O crescimento do número de ocorrências de violência contra a mulher tem alterado o comportamento de muitas delas. O medo tem dado lugar à disposição em enfrentar situações de agressão e não apenas em forma de denúncia. Além da palavra, a mulher começa a usar também seu corpo como arma de defesa e combate.
Em Valinhos tiveram início na última quarta-feira (14), as aulas para a segunda turma do programa de técnicas de defesa pessoal voltado para o público feminino. A iniciativa faz parte do projeto Guardiã Maria da Penha, que visa coibir a violência contra a mulher. O objetivo do programa é capacitar as mulheres, de forma gratuita, a se defenderem de agressores. Todas as participantes são acima de 18 anos.
“Percebemos que muitas chegam acanhadas ao programa, mas também dispostas a aprenderem algo para sua proteção”, relata Rose Santos, subinspetora da Guarda Civil Municipal de Valinhos e coordenadora do projeto. “E, ao final do curso, elas são ‘todo poder’, cheias de pensamentos positivos e com uma convicção de que realmente aprenderam algo positivo, que irão levar para a vida toda.”
As aulas da primeira turma ocorreram do dia 15 de junho a 3 de agosto e tiveram 18 participantes. O grupo atual é formado por 25 mulheres, que participarão de oito aulas todas as quartas-feiras pela manhã na sede da Guarda Civil Municipal. Ainda há em torno de 45 inscritas que estão numa lista de espera e serão incluídas em novas turmas futuramente.
Segundo o comandante da GCM, Aparecido Ignácio, nas aulas são transmitidas situações comuns de risco no cotidiano, como importunação sexual, violência doméstica e sexual, e a maneira como sair delas. O conteúdo é ministrado por guardas municipais graduados em artes marciais e defesa pessoal.

“Na maioria das vezes, a agressão acontece de forma isolada, sem ninguém por perto para ajudar”, observa Ignácio. “E, nestas horas, ter o mínimo de capacitação para enfrentar o agressor e se livrar da situação violenta pode ser determinante para preservar a vida”, destaca.
O secretário de Segurança Pública e Cidadania, Osmir Cruz acrescentou que houve uma escolha para tornar o grupo heterogêneo. “Nossa meta é fazer com que as participantes sejam multiplicadoras e promotoras das ações do curso de defesa pessoal e, para isso, queremos ter representantes de diversas idades, que atuam em diversos locais e em diferentes áreas sociais”, explica. “O objetivo é que as mulheres não participem apenas das aulas de forma presencial, mas promovam o combate à violência doméstica onde elas atuam, seja no trabalho, na escola, na academia, em qualquer lugar”, acrescenta.
Para a prefeita de Valinhos, Capitã Lucimara Godoy, o curso eleva o nível de confiança e encorajamento pessoal das participantes e, ao mesmo tempo, abre a oportunidade de diálogos na sociedade sobre o respeito mútuo. “Os eventos que estamos realizando no âmbito da administração municipal, junto com outros órgãos públicos e iniciativa privada, estão cada vez mais tornando o combate à violência doméstica uma pauta recorrente na sociedade”, destaca a prefeita.
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