As gerações mais jovens não tiveram a oportunidade – nem o privilégio – de testemunharem o auge do jornalismo impresso, território por onde passaram nomes expoentes da profissão em larguíssima escala. O advento das novas tecnologias pavimentou um outro caminho. Longe da solidez dos veículos de nobre expressão, a trilha agora é fluida e dispersa.
Isso não significa que o jornalismo é menos relevante. Ele segue sendo um dos faróis da sociedade, ainda que essa luz possa ser desprezada. Rejeitar o papel do jornalista passou a ser uma atitude cada vez mais comum na sociedade contemporânea.
Esse sentimento de repulsa deve ser observado por duas lupas: 1) a do jornalismo, que deve fazer a necessária autocrítica por seus erros, exageros e condutas reprováveis; 2) a do leitor, que deveria aprofundar-se no tema e separar o joio do trigo, fugindo da injusta generalização.
Não é, obviamente, uma tarefa fácil para quem trabalha no setor e que faz do ofício jornalístico a sua missão, incluindo o ganha-pão.
A crise da mídia se assenta numa equação complexa: alto custo para produção e distribuição de notícias nos veículos tradicionais; oferta abundante de ferramentas digitais para produzir conteúdo; disseminação dos smartphones e maior protagonismo do leitor em detrimento da “autoridade soberba” dos jornalistas, entre outras razões.
Recente levantamento feito pelo projeto Mais pelo Jornalismo (MPJ) revela que 2.352 mídias jornalísticas desapareceram do Brasil desde 2014. No período, 10.795 veículos, entre jornais, rádios, TVs e portais foram criados, enquanto 13.147 tiveram as atividades extintas. Mais fechamentos que fundações.
O estudo é baseado no cadastro de mídias da plataforma de mailings de imprensa I’Max, financiadora do projeto e idealizadora do MPJ.
Também foram analisados dados específicos de veículos impressos e rádios em cidades com até 100 mil habitantes. De 2,4 mil estações de rádio analisadas, 1.248 não possuíam portal de notícias (52%). Já entre 1 mil veículos de mídia escrita, 214 não tinham site próprio (21%).
Esses números demonstram que o cenário pode parecer terra arrasada. Mas houve, sim, um esforço de profissionais e iniciativas independentes para evitar que se formasse o que os especialistas chamam de “deserto de notícias”, ou seja, localidades sem produção de jornalismo profissional.
Nestes territórios, muitas vezes a única fonte de informação é um grupo de moradores que se aglutinam numa página do Facebook. Nestes locais, o WhatsApp também tem grande importância para os usuários.
Mas, nem sempre, a informação que circula ali é confiável. A checagem é insatisfatória, para não dizer inexistente. Muitas vezes é a opinião de quem postou que prevalece.
O movimento que culminou com o fortalecimento das plataformas digitais é o mesmo que explica a chegada do portal Hora Campinas ao mercado em março de 2021, em plena pandemia da Covid-19.
O Hora Campinas, desde então, se consolidou como mídia de credibilidade, com reputação entre leitores, analistas e autoridades. Segue sendo um esforço grande produzir jornalismo em tempo real, seguindo o manual básico de um profissional responsável.
É por isso que não é redundante o Hora Campinas renovar seus votos editoriais em seu aniversário de 4 anos, completados nessa semana. Reforçar compromissos de ética e civilidade é defender valores básicos e essenciais.
Na terra selvagem da internet, onde as redes sociais passaram a ter protagonismo perigoso, vale a pena – sempre que possível – convidar o leitor a refletir sobre a importância da informação de qualidade e do senso crítico.
É exatamente isso que o comitê editorial do portal faz neste momento: chamar a atenção para a importância do jornalismo.
Nesta verdadeira mutação social, com conteúdos – e também cidadãos – cada vez mais digitais, é necessário repensar o papel de cada um, desde a postagem de um comentário que pode parecer inocente, até a responsabilidade de colocar no ar um veículo como o Hora, de forma gratuita e ininterrupta.
O aniversário de 4 anos é uma data ainda incipiente para as grandes histórias do setor, mas é um passo sólido que reforça o compromisso de oferecer à região de Campinas um jornalismo confiável, propositivo e oxigenado.
Um obrigado especial à comunidade Hora Campinas, que ajuda a construir esse projeto de forma coletiva e colaborativa.