A Sexta-feira da Paixão marcou a milésima alta de paciente curado da Covid-19 no Hospital Vera Cruz Casa de Saúde em Campinas. Morador de Araxá (MG), Luciano Flausino, de 47 anos, veio para se tratar na unidade. A alta do paciente foi marcada por muita emoção dos profissionais que estão na linha de frente ao combate à pandemia. Desde março do ano passado, o Vera Cruz Casa de Saúde mantém um espaço dedicado ao atendimento às vítimas do novo coronavírus: em 12 meses, mais de 20 mil pessoas foram atendidas.
Internado desde o último dia 9, o fazendeiro perdeu o pai para a doença, enquanto estava intubado no Interior de São Paulo. “O hospital onde meu marido havia sido internado em Perdizes (MG) não possuía leito de UTI, por isso decidimos prontamente trazê-lo para Campinas. Um dia depois ele precisou ser intubado. Na mesma data eu testei positivo para Covid e precisei me isolar por 14 dias no hotel onde estava hospedada, sozinha e com muito medo. Meu sogro veio a óbito na mesma semana e muita coisa passava pela minha cabeça”, conta a esposa, Cristiane Silva Oliveira. Ela tem muita gratidão pela equipe médica.
“A equipe médica me auxiliou diariamente fornecendo informações sobre o estado de saúde dele e nos tranquilizando. Foram anjos e heróis. Nossa eterna gratidão. Viemos sabendo que o Vera Cruz era referência em atendimento e hoje temos certeza disso, foi espetacular. Finalmente vamos para casa, mas essa equipe vai deixar saudades”, disse Cristiane.
Agora eles voltam para casa, onde estão os gêmeos Caio e Enzo, de 7 anos, ansiosos pelo reencontro com o pai. “A gente te ama muito e está com muita saudade. Volta logo, você é o melhor pai do mundo”, disseram, em vídeo, os meninos.
A família está muito feliz e ansiosa pelo reencontro. “Eu te amo e nós estamos te aguardando ansiosos. Muitos dias longe, preocupada, mas graças a Deus você está vindo bem. Se eu estou chorando é de emoção e felicidade de você estar vindo embora”, diz a mãe, Sueli Inês Alves Dias, ao lado das irmãs dele, Kelly Adriane Flausino e Rose Emília Flausino, que também enviaram mensagens positivas.
Intubação
A médica clínica Carla Lucero, que participou da recuperação de Luciano, conta que ele chegou em situação complicada. “Quando o paciente chegou à Casa de Saúde, ele já demandava uma alta quantidade de oxigênio e estava bastante cansado. Através de uma tomografia, decidimos enviá-lo para a UTI, onde ele precisou ser intubado por 14 dias. Foi um quadro grave, com 75% de acometimento do pulmão. Quando ele já havia retornado para a enfermaria, tivemos que dar a notícia de que ele havia perdido o pai. Foi uma grande luta, mas que trouxe um novo significado para a sua vida”, afirma.
“Vê-lo sair daqui hoje, saudável e esperançoso é o que nos dá forças para continuar. O último ano marcou as nossas carreiras, mas, com comprometimento, união e excelência, conseguimos devolver mil pessoas para as suas famílias”, comemora a intensivista.
“Se eu não tivesse sido acolhido pela Casa de Saúde eu não estaria aqui hoje, vivo. Essa vaga era para o meu pai, mas como ele estava intubado não pôde ser transferido e não resistiu. Minha esposa me convenceu a vir. Foi muito difícil para todos nós, mas esses médicos tomaram decisões que me salvaram. Serei eternamente grato a toda a equipe”, agradece Luciano.
O diretor técnico do Vera Cruz Casa de Saúde, Bruno Gonçalves de Campos Araújo, comemora o desfecho e a marca alcançada. “É impressionante chegarmos na alta mil de pacientes confirmados com Covid-19. Estamos há um pouco mais de um ano dedicados a curar essas pessoas em um centro referenciado do Vera Cruz. São mil vitórias. É muito gratificante poder checar até aqui, mesmo com tantos desafios. Apesar de estarmos enfrentando uma nova pandemia, e com os sistemas de saúde sobrecarregados no mundo todo, temos certeza de que os profissionais da linha de frente têm feito um trabalho brilhante. Além disso, é importante ressaltar que o Luciano veio até o Vera Cruz Casa de Saúde sabendo que somos referência no tratamento da doença. Um paciente jovem, com uma situação complicada, mas que venceu”, diz.
Ele alerta para a mudança no perfil das vítimas. “Nessa segunda onda, temos pacientes muito mais novos e casos muito mais graves do que no primeiro momento da pandemia, quando foram acometidos mais idosos. Apesar da nossa luta ainda continuar, somos muito gratos”, completa o médico.