O caminho para a escola percorrido por cerca de 400 crianças no Satélite Íris está mais seguro, colorido, lúdico e convidativo. Foram concluídas intervenções viárias e artísticas que compõem duas fases do projeto “Caminhos do Brincar”, que, desde outubro, vem transformando o entorno do Centro de Educação Infantil (CEI) Dom Edward Robinson de Barros Cavalcanti, próximo à avenida John Boyd Dunlop (JBD), no Distrito do Campo Grande.
Nesta terça-feira (3), essas mudanças foram apresentadas na escola a técnicos de diversos órgãos e secretarias, como parte da programação da 2ª Semana do Bebê de Campinas.
As intervenções do “Caminhos do Brincar” seguem até fevereiro de 2025; e são fruto de parceria entre a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), Secretaria de Transportes, Plano Primeira Infância Campineira (PIC), Prefeitura Municipal, em iniciativa da Fundação FEAC, com o desenvolvimento do escritório de arquitetura e urbanismo Ateliê Navio.
Entre as mudanças realizadas nos últimos dois meses, estão alterações na dinâmica de circulação na região, colocando as crianças atendidas pela escola e seus cuidadores como figuras centrais. Este entendimento se deu após longo período de diagnóstico, pesquisas e planejamento, iniciado em 2021, que permitiu a conclusão de que 73,5% deste público chega ao ambiente escolar a pé (48,7%) ou de transporte público (24,8%).
“Esta rua ‘subia’, não tinha o sentido de ‘descida’. E era uma válvula de escape para o pessoal que não queria pegar o trânsito da John Boyd, principalmente nos horários de pico”, contou a vice-diretora da escola, Danila Tobias, sobre a transformação na região.
“É um espaço mais acolhedor, elas podem esperar nos bancos, as crianças ficam entretidas com as brincadeiras, os espaços, a pintura, e não veem o tempo passar”, acrescenta.
O entorno foi impactado nos seguintes trechos: na rua Fernando Pereira Neto, entre as ruas Tom de Araújo (marginal da JBD) e a Dr. Dante Erbolato; e a Dr. Dante Erbolato, entre as ruas Fernando Pereira Neto e Reverendo José Coelho Ferraz.
A Emdec estendeu calçadas com tinta azul, e implantou balizadores e tachões, promovendo a ampliação do espaço destinado aos pedestres em cruzamentos e encurtando travessias. Também foram implantadas sinalizações de chão (horizontal) e placas (vertical), incluindo a demarcação de vagas exclusivas. O investimento da empresa foi de R$ 250 mil.
A estratégia de intervenção adotada é o urbanismo tático, que usa soluções de baixo custo e de rápida implementação para melhorar o desenho de uma via ou espaço público.
Em outubro, as duas ruas impactadas passaram a ter sentido único de circulação nos trechos que recebem o projeto. Também foram alterados os limites de velocidade na região, para a promoção de zona calma: um trecho da marginal da JBD, rua Tom de Araújo, passou de 50 km/h para 30 km/h; e os trechos das ruas Dr. Dante Erbolato e Fernando Pereira Neto passaram de 40 km/h para 30 km/h.
Projeto também impactou famílias locais
Para deixar o caminho mais lúdico para os pequenos, o projeto “Caminhos do Brincar” também promoveu a pintura lúdica de calçadas e muros, com cores vibrantes, realizada pela artista Marta Henriksen (conhecida como Miss). Muros também foram grafitados por artistas do New Family Crew, em uma “galeria” a céu aberto.
Nas extensões de calçada e percursos lúdicos criados, foi instalado mobiliário urbano, como bancos, vasos com plantas e lixeiras.
Uma terceira fase do projeto, com previsão de realização até fevereiro de 2025, ainda inclui a criação de espaço de convivência em terreno na rua Fernando Pereira Neto, diante da escola, com pergolado, piso emborrachado, parque naturalizado, mobiliário e paisagismo.
A coordenadora de Inovação em Urbanismo e Mobilidade da Emdec, Michelle Rosa, conta que já recebeu relatos animados das crianças, passados pela equipe da escola, que até comparam o entorno a um parque de diversões.
“Para nós, é uma felicidade ver uma transformação num bairro que tem grande carência de áreas de lazer. Trazer isso para as crianças tem sido uma grande honra”, conta. “A gente quer expandir estes projetos para a cidade toda. Há dez escolas que já estudamos, em levantamento com a Secretaria de Educação, e estão previstas dentro do Plano de Segurança Viária do município”.
Além de Michelle, o projeto foi apresentado pela arquiteta Cora Rocha, do Ateliê Navio; o coordenador do PIC, Thiago Ferrari; e a analista de projetos Viviane Machado, da Feac. Também estiveram presentes representantes das secretarias de Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade; Planejamento e Desenvolvimento Urbano; e Desenvolvimento e Assistência Social, além de diversas áreas da Emdec.
