Se Campinas fosse uma pessoa, seria possível alinhavar centenas de itens que comporiam, hipoteticamente, a sua herança. Esse testamento público da cidade, porém, está devidamente documentado pela história. São personagens que deixaram seu nome para o mundo. São inovações que moldaram o desenvolvimento econômico. São descobertas que fincaram a marca campineira no mercado.
Os itens deste legado virtuoso de Campinas atendem por nomes variados, mas trazem em sua essência a busca pela excelência, pelo conhecimento e pela criatividade. Confira abaixo apenas algumas (são muitas) conquistas que fazem de Campinas um selo de reconhecimento nacional e internacional:

Carlos Gomes
Nascido em Campinas em 11 de julho de 1836, Carlos Gomes foi o mais importante compositor de ópera brasileiro. Fiel ao estilo romântico, obteve carreira de destaque na Europa, sendo o primeiro brasileiro a ter suas obras apresentadas no Teatro Alla Scala de Milão. É o autor da ópera O Guarani (1870). Na sua cidade natal ficou conhecido por Tonico. Na Itália, escreveu ainda Condor, que foi a única obra que ele fez por encomenda e depois Colombo, a última. Voltou ao Brasil em 1895, doente e com dificuldades financeiras. No Pará, ocupou a diretoria do Conservatório de Música de Belém, cargo criado pelo governador Lauro Sodré para ajudá-lo. Permaneceu no cargo até morrer, em 16 de setembro de 1896, aos 60 anos, de câncer na língua.

Hercules Florence
Hercules Florence nasceu em Nice, na França, em 1804. Desembarcou em 1824 no Rio de Janeiro, com apenas 20 anos de idade. Foi contratado como desenhista da Expedição Langsdorff, missão científica que percorreu o interior do Brasil de 1825 a 1829 e que realizou, no século XIX, monumental levantamento de dados geográficos e etnográficos do País. Ao final da expedição, radicou-se na vila de São Carlos (hoje Campinas), onde viveu até seu falecimento em 1879. Hercules Florence inventou um dos primeiros métodos de fotografia do mundo.

Santos Dumont
O voo do brasileiro Alberto Santos Dumont, em uma distância de 60 metros com o 14-Bis, no Campo de Bagatelle, em Paris, marcou historicamente aquele 23 de outubro de 1906 e consagrou ainda mais o inventor. E parte dessa genialidade passou por Campinas, quando nos idos dos anos de 1880 ele estudou no Colégio Culto à Ciência, que acabara de ser fundado. O Culto à Ciência nasceu sob os ideais do positivismo e isso atraiu a família do pequeno Alberto. Dos dez aos 12 anos, aproximadamente, morou em Campinas e estudou no Culto à Ciência, tornando ainda mais famosa a escola, que até hoje é lembrada por grandes nomes da arte, literatura e outros segmentos sociais que passaram por seus bancos.

Fibra ótica
Este meio que revolucionou a transmissão de dados no mundo tem uma importante contribuição campineira. Foram pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que adaptaram essa tecnologia para o Brasil, nos idos dos anos 70.

Cartão telefônico
Os cartões telefônicos brasileiros têm DNA campineiro. Os primeiros testes foram conduzidos em Campinas pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Telebrás (CPqD). Era a migração de plataformas e sistemas – da ficha para o cartão. Isso aconteceu no início dos anos 90.

Computador “brasileiro”
A era dos computadores no Brasil passou por Campinas. A Unicamp teve papel importante no processo de inserção da tecnologia computacional no território brasileiro. Em 1971, a Unicamp recebia seu primeiro computador, um IBM-1130, talvez equivalente hoje a uma “calculadora” em termos de processamento, marcando a entrada da universidade na era da computação. Essa chegada foi acompanhada pela criação do curso de computação na instituição. Além disso, a Unicamp também participou de um projeto da Marinha para desenvolver um computador nacional, chamado Cisne Branco, durante este período. A USP acabou “vencendo a concorrência” deste projeto militar, mas Campinas selava ali sua competência para formar um cinturão de pesquisa, ciência, inovação e tecnologia que consolidou-se ao longo dos anos.

Motor flex
A tecnologia deste motor permite basicamente que o veículo possa ser abastecido por mais de um tipo de combustível. No Brasil, essa tecnologia pioneira foi desenvolvida pela empresa alemã Bosch, sediada em Campinas. Seu parque industrial fica no entrocamento das rodovias Anhanguera e SP-101. O motor flex foi desenvolvido pela Bosch a partir de 1994, mas os veículos chegaram ao mercado no início dos anos 2000.

Feijão carioquinha
O grão mais saboroso e afetivo do Brasil, que inspira músicas e receitas país afora, foi desenvolvido nos anos 70 no Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Referência em pesquisa para a agricultura, o IAC desenvolve e aprimora cultivares em busca de eficiência e inovação. Tudo começa, na verdade, numa pequena cidade do Interior de São Paulo: Ibirarema.
No ano de 1970, em uma lavoura de feijão, um produtor identificou um grão de tonalidade diferente e mais produtivo do que os outros, provavelmente fruto de uma mutação espontânea. Foi batizado de carioca pelas suas listras que se parecem com as de um porco, cuja raça também era conhecida como carioca. Posteriormente, o agricultor entrou em contato com o Instituto Agronômico que passou a desenvolver a variedade que está sempre presente nos pratos brasileiros. Desde então, o IAC já desenvolveu quase 60 variedades de feijão, de todos os tipos.

Boquinha de anjo
Criado em Campinas na década de 60, presente em quase todas as cidades brasileiras e hoje conhecido mundialmente pelos turistas que visitam Campinas e região, o sanduíche Boquinha de Anjo é considerado símbolo gastronômico e cultural da cidade. E tem mais uma curiosidade sobre o lanche: pela Lei Ordinária 16.643/2024, o “Boquinha de Anjo” tem até data celebrativa: dia 10 de maio.

Torta holandesa
Entre as invenções gastronômicas campineiras, está a famosa e deliciosa torta holandesa. A tradicional sobremesa, criada em 1990 no Café Bruges, espaço que funcionava na Rua Irmã Serafina, virou sensação nos anos 90 e ficou conhecida pelo país afora, especialmente por toda cadeia food service, churrascarias e restaurantes.

Chapéu de Indiana Jones
O que boa parte dos fãs da saga Indiana Jones não sabe é que o famoso acessório na cabeça de Harrison Ford foi produzido no Brasil, mais precisamente em Campinas, na Fábrica Chapéus Cury. Na verdade, a companhia campineira forneceu a carapuça feita com feltro de pêlo de lebre para a fabricante inglesa Herbert Johnson, que finalizou a confecção do adereço. Nos anos 1980, a Chapéus Cury entregou oito chapéus semi-acabados para a inglesa Herbert Johnson, que alongou o topo e deu forma final ao acessório imortalizado com o personagem Indiana Jones.
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