Depois de 20 dias de uma megaoperação, que envolveu centenas de policiais, tensão e fugas cinematográficas, chegou ao fim na manhã desta segunda-feira, 28 de junho, a saga Lázaro Barbosa. Em meio a uma megaoperação, com mais de 270 policiais, o criminoso, de 32 anos, foi morto após ser baleado em Goiás. O caso dele teve repercussão internacional e uma cobertura jornalística com jeito de novela. A dificuldade de prender Lázaro virou memes na internet e colocou a polícia em situação de chacota, sob alguns olhares mais críticos. Toda a região estava apreensiva e temendo por um novo crime de Lázaro. No final da caçada, a polícia se organizoui melhor e passou a procurá-lo utilizando ferramentas mais modernas, como drones e sensores de calor.
Condenado por assassinatos e estupros, o fugitivo da Justiça era procurado por uma série de crimes na Bahia, no Distrito Federal e em Goiás. Policiais comemoraram a prisão, e imagens mostram o fugitivo ferido, sendo carregado
Ele era acusado pela morte de quatro pessoas de uma família em Ceilândia, no Distrito Federal, e de um caseiro de uma fazenda no distrito de Girassol, em Goiás. Mais cedo, a sua prisão havia sido anunciada pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado.
“Como eu disse, era questão de tempo até que a nossa polícia, a mais preparada do País, capturasse o assassino Lázaro Barbosa. Parabéns para as nossas forças de segurança. Vocês são motivo de muito orgulho para a nossa gente! Goiás não é Disneylândia de bandido”, completou o governador.
Jagunço e dinheiro no bolso
A morte do fugitivo Lázaro Barbosa, na manhã de hoje (28), não põe fim ao trabalho da Polícia Civil de Goiás, que, a partir de agora, centrará esforços para esclarecer se o acusado de ter cometido múltiplos assassinatos recebeu ajuda para escapar ao cerco dos agentes de segurança por 20 dias.

“As investigações não acabam aqui. Ainda temos algumas pessoas para investigar e prender”, disse a jornalistas o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda. Segundo ele, a Polícia Civil já está investigando a suspeita de que Lázaro agia como matador de aluguel e contou com o auxílio de pessoas que não queriam que ele fosse preso.
O principal alvo da apuração da suposta ligação de Lázaro com matadores é, de acordo com Miranda, o dono de uma chácara onde o fugitivo chegou a se esconder e obter alimentos, Elmi Caetano Evangelista, preso na última quinta-feira (24).
“O empresário [chacareiro] que está preso é um dos líderes da organização”, disse o secretário, afastando a tese de que Lázaro atuava sozinho. “Mais para frente, quando a investigação estiver finalizada, colocaremos [todas as informações] para vocês. Mas já há uma linha de apuração. Uma das coisas [hipóteses] é de que ele [Lázaro] atuava como jagunço ou segurança para algumas pessoas”, afirmou o secretário estadual, declarando que a suposta “organização” pode estar envolvida com crimes como latrocínio e assassinatos nos quais Lázaro pode ter participação.
Uma outra hipótese é o suposto interesse de um esquema para derrubar o preço dos imóveis na região, permitindo que especuladores pudessem comprar com preço baixo. Isso aconteceria pelo fato de os moradores estarem com medo de Lázaro, abandonando as residências. A desvalorização do patrimônio estava em franco crescimento, já que o criminoso continuava à solta.
Segundo Miranda, Lázaro trocou de roupas várias vezes (“Uma prova de que ele tinha uma rede que o acobertava”) e, ao ser morto, estava com cerca de R$ 4,4 mil no bolso. O que, para o secretário, evidencia não só sua intenção de seguir fugindo, mas também que ele contava com o suporte de outras pessoas.
O dinheiro é, certamente, um indicativo de que ele estava querendo sair do estado ou do País. E esta questão dele querer fugir, logicamente com o patrocínio [de terceiros], tinha gente interessada em que ele não fosse preso.
Lázaro foi surpreendido por policiais quando chegava à casa de sua ex-sogra, na zona rural de Águas Lindas (GO), a cerca de 50 quilômetros de Brasília. “Ele foi para encontrar com ela. Nós já estávamos monitorando, tentamos pegá-lo no momento [em que ele se aproximou], mas ele chegou a ameaçar alguns policiais”, contou Miranda, explicando que após ser cercado, Lázaro trocou tiros com os policiais e foi baleado. Sua ex-esposa e sua ex-sogra foram conduzidas para prestar depoimento.
Socorrido com vida, Lázaro foi levado ao Hospital Municipal Bom Jesus, de Águas Lindas de Goiás (GO), mas não resistiu aos ferimentos. Seu corpo já foi transferido para o Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia, onde será periciado antes de ser liberado para que sua família providencie o enterro.
Lázaro é acusado de assassinar quatro pessoas da mesma família em uma chácara no Distrito Federal. Uma quinta vítima teria sido feita refém em Goiás. Ele ainda é suspeito de balear três pessoas no município de Cocalzinho de Goiás, onde se concentraram as buscas. Além disso, já tinha sido condenado por homicídio na Bahia.
(Agência Brasil, com G1)












