Linotipo, chumbo, prensa, lauda, máquina de escrever, telex. O que parece citação de itens de museu é, na verdade, uma introdução sobre a origem do jornalismo – e também, claro, itens de museu. A conquista do acesso às informações na ponta dos dedos, literalmente, condenou ao arcaísmo o que se imaginava perene. Redes sociais, grupos de WhatsApp e a mídia digital em geral mudaram expressões de linguagem, conteúdos, referências e também as formas de se manter atualizado. O século 21 chegou acompanhado da notícia atomizada e a humanidade ainda procura aprender como lidar com o advento da instantaneidade de comunicação.
O pesquisador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp, Rafael Evangelista, dimensiona o momento de forma bastante clara. Compara a era digital que vivemos àquela do início do século passado, em que o rádio e, posteriormente, a televisão, apresentaram ao mundo novos meios de comunicação. Houve toda uma fase de acomodação para a compreensão dessas mídias, do seu alcance e do que elas traziam de bom e de ruim.
“Tem gente que relaciona ascensão do fascismo à origem do rádio. Depois houve uma compreensão e uma acomodação. Com a mídia digital vivemos um processo de transição em andamento. É um processo que não está próximo de acabar, mas hoje temos um pouco mais de consciência sobre os problemas com que estamos lidando” analisa o pesquisador.
“Não há volta para o passado, espero que consigamos um pouco mais de equilíbrio”, avalia.
Como pesquisador, Rafael Evangelista tem trabalhado com temas como história e ideologias das tecnologias da informação; utopias da cibernética e redes sociais. Aponta pontos positivos da era digital, como a democratização do acesso à informação, e também negativos, como a perda de qualidade que a produção em excesso, nos moldes de caça-cliques, pode ocasionar. O meio-termo para o que há é de bom e de ruim, indica, está na curadoria daquilo que é absorvido.
“As matérias atomizadas que circulam por aí muitas vezes têm uma curadoria algorítmica. A informação saiu das mãos dos jornalistas, criou-se a desinformação. As matérias jornalísticas sempre tiveram credibilidade. Ocorre que os produtores de desinformação copiam essa estrutura jornalística para fazer um texto desinformativo, seja para ganhar likes ou para atender a um modelo político ou social”, descreve.
O alerta sobre a exploração de um formato que construiu credibilidade e que, com o advento digital, pôde ser usado para desinformação, vem acompanhando de uma recomendação. “Ser bem informado depende de senso crítico, de conhecer um pouco como o jornalismo funciona, se ouviu ao menos duas fontes, se aquelas aspas não foram recortadas de um jeito malandro, entender o contexto da matéria e praticar a curadoria pelo conteúdo de qualidade”.
Aniversário
O Hora Campinas atinge dois anos de vida apoiado justamente na curadoria voltada à informação de qualidade, como sugere Rafael Evangelista. Boa parte da equipe digital é raiz – navegou pelas redações quando ainda existiam máquinas de escrever e a internet gerava pautas sobre o futuro inovador que se contemplava.
Outros jornalistas que transitaram pelos diferentes ambientes do jornalismo, no pré e pós digital, foram convidados a falar sobre as transformações vivenciadas. São depoimentos que ajudam a identificar o que há de bom e de ruim na informação e fornecem ao leitor mais subsídios para a realização de uma curadoria eficiente do conteúdo absolvido.
VERA LONGUINI
Atuou em emissoras de rádio e de televisão em Campinas e em Salvador. No impresso, foi chefe de reportagem do Correio Popular e correspondente da Folha de São Paulo e do O Globo. Ministrou aulas de jornalismo na Puc-Campinas e na Unimep. Na área de assessoria de Imprensa, trabalhou em empresas públicas e privadas até 2000, quando criou a empresa de comunicação Ateliê da Notícia
“Há 40 anos, quando ingressei no jornalismo, transmitir uma reportagem “falada” para a sede de uma emissora de rádio representava conectar um fio ao gravador e outros dois ao bocal do telefone por meio de uma gambiarra que chamávamos de “garrinha”. Uma equipe de TV contava com cinegrafista e operador de vídeo-tape com fitas U-matic (formato de videocassete analógico) e iluminador (com sua cruzeta de lâmpadas fortes e muitos quentes). Hoje, com um simples celular e uma internet disponível, qualquer um manda imagens e áudios para serem aproveitadas em reportagens pelas emissoras e sites.
Na era pré-fax (Facsimile, que muita gente mais nova sequer sabe o que é), as informações chegavam às redações por telefone, telex (mais desconhecido ainda das novas gerações) ou em envelopes diários trazidos pelos Correio e Telégrafos. Pesquisas de fatos históricos eram feitas nos gigantescos cadernos guardados nos arquivos dos jornais ou nas bibliotecas públicas.
Hoje, basta um clique em um site de busca para que todas as informações estejam disponíveis. Basta separar as que são ou não confiáveis. A transmissão da informação ficou veloz, imediata e acessível, facilitando, em muito, a vida dos jornalistas.
Mas nem tudo se transformou. Permanece necessária toda a essência da responsabilidade com a narrativa dos fatos, com o compromisso eterno com a imparcialidade e a verdade, além do respeito com as fontes de informação e com leitores, ouvintes e telespectadores. Essência que nenhuma revolução ou inovação tecnológica consegue alterar, por mais agilidade e rapidez que requeiram as moderníssimas formas de transmissão das notícias.
O Hora Campinas é um exemplo dessa eficaz associação entre a essência e a inovação constante, quando usa a tecnologia para a transmissão de notícias verdadeiras e imparciais. É isso o que se espera, no mínimo, de quem se propõe a trabalhar com a notícia.”
ANA CAROLINA SILVEIRA
Proprietária da Carol Silveira Assessoria de Comunicação, empresa especializada em atender e desenvolver estratégias de relacionamento com a Imprensa para empresas de diferentes portes, eventos e instituições que precisam trabalhar sua imagem na mídia. Atuou como correspondente nacional e editora do jornal Gazeta Mercantil, repórter do Correio Popular, colaboradora da agência Reuters e do jornal Valor Econômico. Desde 2002 atua em assessoria de Comunicação para diferentes setores.
“Acesso mais rápido e fácil às informações, maior propagação de ideias, mais oportunidades de trabalho aos jornalistas, novas plataformas para anunciantes. O jornalismo digital trouxe uma série de benefícios para um mercado que se mostrou cada vez mais reduzido em publicações impressas nos últimos anos e em opções de trabalho para os profissionais.
Com o impulso da pandemia, as plataformas digitais ganharam mais vida e transformaram a rotina e os hábitos dos leitores/espectadores, graças à tecnologia e a rapidez na implantação desse modelo, que inclui a convergência de conteúdos em vídeo, áudio e texto. Com senso crítico, boas histórias humanas e pluralidade, o Hora Campinas nasceu e se desenvolveu graças a uma equipe competente e persistente. Combatendo as fake news e a desinformação, o Hora prima pelo jornalismo de qualidade que provoca e inspira.”
ARTUR ARAÚJO
Começou no jornalismo em 1986 no jornal Pasquim do Rio. Trabalhou em diversos jornais impressos como Última Hora, Folha de São Paulo, Diário do Povo e Correio Popular. Atuou na imprensa digital nos sites Cosmo e Prima Página. É professor de jornalismo e mídias digitais da PUC-Campinas e assessor de imprensa da Prefeitura de Campinas.
“OHora Campinas é um daqueles veículos de imprensa que fazem jornalismo com “J” maiúsculo. Tem uma equipe qualificada e procura trazer aquilo que é a marca e o sentido de nossa atividade: informação de qualidade, comprometida com os interesses populares e com a defesa do Estado de Direito.
Que o Hora Campinas continue sendo um exemplo e inspiração para todos que cultivam o bom jornalismo. Parabéns”
CRISTINA BELLUCO
Ingressou na carreira há 40 anos como estagiária nas rádios Brasil e Central. Trabalhou no Diário do Povo, Rádio Jornal do Brasil, Correio Popular, Folha de São Paulo e atua no jornalismo empresarial
“São grandes as transformações que a era digital trouxe desde que ingressei na carreira jornalística. Hoje, há uma enorme rapidez, agilidade na divulgação de informações. A todo momento, qualquer fato pode ser noticiado instantaneamente de qualquer lugar do mundo, possibilitando uma conexão imediata do jornalista com a população.
Por outro lado, toda essa agilidade da era digital facilitou que “pseudojornalistas”, pessoas inabilitadas, divulguem informações mal apuradas e, principalmente, a propagação de fake news. Portanto, o jornalismo digital é positivo e extremamente interessante, mas o cidadão precisa saber distinguir o que é jornalismo e o que é fake news. Parabéns à equipe do Hora Campinas pelo bom jornalismo, com dinamismo e ética, praticado durante esses dois anos!”
RENATA RONDINI
São 23 de anos na carreira jornalística. Trabalhou nos jornais Correio Popular, Diário do Povo e Notícia Já, no site GE Campinas e assessoria de imprensa. Atualmente atua como comentarista de vôlei da rádio CBN Campinas e com projetos de comunicação para empresas e profissionais focados em produção e gerenciamento de conteúdo para redes.
“Ainda como estagiária cheguei às redações já informatizadas, porém, iniciando seus processos de digitais. Fui da realidade com informações chegando por fax à agilidade da internet.
O processo do jornalismo digital foi intenso e rápido. Nós profissionais nos reformulamos, remodelamos nosso sistema de trabalho e ampliamos nossa agilidade de capturar informação, afinal, a ânsia de nossa audiência pela notícia rápida foi na mesma velocidade da Internet.
Sem dúvida, o jornalismo digital trouxe dinamismo e agilidade na notícia, e também proximidade com nossa audiência. Contudo, a Internet abriu um campo sem limites e nele vieram também as fakes news e os pseudos comunicadores que não sabem os deveres e etapas da construção de uma notícia com ética, da verdade e da responsabilidade.
Se a Internet nos globalizou, nos aproximou de nossa audiência e nos deu a agilidade, ela nos cobra uma tripla dedicação na apuração e checagem dos fatos, dois pontos que sempre foram essenciais na produção jornalística, mas que em dias atuais devem ser ainda mais relevantes para quem faz um trabalho sério e ético no digital.”
ROSA GUEDES
Atua há 40 anos como jornalista. Foi repórter da Rádio Central e do Diário do Povo. Desde 1993 é assessora de imprensa
“É inacreditável o alcance do jornalismo digital. Graças aos smartphones e tablets, os quais chamo de “tecnologias de aproximação”, é possível ter notícias na palma da mão o tempo todo, quase que em tempo real. O bom é quando as informações viram notícias pelas mãos de jornalistas profissionais, como os do Hora Campinas, sempre comprometidos com a verdade dos fatos. Isto, em tempos de fakenews, é impagável!
Sou audiência assídua e não deixo de enviar ao Hora sugestões de matérias dos meus clientes para divulgação, sobretudo pela audiência extraordinária que o portal tem e que não para de crescer”.
