Mohamed Ezz El-Din Mostafa Habib, professor do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, morreu nesta quarta-feira (26), aos 80 anos, em decorrência de um câncer. Habib deixa a esposa, Sawsan Mohamed Ahmed, os filhos Nader, Mona e Shadi, e a neta Dora. De acordo com a Unicamp, deixa também um valioso legado em setores nos quais foi protagonista ao longo de sua vida na docência, pesquisa e administração universitária: preservação ambiental, desenvolvimento sustentável, extensão universitária e diálogo intercultural
“São sempre difíceis momentos como este, de falecimento de um colega, amigo, companheiro de ideias e ideais. O professor Mohamed nos deixa, mas ficam conosco não somente as lembranças dos momentos compartilhados, ficam também suas diversas realizações, que marcam a história da Unicamp”, lamenta o reitor da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles.
“Mohamed desempenhou muitos papéis na administração universitária. Destaco sua atuação à frente da Coordenadoria de Relações Internacionais e da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários, sempre pautada pelo diálogo, pelo compromisso democrático, pelo rigor acadêmico, pelo espírito inclusivo e voltado para o estreitamento dos laços de nossa comunidade com a sociedade, em particular com seus setores menos favorecidos. Meus sentimentos a seus familiares e amigos, a quem expresso a profunda tristeza de nossa comunidade por esta perda”, comenta.
Mohamed Habib nasceu na cidade de Port Said, no Egito, em 25 de janeiro de 1942. Quinto dos nove filhos de Faika Bohran e Mostafa Mostafa Habib, ingressou aos 17 anos na Universidade de Alexandria para cursar Engenharia Agronômica. Pela mesma instituição, obteve o título de Mestre em Entomologia em 1968, com ênfase em controle biológico. Entre 1965 e 1971, foi pesquisador do National Research Centre na cidade do Cairo.
De acordo com publicação da Unicamp, após a morte do líder egípcio Gamal Abdel Nasser, em 1970, o país viveu uma sucessão de crises políticas que fizeram com que Habib, com então 31 anos, decidisse sair do Egito. A nova pátria escolhida foi o Brasil, onde chegou em agosto de 1972 em busca de uma oportunidade junto às universidades brasileiras.
Acolhido na Unicamp por Zeferino Vaz em outubro do mesmo ano, Mohamed Habib foi admitido como professor de Entomologia do IB em março de 1973. Pela Universidade, concluiu o Doutorado em Ciências Biológicas em 1976 e obteve o título de Livre-docente em 1982, tornando-se Professor Titular em 1986.
Ao longo de sua carreira no IB, o professor se destacou nas áreas de entomologia, ecologia aplicada, controle biológico, pragas agrícolas, agroecologia e educação ambiental. Teve também importante atuação em órgãos nacionais e internacionais, como a Secretaria Estadual de Agricultura de São Paulo, Conselho Estadual do Meio Ambiente, Ministério da Agricultura, Embrapa, Instituto de Pesquisas da Amazônia, CTNBio e Organização Mundial da Saúde. Ainda junto ao IB, foi chefe do Departamento de Zoologia e Diretor da Unidade nas gestões 1990-1994 e 2002-2005.
Formou mais de 40 mestres e doutores e sua produção científica reúne mais de 200 trabalhos publicados em todo o mundo.
Entre os diversos prêmios e homenagens que recebeu ao longo de sua vida, foi reconhecido pelo Município de Campinas com os títulos de “Grande Defensor da Ecologia”, em 1984, e “Cidadão Campineiro”, em 1999. Em 2000, recebeu o prêmio “Personalidade Brasil 500 Anos”, concedido pelo Centro Empresarial Cultural do Estado de São Paulo.
Foi homenageado também, em 1998, pela Secretaria Nacional dos Direitos Humanos da Presidência da República, com a medalha “Direitos Humanos, o Novo Nome da Liberdade”.
O sepultamento ocorreu às 15h, no Cemitério Parque das Acácias, em Campinas. Em razão da situação da pandemia de Covid-19, a cerimônia foi restrita a 40 pessoas, entre família e amigos.
* Com informações da Unicamp