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Home Colunistas

O uso de terapias sem evidências científicas na prática médica – por Carmino de Souza e Clarissa Vasconcellos de Souza

Carmino de Souza Por Carmino de Souza
21 de abril de 2025
em Colunistas
Tempo de leitura: 6 mins
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O uso de terapias sem evidências científicas na prática médica – por Carmino de Souza e Clarissa Vasconcellos de Souza

Foto: Freepik

Nos últimos anos, assistimos a um fenômeno preocupante no universo da saúde: a crescente adesão de profissionais médicos a métodos e terapias sem respaldo científico sólido, muitas vezes sob a justificativa do princípio da autonomia médica. Essa prática, que em sua essência deveria garantir decisões informadas e personalizadas para cada paciente, tem sido distorcida para validar intervenções sem evidências concretas de eficácia ou, pior ainda, sem estudos de segurança. Essa tendência vem colocando a saúde dos pacientes em risco, enquanto impulsiona um mercado milionário.

O princípio da autonomia médica é uma base ética importante na medicina, permitindo que o profissional tome decisões individualizadas com base nas necessidades e consentimento do paciente. No entanto, o mau uso desse princípio tem gerado abusos, como a prescrição de terapias consideradas como “pseudociência”, incluindo o uso indiscriminado de hormônios, tratamentos “detox” ou suplementações questionáveis. Ao invés de servir ao paciente, essa autonomia distorcida frequentemente atende a modismos e a interesses financeiros.

Por exemplo, a chamada “hormonologia”, um termo amplamente associado à prática de reposição hormonal sem critérios rigorosos, tem ganhado adeptos entre médicos e pacientes. Essa abordagem promete resultados como rejuvenescimento, aumento da vitalidade e até prevenção de doenças crônicas, mas frequentemente ignora os riscos associados, como câncer, eventos cardiovasculares e outros efeitos adversos.

Muitos desses tratamentos são realizados fora dos protocolos estabelecidos, com base em estudos isolados ou sem respaldo científico adequado.

Um exemplo emblemático dessa prática é o uso indiscriminado de implantes hormonais subcutâneos contendo gestrinona, testosterona e estradiol, indicados para tratar síndromes climatéricas, endometriose e até mesmo para benefícios questionáveis, como ganho de disposição física, melhora do desempenho sexual e aumento da massa muscular. Apesar de serem apresentados como uma solução prática e eficaz, esses implantes têm sérios problemas que raramente são discutidos de forma transparente.

Primeiramente, a falta de padronização no uso e na dosagem desses implantes é alarmante. Muitos pacientes acabam recebendo doses hormonais muito superiores às necessárias, expondo-se a efeitos colaterais graves, como alterações no ciclo menstrual, acne severa, aumento de pelos, mudanças de humor e até efeitos cardiovasculares. Além disso, o uso prolongado ou repetido pode causar alterações metabólicas e hepáticas, muitas vezes irreversíveis. Um dado alarmante é que os poucos estudos randomizados realizados com implantes hormonais precisaram ser suspensos devido à alta incidência de efeitos adversos nos participantes. Esses resultados reforçam a preocupação com a falta de segurança e com os riscos que os implantes oferecem, especialmente porque muitos deles são aplicados em contextos fora das indicações aprovadas pelas principais autoridades reguladoras de saúde.

Ainda mais preocupante é o fato de existirem formas orais de reposição hormonal que, quando necessárias e bem indicadas, apresentam maior segurança, além de serem significativamente mais baratas do que os implantes hormonais. A via oral, respaldada por estudos de longo prazo, permite maior controle sobre a dose e possibilita ajustes imediatos, enquanto os implantes, uma vez inseridos, tornam quase impossível corrigir possíveis excessos ou reações adversas de forma ágil. Mesmo assim, por motivos financeiros ou por apelo mercadológico, a alternativa dos implantes continua sendo promovida como a solução “ideal”, ainda que isso vá contra as melhores práticas médicas.

Outra prática que tem ganhado popularidade em consultórios sofisticados, mas igualmente questionáveis, é a chamada “soroterapia”. A técnica consiste na administração intravenosa de misturas contendo vitaminas, antioxidantes, minerais e outros compostos que prometem benefícios variados, como melhora da imunidade, rejuvenescimento, aumento de energia e até alívio do estresse.

Apesar de ser apresentada como uma solução quase “milagrosa”, a soroterapia carece de respaldo científico robusto. A maioria das condições para as quais essas infusões são indicadas poderia ser tratada de maneira mais eficaz – e segura – com mudanças no estilo de vida ou abordagens nutricionais simples. Além disso, os riscos associados à administração intravenosa, como infecções, reações adversas e sobrecarga de substâncias no organismo, são frequentemente ignorados ou minimizados. O cenário se torna ainda mais alarmante quando observamos que muitos profissionais que oferecem a soroterapia não têm especialização ou expertise na área em que atuam. Em vez disso, participam de cursos rápidos – frequentemente voltados mais para estratégias de venda do que para embasamento técnico-científico – onde aprendem a comercializar pacotes de terapias por valores exorbitantes.

A prática se apoia em uma lógica perversa: quanto maior o investimento prometido, maior a percepção de qualidade por parte dos pacientes, mesmo que o retorno seja nulo ou, em alguns casos, prejudicial. Para completar, muitos desses consultórios utilizam termos chamativos que não representam especializações reconhecidas pela medicina, como “medicina de longevidade”, “modulação hormonal” ou “terapia detox”. Esses jargões servem apenas para atrair um público vulnerável, disposto a pagar preços altos pela promessa de um bem-estar impossível de ser entregue.

Outro reflexo dessa prática questionável é a popularização de exames médicos sem indicação precisa. Hoje, não é raro encontrar clínicas e laboratórios promovendo pacotes de check-ups amplos, incluindo exames genéticos, dosagens hormonais ou marcadores inflamatórios que, em grande parte dos casos, não têm relevância clínica.

O problema é que, ao realizar exames sem critérios claros, os resultados podem levar a um fenômeno conhecido como overdiagnosis (diagnósticos excessivos), onde condições benignas ou variações naturais do organismo são interpretadas como problemas médicos. Isso frequentemente desencadeia uma cascata de tratamentos desnecessários, expondo pacientes a riscos e custos desproporcionais. O conceito de prevenção quaternária – que visa proteger o paciente de intervenções médicas excessivas ou desnecessárias – parece ter sido deixado de lado em favor de práticas mais lucrativas.

Os termos “medicina integrativa”, “anti-aging” e afins têm se tornado verdadeiros carros-chefes de uma indústria que mistura ciência e pseudociência. Embora a medicina integrativa tenha como proposta combinar tratamentos convencionais e complementares baseados em evidências, na prática, o termo tem sido usado para legitimar terapias alternativas sem comprovação científica, como ozonioterapia, dietas extremas e suplementações mirabolantes.

Já o mercado de medicina anti-aging tem movimentado cifras astronômicas ao explorar o medo do envelhecimento. Produtos e tratamentos prometem retardar o tempo, mas frequentemente carecem de validação científica. Pior, muitas dessas práticas – como o uso indiscriminado de hormônios e suplementações de alta dose – podem acelerar processos de envelhecimento ou gerar problemas de saúde. A adoção dessas práticas coloca os pacientes em um cenário de vulnerabilidade. Muitos buscam orientação médica confiando na expertise do profissional, mas acabam sendo expostos a terapias que podem causar mais malefícios do que benefícios. Além disso, a disseminação de informações questionáveis, frequentemente promovidas em redes sociais e plataformas digitais, contribui para a confusão do público, que nem sempre tem ferramentas para distinguir ciência de pseudociência.

O cenário atual exige uma reflexão ética e científica por parte da classe médica e das instituições reguladoras. É fundamental que o princípio da autonomia médica seja exercido com responsabilidade, priorizando a saúde e a segurança dos pacientes.

Além disso, a promoção da prevenção quaternária deve ser reforçada, garantindo que intervenções sejam realizadas apenas quando absolutamente necessárias e baseadas em evidências robustas. Enquanto a medicina continuar flertando com práticas pseudocientíficas em busca de lucro ou modismos, a confiança entre pacientes e profissionais estará em risco.

Cabe a todos – médicos, instituições e sociedade – lutar para que a medicina volte a se fundamentar no que ela tem de mais valioso: a ciência.

 

Carmino Antônio De Souza é professor titular da Unicamp. Foi secretário de saúde do estado de São Paulo na década de 1990 (1993-1994) e da cidade de Campinas entre 2013 e 2020. Secretário-executivo da secretaria extraordinária de ciência, pesquisa e desenvolvimento em saúde do governo do estado de São Paulo em 2022 e atual Presidente do Conselho de Curadores da Fundação Butantan. Diretor científico da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) e Pesquisador Responsável pelo CEPID-CancerThera-Fapesp.

 

Clarissa Vasconcellos De Souza é médica e fisioterapeuta com residência médica em saúde da família e comunidade bem como mestrado e doutorado em Clínica Médica pela UNICAMP. Atua na rede de atenção básica.

 

Tags: Carmino de SouzaciênciacolunistasestudosHora CampinasInovaçãomedicinapacientespesquisasaúdetratamentos
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