Julho Verde é o mês de conscientização sobre o câncer de cabeça e pescoço. Os mais comuns afetam a boca e a cavidade oral, laringe e glândulas, como tireoide, parótida e submandibulares, mas também atingem fossas nasais, seios da face, glândulas salivares e pele da face e pescoço.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para o sucesso do tratamento, com chances de cura de até 90% quando descobertos no início.
Por isso, a conscientização sobre a doença é tão importante. Segundo estudo do Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 80% dos tumores de cabeça e pescoço diagnosticados no Brasil entre 2000 e 2017 foram identificados em estágios avançados, quando a doença pode ser mortal. O Inca estima 39.550 novos casos por ano no período de 2023 a 2025.
De acordo com o levantamento do Registro de Câncer de Base Populacional (RCBP) de Campinas, de 2013 a 2019 foram diagnosticados, em média, 198 casos de câncer de cabeça e pescoço ao ano.
Dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) de Campinas mostram que, de 2013 a 2024, as mortes causadas pelo câncer de cabeça e pescoço chegaram a 82, em média ao ano.
Segundo Wagner Guisard Thaumaturgo Junior, médico cirurgião geral e cirurgião de cabeça e pescoço da Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar, a maioria dos tumores nessa região são malignos e predominantemente do tipo escamoso, uma forma agressiva de câncer que depende muito do diagnóstico precoce para uma maior chance de cura do paciente.
O tratamento tem alta taxa de cura se diagnosticado em fases iniciais. Porém, se diagnosticado tardiamente, quase sempre são fatais.
Os principais sintomas do câncer de cabeça e pescoço incluem dor ou desconforto na boca, garganta ou pescoço; dificuldade para engolir ou falar; perda de peso; sangramento ou mau cheiro de feridas que não cicatrizam; nódulos ou tumores na boca, garganta ou pescoço; alterações na voz, engasgos frequentes, tosse persistente, congestão nasal e secreção.
Fatores de risco
De acordo com o cirurgião, o principal fator de risco do câncer de cabeça e pescoço é o tabagismo e o risco de desenvolvimento da doença aumenta se associado ao consumo de álcool.
A infecção pelo Vírus do Papiloma Humano (HPV) também é um dos principais fatores de risco e, para alguns tumores de glândulas, o histórico familiar de câncer também é relevante. Má higiene bucal, exposição a substâncias tóxicas – como amianto, níquel e pó de madeira – e passar muito tempo exposto ao sol também aumentam o risco do câncer.
“O grupo de maior risco é o de homens acima de 50 anos. No entanto, qualquer pessoa que seja fumante e consumidor de álcool têm risco aumentado. Pessoas com infecção pelo vírus HPV e com nódulos em glândulas devem ter acompanhamento médico adequado”, explicou Wagner Guisard.
Prevenção
Como sempre, hábitos saudáveis são a melhor prevenção para o câncer de cabeça e pescoço: não fumar e evitar o consumo excessivo de álcool, vacinação contra o HPV; manter uma boa higiene bucal; usar protetor solar, principalmente nos lábios e rosto; manter uma alimentação saudável e equilibrada; praticar atividades físicas regularmente e usar preservativo durante relações sexuais.
“Informar e conscientizar a população sobre os riscos relacionados ao tabagismo e o consumo de álcool é essencial no combate ao câncer, além de uma alimentação rica em frutas e verduras e a realização de exames regulares com um dentista ou médico especialista em cabeça e pescoço. Atualmente, a vacinação contra o HPV também é importante porque previne alguns tipos de cânceres relacionados ao vírus”, enumerou o especialista.
Vacina HPV
A vacina contra o HPV é oferecida pelo SUS, nos centros de saúde, para meninas e meninos de 9 a 14 anos e para pessoas imunossuprimidas de 9 a 45 anos. A vacinação pode ajudar a prevenir alguns tipos de câncer de cabeça e pescoço relacionados ao HPV.
Vale lembrar que a prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais para o tratamento eficaz do câncer de cabeça e pescoço.
“A demora no diagnóstico é o principal fator que diferencia entre a vida e a morte nos casos de cânceres na cabeça e pescoço”, concluiu Wagner Guisard.
