pela cerimônia foram de defesa da tolerância, da diversidade, da igualdade racial, do acolhimento aos mais vulneráveis e de luta pelos interesses dos povos originários.
Antes da faixa
Após quase duas horas no Congresso Nacional, o presidente empossado Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente empossado Geraldo Alckmin deixaram o Parlamento às 16h20. Eles seguiram para o Palácio do Planalto, onde subiram a rampa.
A cerimônia de posse no Congresso começou às 14h45 e acabou às 16h04. Logo após o fim da cerimônia, Lula recebeu cumprimentos de parlamentares e de convidados, inclusive um abraço do ex-presidente e ex-senador José Sarney.
Do Plenário da Câmara, Lula e Alckmin foram à sala da Presidência do Senado, onde tiveram uma conversa rápida com o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco. Em seguida, voltaram ao Salão Negro e caminharam em direção à rampa do Congresso.
Após desceram a rampa, o novo presidente escutou o Hino Nacional, acompanhados dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e da primeira-dama Rosângela Lula da Silva (conhecida como Janja) e da vice-primeira dama Lu Alckmin. Em seguida, Lula passou as tropas em revista na porta do Congresso.
A pedido da primeira-dama, não houve a tradicional salva de 21 tiros de canhão. Para evitar perturbações a animais e a pessoas com autismo, Janja pediu que equipamentos que emitam barulho não fossem usados na posse.
Bastante aplaudidos pelo público, Lula, Alckmin e as esposas entraram no carro presidencial às 16h40, de onde partiram para o Palácio do Planalto, onde a posse teve continuidade. Após receber a faixa presidencial, Lula fez o segundo discurso do dia no Parlatório do Planalto, desta vez dirigido ao público.