O Hospital de Clínicas da Unicamp alcançou a marca de 3,5 mil transplantes de rins realizados. A paciente 3.500 é a jovem Elida Trindade, de 27 anos, nascida no interior de Alagoas e que descobriu sua doença renal, em estágio avançado, pouco depois de mudar-se para a cidade de Arthur Nogueira, na Região de Campinas.
Durante 40 meses, Elida dependeu da hemodiálise e no dia 2 de julho recebeu a boa notícia de rins compatíveis. O transplante foi considerado pela equipe médica bem-sucedido e a jovem terá alta nos próximos dias.
O serviço de transplante renal da Unicamp é o primeiro no País, fora de uma capital, a alcançar essa marca. “Temos muito orgulho do nosso serviço que situa-se entre os maiores centros transplantadores do Estado e do Brasil, em que nossas avaliações são bem classificadas pelo Ministério da Saúde”, assegurou a superintendente Elaine Cristina de Ataíde, que é cirurgiã transplantadora.
Elida Trindade mudou-se para Nova Odessa há quatro anos. Nascida em Ibateguara, a 100 quilômetros de Maceió, é a mais nova de três irmãs de uma família simples. “Tive uma infância muito feliz, criada apenas pela minha mãe que desempenhou o papel de mãe e pai ao mesmo tempo. Porém nunca nos faltou nada”, salienta.
A jovem afirma que os “sonhos” mudaram depois da descoberta da doença.
“Se essa pergunta fosse feita a um mês atrás, eu claramente não pensaria e diria que meu maior sonho é meu celular tocar com o anúncio de que ganharei novos rins. Graças a Deus esse sonho agora é a minha realidade, então sonhos eu tenho muitos e peço a Deus que ele me abençoe para que eu possa realizar cada um deles”, relata Elida.
“Tudo começou com muita fadiga e manchas roxas que surgiram no meu corpo. Após passar por consulta com a equipe do HC da Unicamp, os exames revelaram uma anemia muito importante e uma perda da função renal. O meu maior susto foi quando as médicas me disseram que eu teria que começar a dialisar e entrar para a fila do transplante renal. Perdi meu chão mas nunca deixei de acreditar em DEUS, na minha família, nos médicos, nos meus amigos e especialmente nessa abençoada família que autorizou a doação dos órgãos. Fui muito bem tratada aqui na Unicamp”, comentou Elida.
O programa de transplante renal do HC realiza em média 150 transplantes renais/ano, sendo cerca de 90% com rins de doadores falecidos. É
o único centro transplantador pelo SUS na região, sendo referência para pacientes em diálise, em uma região de abrangência que ultrapassa os limites da Região Metropolitana de Campinas (RMC), englobando as Diretorias Regionais de Saúde (DRS) de Campinas, São João da Boa Vista e Piracicaba.

A lista de espera para o transplante renal, diz a coordenadora do programa de transplante renal da Unicamp, professora Marilda Mazzali, conta com cerca de 500 pacientes prontos para o procedimento, e quantidade semelhante em preparo para a cirurgia. Esta atividade coloca o serviço da Unicamp entre os 10 mais ativos do país, sendo referência como centro de treinamento de nefrologistas e urologistas especializados em transplante renal.
“Cada transplante realizado é uma nova esperança e nada disso seria possível sem os doadores”, ressalta Mazzali.
O primeiro transplante renal realizado pelos médicos da Unicamp foi em 1983, na Santa Casa de Saúde. A professora Marilda Mazzali esclarece que o Serviço de Transplante Renal do Hospital de Clínicas da Unicamp recebeu no final do ano passado, a certificação Nível A através da avaliação de indicadores do Programa de Qualidade no Processo de Doação e Transplantes (Qualidot) do Ministério da Saúde.
A classificação prevê a concessão de incentivo financeiro adicional de 80% nos procedimentos e será renovada a cada 2 anos, pelo hospital junto a Central Estadual de Transplantes e a Coordenação-Geral do Sistema Nacional de Transplantes. (Com informações do HC da Unicamp)