Como será o amanhã depois de tudo que mudou nos últimos 25 anos? Como será daqui 25 anos? Já se fala em computação em nuvem, ultraveloz e de inteligência sistêmica, que nos guiará e nos dará respostas inteligentes. Será?
Com o novo poder da computação, com superprocessadores, a capacidade de antever resultados está se transformando em um novo mundo, que pode muito bem nos deixar loucos. Pensemos nos nossos netos, que ainda viverão 60 ou 70 anos. Imagine o futuro e o novo mundo em que eles estarão.
Em sua primeira versão, quase 25 anos atrás, usar uma conexão com diferentes provedores de serviços de internet (ISPS) fazia com que a mensagem enviada tivesse que fazer uma viagem de ida e volta pelo Oceano Atlântico, pulsando ao longo de milhares de quilômetros de cabos subaquáticos de fibra óptica antes de acabar apenas a alguns quilômetros de onde começou, ou até mesmo na própria casa de onde foi enviada! Isso era, de certa forma, um triunfo da abstração ou uma loucura generalizada?
Nós, pessoas comuns, não temos ideia sobre o desvio intercontinental que a internet faz. Em sua rede de redes, as trocas na Internet são portais onde muitas redes estão ligadas umas às outras; trilhões de trocas conectam e ativam dispositivos que nem imaginamos, dentro de nossas comunicações. À medida que a internet cresceu, as trocas se tornaram mais numerosas e muito mais impressionantes, permitindo níveis de desempenho que teriam sido impensáveis usando tecnologia antiga, de 25 anos atrás.
Esses avanços acumulados chegaram ao ponto que nos encontramos hoje, da possibilidade de uma computação que esteja no ápice de seu desenvolvimento, processando os dados na maior velocidade possível, dentro do que tem se chamado de edge computing, ou computação de borda.
A borda é onde a internet encontra o mundo real. É onde os dados são produzidos e consumidos. É também onde grande parte de suas informações é processada pelos superchips nos dispositivos, em uma operação que tem se tornado comum e esse uso é suficientemente satisfatório. Para outros usos, como treinar modelos de IA, fazer a previsão do tempo e ou animar e renderizar imagens de computação gráfica para filmes, a capacidade gigantesca de nossos celulares ou notebooks pessoais é ínfima, e buscam avançar ainda mais a borda, partir para a nuvem.
No entanto, poucos sabem o risco que podemos estar criando, na medida em que os dados da borda estão em centros de computação especializados, que nem sabemos onde estão situados. A desconexão é sempre um risco, afinal, quem controla o espaço físico que a internet ocupa?
A conexão atual é de 65 milissegundo. Promessas futurísticas, como o metaversos e carros autônomos, precisariam de 20 milissegundos, ou menos. Isso significa que para cumprir essas demandas é preciso distribuir, não apenas a conectividade e o armazenamento de dados em todo o sistema, mas também aumentar a quantidade de poder de processamento e, portanto, os riscos cibernéticos. Por fim, nos tornando ainda mais dependentes da internet.
Quando estaremos nessa borda do amanhã é a grande questão. Talvez em 25 anos, mas provavelmente menos.
Luis Norberto Pascoal é empresário e presidente da Fundação Educar