Uma das vozes mais marcantes do jornalismo esportivo brasileiro silenciou neste domingo. João Baptista Bellinaso Neto, mais conhecido como Léo Batista, ícone da TV e com carreira longeva na TV Globo, morreu no Rio de Janeiro, aos 92 anos. Nascido em Cordeirópolis, região de Limeira, em 22 de julho de 1932, Léo foi também apresentador, dublador e locutor.
Uma de suas participações mais conhecidas do público foi quando apresentou, por décadas, no programa Fantástico, aos domingos à noite, os resultados da loteria esportiva, com o apoio de uma zebra, quando ainda nem se penasava em inteligência artificial.
Ele anunciava o placar e a personagem tinha seu espaço de fala e de fama.
Filho dos imigrantes italianos Antonio Bellinazzo e Maria Rivaben, o pequeno João Baptista nasceu no interior de São Paulo no então distrito de Cordeiro do município de Limeira. Cordeirópolis fica a 70km de Campinas.
Leo morreu neste domingo (19) após passar 13 dias internado no Hospital Rio D’Or. Ele foi diagnosticado com câncer de pâncreas após se queixar de dor abdominal e desidratação.
Carreira
Em 1970, ingressou na Rede Globo, onde ficou por mais de 50 anos. Com a morte de Cid Moreira, passou a ser o funcionário mais antigo da emissora até a sua morte. Comandava quadros esportivos, além de apresentar algumas edições do programa Globo Esporte.
Léo foi um dos jornalistas que transmitiram a primeira partida oficial de Garrincha no futebol. Era torcedor do Botafogo.
Para reverenciar a sua trajetória no jornalismo esportivo, Léo Batista teve sua história descrita em uma série com quatro episódios chamada de “Léo Batista — A Voz Marcante”. Foi um tributo ao seu legado. A série foi ao ar no ano passado no canal SporTV. O documentário teve a direção de Kizzy Magalhães e contou com vários depoimentos, tais como o apresentador Pedro Bial e o narrador Luís Roberto.
História
Começou a trabalhar na adolescência no serviço de alto-falantes de Cordeirólis. O estúdio ficava numa praça perto do prédio da pensão onde o pai mantinha seu próprio negócio. Léo foi o último a fazer o teste. Leu um anúncio, apresentou uma música e, quando viu, estava transmitindo as notícias.
O primo gostou e disse que seria seu o posto de locutor. Uns seis meses depois da experiência com o primo Beraldo, Léo recebeu convite do senhor Domingos Lote Neto. Ele gostou de sua voz e insistiu em levá-lo para fazer um teste na recém-inaugurada Rádio Clube de Birigui, “a pérola do Noroeste” e assim o fez. Léo foi contratado. Lá, transmitiu partidas de futebol, a parada de 7 de Setembro e programas de auditório como o “Clube da Alegria”, em que teve o privilégio de apresentar Hebe Camargo na festa do primeiro aniversário da emissora.
Em Piracicaba, trabalhou na Rádio Difusora. Na época, o XV de Novembro, time local, tinha subido para a primeira divisão do Paulistão e buscava um locutor esportivo. Leo passou a acompanhar e narrar os jogos do antigo campo da Rua Regente (ainda não existia o estádio Barão da Serra Negra).
Depois, o Pacaembu, a Vila Belmiro… o próprio Léo revela em suas entrevistas: “Eu era atrevido. Vim até para o Rio, transmitir a Copa de 50”.
Em 1952, Léo foi para o Rio de Janeiro concorrer a uma vaga na Rádio Clube do Brasil, mas em vez disso, foi contratado pela Rádio Globo, para trabalhar como locutor e redator de notícias.
Léo sempre gostou de rádio, mas em 1955 trocou de emprego e se mudou para a hoje extinta TV Rio, onde comandaria por 13 anos o Telejornal Pirelli, um dos noticiários de maior sucesso na televisão.
Chegou à Globo em 1970 e logo se destacou devido ao seu estilo descontraído. Em 1970, como freelancer, foi chamado para compor a equipe esportiva da TV Globo, que mandara seus principais nomes para o México, na cobertura da Copa do Mundo.
Logo após a Copa, o locutor teve que substituir o apresentador Cid Moreira em uma edição do Jornal Nacional. Ele respondeu bem e foi contratado em definitivo, chegando a apresentar as edições de sábado do JN.
Léo Batista era o apresentador mais antigo em atividade na Globo e foi um dos criadores, em 1978, do programa Globo Esporte. Nas décadas de 1980 e 1990 chegou a apresentar um bloco esportivo no Jornal Nacional, aos sábados. Seu rosto pôde ser visto nas edições de sábado do Globo Esporte e sua voz às quartas feiras, nos intervalos dos jogos brasileiros.
Foi casado com Leyla Chavantes Belinaso, que faleceu aos 84 anos em 29 de janeiro de 2022.











