O braço esquerdo está sem mobilidade, uma das pernas já não obedece o comando do cérebro e a outra perde, aos poucos, a firmeza.
Os dias têm sido difíceis para Cláudia Cardoso Ramos. Após passar por duas cirurgias para a extração de um tumor no cérebro e se submeter a sessões pesadas de rádio e quimioterapia, a esposa do jornalista de Campinas, Johnny Inselsperger, luta pela vida amparada pela fé a uma lista de remédios, alguns para evitar convulsões.
O drama se soma nos últimos dias a uma batalha judicial travada com a Unimed Campinas. O plano de saúde se nega a liberar o novo quimioterápico indicado para o tratamento.
“Na última sexta-feira me desesperei”, confessa Johnny, ao ver a mulher se debilitando em função do não uso do medicamento prescrito. A alternativa foi apostar em uma vaquinha virtual para comprar pelo menos a primeira caixa de Larotrectinibe 100mg, limitado para uso em um mês. O valor é de R$ 75 mil.
O jornalista tem mobilizado uma rede de apoio para levantar recursos.
Ao mesmo tempo, briga com a Unimed Campinas. Na última segunda-feira (2), obteve uma liminar emitida pela 11ª Vara Cível de Campinas e assinada pelo juiz Victor Patutti Godoy que obriga o convênio a liberar o medicamento em até cinco dias sob pena de multa diária de R$ 1.000,00. No entanto, a ordem judicial é passível de recurso. “Me sinto Davi brigando com Golias”, afirma o jornalista.
O link para as contribuições na rede de solidariedade é o seguinte: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajuda-para-remedio-de-cancer
Até a manhã desta terça-feira (3), a corrente virtual havia obtido a adesão de 145 apoiadores, com uma arrecadação de quase R$ 17 mil. A Unimed foi procurada pela reportagem do Hora Campinas e prometeu retornar. A princípio, diz que não libera o Larotrectinibe 100mg porque o medicamento não consta no rol da Agência Nacional de Saúde (ANS). Quando e se o plano de saúde emitir uma posição oficial, sua manifestação será publicada imediatamente na reportagem.
Histórico
O drama de Cláudia começou em novembro de 2021, quando um câncer do lado esquerdo, na altura da orelha, foi diagnosticado. Em janeiro do ano seguinte, o tumor foi extraído após 9h de cirurgia. O tratamento seguiu, com 30 sessões de radioterapia e 12 ciclos de quimioterapia, mas o tumor voltou.
“No último dia 21 de junho, ela fez uma nova cirurgia e depois se submeteu a mais dez sessões de radioterapia”, explica Johnny, que agora lamenta o fato do tratamento ter sido interrompido. “Desde o dia 8 de agosto o plano de saúde recusa liberar o quimioterápico indicado”, justifica.
A prescrição de Larotrectinibe 100mg a cada 12 horas foi registrada em laudo médico assinado pela oncologista Talita Coelho Paiva.
“O plano só aceita liberar o Temodal, mas esse medicamento não fez efeito após a primeira cirurgia. Ela precisa de algo mais efetivo e agressivo com o tumor. Dói saber que esse remédio existe, mas não é liberado.”
Johnny não esconde a revolta. “A Unimed usa a palavra humanizar em 75% de suas campanhas publicitárias. E eu pergunto: o que ela está fazendo tem a ver com humanizar? Isso é propaganda enganosa.”
“Quero dar de presente para minha esposa a medicação prescrita para que ela possa ter a vida devolvida”, diz Johnny, lembrando que Cláudia completa 54 anos de idade na próxima sexta-feira (6).
“No mais, até estouro meu orçamento comprando frutas, lanches, doces, sorvetes e tudo que ela deseja. Mas, o que importa, é que ela tenha a qualidade de vida devolvida.”