As sensações de luto e vulnerabilidade são muito tristes. As pessoas que vieram de Tel Aviv ou de outros lugares para se estabelecer nas cidades ao sul de Israel, muitas vezes em busca de qualidade de vida, agora não sabem o que fazer. Até sexta, a região era conhecida como o jardim de Israel, depois da tragédia dos ataques, se tornou uma cena de horror, um jardim infernal. No momento todos no país estão vivendo sob foguetes, ao som de sirenes de ataque aéreo e com as noites passadas em abrigos.
A raiva e o luto só vão piorar nos próximos dias. A contagem de mortes está aumentando o tempo todo. Haverá funerais, centenas deles, muitos televisionados, rituais de perda em uma pequena nação onde todos conhecem todos. Dentre os mortos estão sendo confirmados funcionários da ONU (Organização das Nações Unidades e da Cruz Vermelha.
Quando você vê o mal em seu estado puro, é muito difícil digerir que os seres humanos são capazes: é o que todos devem estar dizendo.
A resposta israelense será implacável, como dizem. E, portanto, este é apenas o começo. Mais de dois milhões de palestinos vivem em Gaza, e desde que o Hamas chegou ao poder, em 2007, a Faixa foi bloqueada e sofre embargos de todos os tipos. Assim, Israel, com a ajuda do Egito, transformou Gaza em uma prisão ao ar livre.
O governo israelense, relativamente relutante em usar força esmagadora, agora mudou de opinião. E não é a única coisa que mudará com esse show de horrores. Alguns palestinos, que estão fora do Hamas, têm insistido que as longas décadas de ocupação e miserabilidade levaram a esse ponto trágico. Suas conclusões são de que o ataque foi “o resultado direto da contínua ocupação mais longa da história moderna”, segundo eles, a violência pararia apenas com “o fim da ocupação” e a aceitação dos palestinos “como seres humanos iguais”.
Gaza é indiscutivelmente um ato da miséria humana. É uma paisagem pobre, superlotada e subempregada, um acúmulo de sofrimento que existe sob condições de isolamento forçado; é governada por um regime teocrático e corrupto, que não realiza uma eleição há dezessete anos.
Enquanto o povo de Gaza definhou e o mundo concentrou sua atenção em outro lugar, os recentes governos israelenses praticaram uma estratégia minimalista na linguagem de segurança, como usar a ideia de “encolher o conflito”.
A liderança israelense acreditava que não precisava resolver o conflito com os palestinos em Gaza, mas sim melhorar as condições de vida com incentivos econômicos ocasionais. Sua estratégia era essencialmente tentar tornar os palestinos invisíveis.
Após o ataque do Hamas, consequência dessa política que ignora a existência e os direitos dos palestinos, a ação de Israel sobre Gaza deverá ser repensada, assim esperamos, para que possamos voltar a sonhar com a paz e podermos visitar Israel e toda sua região aproveitando os valores históricos que lá sempre estarão.
Luis Norberto Pascoal é empresário, empreendedor e incentivador de projetos ligados à educação e à sustentabilidade. A Fundação Educar Dpaschoal é um dos pilares de seu trabalho voltado ao desenvolvimento humano e social.











